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27/10/2007 - 08:54

Moinhos do Brasil aguarda eleição argentina para compras da safra 2007/2008

São Paulo - A indústria de trigo do Brasil, que já gastou este ano 1 bilhão de dólares em importações do cereal da Argentina, espera pela conclusão da eleição no país vizinho para realizar com clareza o plano de compras da safra 2007/08, disseram presidentes de empresas.

As pesquisas apontam que a primeira-dama da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, deverá vencer as eleições no domingo já no primeiro turno, e, assim, os moinhos brasileiros acreditam que o principal fornecedor de trigo volte a liberar as licenças de exportação do grão, suspensas desde março.

A Argentina, com objetivo de controlar a inflação em meio à alta das commodities, suspendeu novas licenças de exportação para garantir o abastecimento interno. E as importações realizadas pelo Brasil desde março foram feitas apenas com papéis emitidos antes da suspensão, já esgotados.

"A primeira coisa que esperamos é a liberação de registros. Se a Cristina não ganhar no primeiro turno, vai prorrogar nossa agonia, de não saber o que fazer", disse Luiz Martins, presidente do moinho Anaconda e presidente do sindicato da indústria do trigo de São Paulo.

Martins acredita que, se houver segundo turno, o governo argentino vai demorar ainda mais para tomar uma decisão sobre os registros da safra nova do país, ou mesmo sobre eventual aumento na tarifa de exportação. Ele acredita que o governo atual hesitaria em realizar mudanças que possam ser vistas de forma negativa por setores do país.

O mercado especula que o governo liberaria licenças após as eleições, mas elevaria a tarifa para aumentar receitas e ao mesmo tempo reduzir o apetite exportador, o que poderia desagradar produtores e explicaria a demora para a decisão.

"Seja quem ganhar (a eleição), vai ter que abrir a exportação", declarou Martins, de olho na colheita do cereal argentino, que ganhará força nos próximos meses.

Segundo ele, "está em cima da hora" para se programar compras, principalmente para os moinhos do Nordeste, região que conta menos com o trigo nacional e mais com o importado, pois a área produtora está distante, no Sul do Brasil.

A situação dos moinhos do centro-sul só não é mais preocupante porque o Brasil está no período de colheita, que deve ficar em cerca de 3,5 milhões de toneladas, para um consumo anual de aproximadamente 10 milhões de toneladas.

A safra nacional, que começou a chegar ao mercado em setembro, reduz a necessidade do produto importado imediatamente, mas se a decisão do governo argentino se prolongar, os moinhos terão de buscar em outros países, às vezes pagando taxas de importações não existentes no Mercosul.

"Eles (argentinos) sempre foram fornecedores naturais do Brasil... Se não comprar da Argentina, vou comprar dos Estados Unidos, do Canadá, e depois, vou ficar com o mico na mão...".

Entre janeiro e setembro, o Brasil importou da Argentina 5 milhões de toneladas, ante 4,5 milhões no mesmo período do ano passado. As importações cresceram porque a safra anterior brasileira foi fortemente prejudicada pelo clima.

Além disso, diante da suspensão dos registros e da quebra da produção anterior, moinhos já fizeram compras atípicas e mais caras fora do Mercosul este ano, importando até agora do Canadá e dos EUA um volume de quase 400 mil toneladas.

Incertezas reduzem negócios - "Tudo indica que depois das eleições o governo argentino retorne a emissão de registros", disse Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico, outra grande empresa do setor no Brasil.

Mas ele lembrou que, com os registros suspensos, os negócios da colheita futura argentina estão atrasados, e as exportações contratadas giram em torno de 2,5 milhões de toneladas, de uma safra que deve ser de cerca de 15 milhões.

"Em novembro, no mínimo 4 milhões de toneladas normalmente já teriam sido vendidas para o Brasil e outros destinos", disse Pih, apontando que os argentinos deixaram de negociar mais em momentos de alta no mercado devido às incertezas.

Um outro trader de uma multinacional que atua no Brasil e na Argentina está mais preocupado. "A questão é: será que ela ganha no primeiro turno? Será que o secretariado já está pronto para tomar uma decisão ou não? Ou vai entrar uma nova equipe?"

"Há a incerteza de quando, quem e como vai ser decidido isso. Se as licenças vão ser por cotas, se vão ser mensais, por volume...", disse a fonte, que espera uma decisão até 15 de novembro, quando começam as primeiras importações da safra. | Por: Roberto Samora/Reuters.

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