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02/03/2013 - 08:14

Parceria Brasil-Reino Unido traz cariocas do Royal Ballet ao Rio


Dançarinos cariocas se apresentam no Municipal com companhia britânica

Dançarinos cariocas se apresentam no Municipal com companhia britânica.

Quando as cortinas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro se abrirem nesta sexta-feira, a temporada 2013 do palco carioca será aberta com um pas de deux inédito Rio-Londres.

A parceria que leva primeiros bailarinos e solistas do Royal Ballet, a companhia de balé da Royal Opera House de Londres, para a casa de espetáculos no Rio é um dos primeiros passos de um acordo que visa à troca de experiências e aprendizado entre as duas instituições e à expansão da educação artística nos dois países.

Nesta semana, o diretor -executivo da Royal Opera House, Tony Hall, e a presidente do Theatro Municipal, Carla Camurati, assinaram o acordo, que prevê intercâmbios de experiências, espetáculos, educação e capacitação profissional, em Londres e no Rio, até 2016.

O Theatro Municipal se tornou o segundo parceiro internacional da Royal Opera House, espelhando um acordo semelhante estabelecido em 2008 com o National Centre for the Performing Arts, em Pequim.

A companhia britânica trouxe oito primeiros bailarinos (os principais da companhia) e três cantores líricos para apresentar, de sexta a domingo, o "Gala Royal Opera House", espetáculo que combina pas de deux (duetos de bailarinos) clássicos e contemporâneos e árias famosas, com participação da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal.

Thiago apadrinha projeto de escola de balé para crianças carentes -Os brasileiros Roberta Marquez e Thiago Soares, que se tornaram primeiros bailarinos do Royal Ballet em 2004 e 2006, respectivamente, são os que melhor personificam a ponte entre as duas instituições.

Crias do Municipal, Roberta e Thiago já voltaram ao Rio para se apresentar com o corpo de baile carioca, mas é a primeira vez que dançam em casa pela companhia britânica.

Para Roberta, esta será a primeira vez no palco do Municipal desde 2009, quando dançou o Quebra-Nozes com o corpo de baile do teatro.

"Estou doida para dançar. Amo esse teatro. Eu sou a bailarina que sou por causa desse teatro. Aprendi muito aqui", diz ela, descoberta no corpo de baile quando Natalia Makarova, lenda viva do balé, veio montar La Bayadère no Rio e a escolheu como solista. A russa depois a levou para a Royal Opera House.

Carioca de Jacarepaguá, bairro de classe média na zona oeste do Rio, Roberta conta que se encantou pelo balé quando foi levada pela mãe para ver o Lago dos Cisnes no Municipal, com apenas 6 anos, e viu Ana Botafogo dançar. Ela diz que o nervosismo é maior quando volta para este palco.

"Fico mais ansiosa quando danço aqui do que lá fora, porque a plateia que está no Brasil é a que me viu crescer. É uma emoção muito grande."

"Se eu estivesse começando hoje, não sei se eu teria a mesma vontade de ir embora (do país). Na minha época, eu tive que ir, porque a indústria era muito pequena."

Enquanto ajusta um tufo de algodão sobre os dedos dos pés para vestir a sapatilha de ponta, Roberta diz que já se acostumou ao frio de Londres e está estranhando os efeitos colaterais do calor carioca. "Meus pés estão inchados!", ri durante a entrevista à BBC Brasil.

Brasil 'bombando'-De resto, porém, o estranhamento que os dois bailarinos sentem ao voltar para casa é positivo. Thiago, que cresceu em São Gonçalo, município vizinho ao Rio, e já mora em Londres há 13 anos, afirma sentir otimismo sempre que volta ao Brasil, refletindo a percepção que tem lá fora de que o país está "bombando".

"A cada ano que eu venho, eu sinto uma grande diferença aqui. A indústria da dança está crescendo muito. Hoje temos musicais, temos peças de teatro com dança, temos companhias maravilhosas."

Hoje, a opção de sair do país não se apresenta mais como uma obviedade para profissionais em início de carreira, considera ele.

"Se eu estivesse começando hoje, não sei se eu teria a mesma vontade de ir embora (do país). Na minha época, eu tive que ir, porque a indústria era muito pequena. Não havia tantos papéis, tantas obras, tantos convidados. E não existia esse intercâmbio", diz, referindo-se à troca inaugurada entre a Royal Opera House e o Theatro Municipal.

Thiago começou a dançar com um grupo de street dance em São Gonçalo, seguindo os passos do irmão mais velho. O coreógrafo identificou seu talento e o levou para um Centro de Dança Rio, no bairro do Méier, na zona norte do Rio.

Hoje, o bailarino considera "fundamental" passar adiante a ajuda que teve. Ele é padrinho do projeto Ballet Santa Teresa, que atende a crianças e adolescentes carentes.

"Eu vou lá, dou aulas, converso com eles, dou um pouco do que eu aprendi e ajudo a desenvolver projetos, criar oportunidades para eles. Ajudo a trazer um pouco de mídia, patrocinadores. Tem que meter a mão na massa mesmo."

Para o bailarino, a vinda ao Rio com o Royal Ballet “é o começo da realização de um sonho” de trazer a companhia britânica "em peso" para a cidade.

"Com essa parceria entre o Royal e o Municipal, acredito que esse sonho vá se realizar em 2015. Esse é só um aquecimento, um programa reduzido comparado ao tipo de espetáculo que fazemos lá."|.Júlia Dias Carneiro/BBC Brasil.

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