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29/01/2013 - 08:08

Largo da Carioca recebe Carretinha da Saúde

O que é hanseníase? Como a doença é transmitida? Como se prevenir? Como identificar os seus sintomas e, o mais importante, como realizar o tratamento? Todas essas perguntas serão respondidas nesta terça-feira [29 de janeiro], durante ação da Carretinha da Saúde no Largo da Carioca, de 9h às 16h. A ação, que é promovida pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) em alusão ao Dia Mundial de Combate à Hanseníase, lembrado no último domingo, 27 de janeiro, vai promover o diagnóstico imediato da doença e encaminhar os pacientes identificados ao tratamento. Além disso, em linguagem lúdica, por meio de uma peça de teatro, vai difundir informações a favor da saúde e contra o preconceito.

A hanseníase tem cura, o tratamento é gratuito, está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e a administração dos medicamentos interrompe a transmissão da doença em 48 horas. Neste cenário, o Brasil teria todas as condições para eliminar a hanseníase. No entanto, o país segue ocupando o primeiro lugar no ranking mundial de prevalência da doença – somente em 2011, 30 mil novos casos foram identificados em todo o território nacional, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

Diante deste quadro, o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, ressalta que a informação é a melhor estratégia para reduzir a incidência da hanseníase na população brasileira e combater o preconceito que ainda envolve a doença. “Apesar de a hanseníase ter elevados índices de cura, o Brasil ainda é o primeiro país no ranking mundial de prevalência da doença. Esta triste realidade é fortemente influenciada pelo preconceito, que afasta pacientes do diagnóstico e das unidades de saúde. Por isso, a informação é o melhor remédio”, avalia.

Além do diagnóstico da hanseníase e da difusão de informações sobre a doença, a ação realiza atividades lúdicas para a promoção da saúde e da cidadania, como apresentações de teatro, sempre com ênfase no combate ao preconceito. Para Artur, a articulação entre saúde e cidadania é o diferencial da Carretinha da Saúde. “Não basta prevenir, diagnosticar e tratar a doença. É preciso cuidar das pessoas e, para isso, é urgente eliminar o preconceito que persiste contra os pacientes”, considera o coordenador nacional do Morhan.

Unidade móvel equipada com três ambulatórios e palco para realização de atividades lúdicas, a Carretinha da Saúde vem contribuindo para a promoção da saúde e da cidadania em todo o Estado do Rio de Janeiro. Em 2012, o projeto – que é fruto de uma parceria do Morhan com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e Secretarias Municipais de Saúde, através do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS RJ) e da ONG RIOSOLIDÁRIO – recebeu o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil (ODM Brasil), concedido a iniciativas que contribuem para o cumprimento, até 2015, dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Uma doença marcada pelo preconceito e pela segregação social-No Brasil, até a década de 1980, a lei federal nº 610 de 13 de janeiro de 1949 recomendava o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase em colônias, chamadas à época de leprosários. A mesma lei ordenava a entrega dos bebês de pais com hanseníase à adoção, o que levou à separação de milhares de famílias. Esta situação perdurou até 1986, quando os antigos hospitais colônias foram transformados em hospitais gerais. “Os muros foram derrubados, os portões abertos, mas a luta pelo reencontro destas famílias ainda continua”, revela o coordenador nacional do Morhan, o conselheiro nacional de saúde Artur Custódio.

Envolvido na promoção da saúde e da cidadania de pacientes com hanseníase e seus familiares, o Morhan desenvolve um extenso trabalho na busca de reunir as famílias separadas pelo isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase e de reparar os danos causados por esta política. Um trabalho importante realizado nesta área é a mobilização para a aprovação, pela presidente Dilma Rousseff, de legislação que garanta a indenização dos filhos separados de seus pais, conforme recomendação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Artur informa que a lei federal 11.520, de 18 de setembro de 2007, dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas ao isolamento compulsório. A indenização prevista pela lei corresponde à pensão vitalícia de R$ 750, garantia de fornecimento de próteses e realização de intervenções cirúrgicas e assistência à saúde por meio do SUS. “Porém, as medidas não se estendem aos filhos das pessoas submetidas ao isolamento compulsório. Por isso, desde 2010, o Conselho Nacional de Saúde recomenda a aprovação de uma medida provisória que estenda as ações de reparação e indenização aos filhos separados dos pais durante a fase do isolamento compulsório de pacientes com hanseníase”, informa o coordenador nacional do Morhan.

Para reverter este quadro, o movimento social, apoiado por artistas como Ney Matogrosso, Elke Maravilha e instâncias como a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, vem promovendo audiências públicas em todos os Estados brasileiros, com o objetivo de fortalecer o debate sobre o tema e a reivindicação da medida provisória.

O que é hanseníase? A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e pode ser paucibacilar (PB) – quando o paciente apresenta de uma a cinco manchas pelo corpo – ou multibacilar (MB) – quando são encontradas mais de cinco manchas. Quando são paucibacilares, os pacientes não transmitem a doença. Os multibacilares sem tratamento, porém, podem transmitir o bacilo através das secreções nasais ou saliva. Pacientes em tratamento regular e pessoas que já receberam alta não transmitem a doença. O período de incubação, da infecção à manifestação da doença, tem duração média de três anos e a evolução do quadro clínico depende do sistema imunológico do paciente. Por essa característica, a hanseníase é mais comum em populações de baixa renda, desprovidas de condições adequadas de moradia, trabalho e transporte que tendem a contribuir para a disseminação do bacilo da doença para um número maior de pessoas.

Sintomas -Manchas brancas ou avermelhadas sem sensibilidade para frio, calor, dor e tato; Sensação de formigamento, dormência ou fisgadas; Aparecimento de caroços e placas pelo corpo; Dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; Diminuição da força muscular.

Diagnóstico -A identificação da doença é essencialmente clínica, feita a partir da observação da pele, de nervos periféricos e da história epidemiológica. Excepcionalmente são necessários exames laboratoriais complementares, como a baciloscopia ou biópsia cutânea.

Tratamento -A hanseníase tem cura e quando tratada em fase inicial não causa deformidades. O tratamento, denominado poliquimioterapia (PQT), é gratuito, administrado via oral e está disponível em unidades públicas de saúde de todo o Brasil. Para pacientes que apresentam a forma paucibacilar (PB) da doença, a duração do tratamento é de seis meses e para os que apresentam a forma multibacilar (MB), o tratamento dura um ano. Concluído o tratamento com regularidade, o paciente recebe alta e é considerado curado.

Hanseníase no Brasil -De acordo com o Ministério da Saúde, 30 mil novos casos de hanseníase foram identificados no país em 2011 – o que significa uma redução de 15% em relação ao ano anterior. Entre menores de 15 anos a redução foi de 11%. Apesar do avanço, a eliminação da hanseníase ainda é um desafio à saúde pública brasileira. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o coeficiente de prevalência da doença corresponda a menos de dez casos por cada 100 mil habitantes – em 2011, o Brasil registrou o coeficiente de 17,65 casos novos por 100 mil habitantes.

.[Carretinha da Saúde no Largo da Carioca: ação promove diagnóstico imediato da hanseníase, encaminhamento de pacientes ao tratamento e atividades de educação em saúde, dia 29 de janeiro (terça-feira), das 9h às 16h,no Largo da Carioca, em frente à cabine da Polícia Militar].

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