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26/10/2007 - 08:35

Esforço de suecos e brasileiros garantiu a instalação da fábrica da Volvo no Brasil

Muito antes de o príncipe Bertil, da Suécia, participar da cerimônia de colocação da pedra fundamental da fábrica da Volvo, em abril de 1977, suecos e brasileiros vinham gestando o projeto de construir uma fábrica de caminhões e ônibus da marca no Brasil. Primeira unidade fabril do Grupo sueco Volvo nas Américas, a planta brasileira começou a ser erguida num momento marcante da história brasileira recente: era o auge do milagre econômico, e o declínio do regime militar.

O grupo Volvo já estava prospectando mercados importantes onde não tinha fábricas, como os Estados Unidos e o Brasil. Mas o levantamento de informações e dados sobre o mercado, os estudos e pesquisas começaram no início da década de 70.

Em 1972, os seucos Tage Karlsson, da área de planejamento de produto, e Anders Levin, responsável pela área de caminhões, vieram ao Brasil para pesquisar o mercado. A viagem que fizeram para conhecer o país ficou memorável. Os dois rodaram pelas estradas brasileiras em um fusca, durante três semanas, do Rio de Janeiro a Belo Horizonte, da capital mineira para São Paulo e daí para o Sul, em direção a Porto Alegre, passando por Curitiba.

A pesquisa incluía dados sobre a economia brasileira, o estado da frota de veículos comerciais, estatísticas e uma infinidade de elementos e informações que compuseram um minucioso relatório apresentado na matriz. Para coletar informações, chegaram a parar na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, para contar o número de caminhões que passavam, anotando marcas, capacidade de carga e o estado geral dos veículos.

Pesados para o Brasil - Nesse período, nas estradas brasileiras rodavam milhares de caminhões médios e leves. Tage Karlsson sabia que o país precisava mudar o perfil de sua frota e elevar a participação dos caminhões pesados no setor. Caminhões com maior capacidade de carga representavam uma série de vantagens: mais segurança e menos poluição por conta do menor número de veículos nas estradas e, principalmente, mais economia no custo do transporte, uma vez que cada caminhão pesado leva o equivalente de carga de dois caminhões menores. Terminado, o relatório recomendava instalar uma fábrica no Brasil.

Os estudos dos executivos levavam em consideração implantar a unidade em Campinas (SP). Por conta do desejo do governo federal de descentralizar o parque industrial, pensou-se também em Belo Horizonte e em Porto Alegre.

No final de 1973, o então presidente do Banco de Desenvolvimento do Paraná (Badep), Karlos Rischbieter, que depois viria a ser ministro da fazenda, foi a Gotemburgo, sede mundial da Volvo, tentar convencer Karlsson a trazer a fábrica para Curitiba. A Volvo postergou a decisão a pedido de Rischbieter, que viria ser um dos principais personagens do movimento para levar a fábrica para o Paraná.

A conversa rendeu frutos anos depois, quando a Volvo resolveu optar por Curitiba, principalmente por causa da proximidade do Porto de Paranaguá e dos fornecedores de autopeças de São Paulo. Rischbieter lembra que, neste trabalho, houve também um grande esforço do prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, e dos governadores do Paraná, Emílio Gomes e Jaime Canet.

O presidente da República, João Figueiredo, inaugurou a fábrica oficialmente a quatro de dezembro de 1980. A produção, no entanto, havia começado antes, em 1979, com a montagem de motores e chassis de ônibus. Tage Karlsson, o homem que cruzou parte do Brasil em um fusca para conhecer o setor de transporte no país, se tornaria o primeiro presidente da Volvo do Brasil. E a novata Volvo viria a dar o início ao segundo pólo automotivo do Brasil, inclusive desenvolvendo dezenas de fornecedores locais, alguns deles atualmente exportando componentes para fábricas da marca de todo o mundo.

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