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15/02/2013 - 08:42

Gargalo na capacidade dos terminais pode comprometer abastecimento de derivados, aponta ANP

Apesar de não se vislumbrar risco de desabastecimento sistêmico, ele pode ocorrer pontualmente, como mostraram alguns episódios ocorridos em 2012. O problema está no crescimento na demanda de combustíveis e derivados no Brasil que desafia a otimização da infraestrutura de logística para o desembarque.

A Agência Nacional de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou no dia 14 de fevereiro (quinta-feira), o estudo "Evolução do mercado de combustíveis e derivados: 2000-2012". O informe analisa o comportamento recente da demanda de combustíveis e derivados [óleo diesel, nafta, QAV, GLP, gasolina e etanol] no cenário nacional, bem como as perspectivas de ampliação da capacidade de oferta. Destaca os fatores que causaram as oscilações e tendências em cada um dos mercados e suas consequências para o abastecimento nacional e a balança comercial.

De acordo com a reguladora do setor, a análise do comportamento recente da demanda e da capacidade de oferta dos produtos no estudo tem como objetivo contribuir para o enriquecimento da capacidade de previsão de curto e médio prazo. O informe visa ainda avaliar se os fatores explicativos usualmente empregados neste tipo de análise são ainda boas referências, ou se novos elementos precisam ser levados em consideração, apontando, assim, novas linhas de estudo a serem desenvolvidas.

“As recentes e crescentes dificuldades para a garantia do abastecimento de derivados de petróleo no Brasil suscitam a busca de soluções de curto e longo prazo, as quais dependem de investimentos e incentivos visando à ampliação da oferta, à redução da demanda e à otimização da infraestrutura de logística”, diz o estudo.

“Ademais, os cenários que preconizavam expectativas de autossuficiência, e mesmo de exportação de derivados, no horizonte de 2020, parecem definitivamente ultrapassados. Ao contrário, a dependência das importações tem se ampliado e gerado efeitos perversos sobre a balança comercial do país”, critica a ANP.

“Tais dificuldades revelaram, ainda, que parte significativa do problema de abastecimento tem raízes em fatores que caracterizaram a recente evolução do comportamento da demanda de combustíveis e derivados no Brasil. Alguns desses fatores são largamente conhecidos, outros merecem ser melhor investigados, a fim de se garantir a segurança do abastecimento”, continua a análise.

Em síntese, a ANP avalia que de modo geral, viu-se que os fatores explicativos tradicionais respondem relativamente bem a previsões de mais longo prazo, mas não são suficientes para antecipar alguns movimentos bruscos na demanda por derivados, cujo impacto sobre a balança comercial e o abastecimento nacional podem ser significativos.

“Da análise dos dados de importação depreende-se que a necessidade logística para desembarque dos derivados aumentou 70% em apenas três anos (2008 a 2011), e essa tendência deve ser mantida, caso não se alterem as condições de oferta doméstica e de crescimento da demanda verificadas nos anos recentes, uma vez que terminais, bases e refinarias estão no limite de capacidade. Apesar de não se vislumbrar risco de desabastecimento sistêmico, ele pode ocorrer pontualmente, como mostraram alguns episódios ocorridos em 2012”, observou a reguladora do setor de combustíveis.

O quadro descrito permite a eleição de alguns pontos críticos para a evolução do mercado de combustíveis e derivados e para a garantia do abastecimento, cujo acompanhamento se faz necessário para a melhor compreensão do mercado como um todo: O gargalo na capacidade dos terminais é bastante relevante, especialmente devido ao aumento do volume de importação de diesel e gasolina, que passaram a competir por espaço.

A menor previsibilidade trazida pela popularização dos veículos de tecnologia flex-fuel coloca novos desafios para a capacidade de armazenamento e a eficiência na distribuição de gasolina, além dos já mencionados efeitos negativos sobre a balança comercial.

Parte do coque produzido será consumida nas próprias unidades das refinarias, para geração de hidrogênio e energia. 23 Em 2012, houve problemas no Paraná e em cidades do interior de São Paulo (Bauru, Araraquara). Os navios não puderam atracar no porto de Rio Grande, e não havia disponibilidade suficiente de caminhões para abastecer aqueles mercados.

“A nafta, que sempre dependeu de importações, acentuou fortemente essa condição nos últimos anos, o que pode estar relacionado com o fato mais marcante de todo o período analisado, que é a reversão da condição do Brasil de exportador líquido para importador líquido de gasolina”, acredita a ANP.

De acordo com a ANP, o alívio no volume de importações de gasolina depende da recuperação da produção de etanol, bem como do direcionamento para o mercado interno dessa produção adicional. No momento, porém, há sinais econômicos apontando para o incentivo à exportação de etanol em 2013, mesmo em um cenário de reajustes dos preços da gasolina.

O diesel, que responde individualmente pelo maior volume de importações, e também pelo maior déficit comercial, pode trazer complicações adicionais para a logística de abastecimento com a penetração do S10 no mercado, que requer ativos dedicados para armazenagem e transporte24. Problemas de contaminação do novo diesel ao longo da cadeia, deixando-o fora das especificações estabelecidas pela ANP, poderão se revelar como fontes adicionais de estresse logístico para o abastecimento nacional.

“As perspectivas de evolução da capacidade do parque de refino nacional não aliviam as pressões de curto prazo sobre a importação de derivados, e são dúvida mesmo em prazo mais longo, devido à indefinição sobre a realização de alguns projetos. Deve-se frisar que a lógica econômica incentiva a Petrobras, em contextos de escassez de recursos, a postergar os investimentos no downstream, para não prejudicar o andamento dos projetos mais rentáveis do upstream, sobretudo aqueles relacionados ao desenvolvimento dos campos da camada pré-sal”,sugere ANP.

“Investimentos em eficiência energética no setor de transportes, ainda que não sejam uma resposta para o aumento do consumo no curto prazo, são uma alternativa adicional para contrabalançar o crescimento da demanda”, indica.

“2013 deve ser marcado ainda pela recuperação das vendas de veículos pesados, o que deverá elevar o ritmo de crescimento da demanda de diesel com baixo teor de enxofre. Em 2012 houve queda substancial das vendas em razão do aumento do custo de aquisição dos veículos com os novos motores e antecipação das compras em 2011 e início de 2012”, concluiu o estudo.

.[Estudo completo com ilustrações gráficas: http://www.anp.gov.br/?dw=64307].

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