Direitos Humanos

Nascer pobre num país pobre pode ser considerada uma das piores alternativas para qualquer ser humano, mas pode ser agravado. Basta adicionarmos a essa trágica condição um ingrediente mais pernicioso: a deficiência mental.

Lidar com as enfermidades da psique tem sido um desafio insolúvel na maioria das nações. Inclusive naquelas que ostentam elevados índices de desenvolvimento humano (IDH). Porém, quando se trata de formular políticas públicas para solucionar o problema, surge a incapacidade e o pouco apreço pelos direitos humanos.

Famílias desestruturadas revelam-se incapazes de lidar com a problemática normal da convivência de seus membros, fato que piora com a presença de indivíduos com debilidades psiquiátricas. Mesmo supondo dificuldades, nossas inferências jamais se aproximarão da realidade. Vejamos o caso da Fazenda São Domingos em Conceição de Macabu, RJ- Brasil, fundada em 1940 para receber internos de famílias incapazes de lidar com a rebeldia de crianças e adolescentes, transformou-se num amontoado de seres abandonados.

O diagnóstico de distúrbios mentais era traço comum a maioria dos membros. Décadas se passaram e a promiscuidade gerou descendentes que confirmaram os problemas de seus progenitores. Sem contar que tais foram concebidos a partir de violência sexual, gravidez adolescente, e outras desconformidades. Cenário de horror e depressão, alternando surtos violentos com comportamentos de profundo sofrimento como a formação de uma inexplicável fila diante de um telefone público sem linha há anos em que cada interno aguarda pacientemente que outro comunique-se com uma mãe imaginária, marcando um reencontro que jamais acontecerá.

O desafio de reintegrar esse contingente ao contexto da comunidade de seu entorno, exige formulação de práticas voltadas à capacitação para o mundo do trabalho ao tempo em que se busca do ponto de vista médico, o tratamento das doenças e a mitigação de seus efeitos sobre a convivência coletiva.

.Por: Claudia Cataldi, jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade [email protected] | twitter.com/claudiacataldi