Por que a Agnelo está sempre fazendo ações sociais?

No passado, antes de ter a Agnelo, minha agência, eu sempre procurava incentivar os clientes para que promovessem ações sociais que atendessem, principalmente, às classes mais carentes. Murillo Macedo, presidente do Banespa na ocasião, estava aberto a estas propostas e pudemos, então, desenvolver um comercial de Natal em que idosos, em asilos, falavam sobre o que era “Papai Noel” para eles. O comercial, gravado em Taubaté, foi ao ar em programação nacional e, dias depois, eu ganhei aquele que considero o maior prêmio que a propaganda me deu: três senhoras do Rio, ao verem o comercial, reconheceram o pai que estava desaparecido há mais de dez anos. Contaram na época que, com problemas de saúde, ele saiu de casa, no Rio de Janeiro, foi para a rodoviária, entrou num ônibus e desceu na Via Dutra perto de Taubaté. Sem memória e sem nenhuma identificação, foi recolhido por um asilo. E foi justamente aquele comercial que permitiu o reencontro com o qual as filhas sonhavam há anos.

Na Agnelo, além de atender várias entidades, encontramos num cliente chamado OAB SP, por meio de seu presidente à época, Luiz Flávio Borges D’Urso, sensibilidade para que pudéssemos fazer campanhas contra a pedofilia, a violência sofrida pelas mulheres em suas próprias casas, o abandono de idosos e dezenas de outras situações que são grandes problemas sociais e que a propaganda tem o dever de denunciar, e a OAB SP, apoiar.

Por isso que todas as mensagens de Natal da Agnelo têm finalidade social. Em dezembro do ano passado, separamos três hospitais que acolhem crianças muito carentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e promovemos, em cada um deles, uma festa de Natal, com show, Papai Noel e entrega de brinquedos.

Por que eu penso que todo publicitário precisa ter uma ação social? Por um motivo que sempre me incomodou: cada vez que anunciamos na TV, por exemplo, um chocolate, um sorvete, um novo fogão ou um novo carro, nossas mensagens estão entrando, indiscriminadamente, em todas as casas. Estão despertando o desejo de quem nem pode chegar perto de tudo isto. Então, nada mais lógico e obrigatório que você desenvolva ações sociais ao longo da sua carreira. Elas não vão resolver um problema social que é sempre muito grande, mas podem, por alguns momentos, minorar o sofrimento de muita gente.

.Por: Agnelo Pacheco, publicitário, iniciou sua carreira em 1970, e depois de trabalhar em parceria com profissionais de renome do mercado publicitário, abre a agência Agnelo Pacheco em 1985. Muitas campanhas de destaque foram e são criadas pela agência, entre elas “Tomou Doril – a dor sumiu”, “All Star - it´s all” e Hope – “a calcinha que mexe com os homens”.