Da universidade ao empreendedorismo: o matemático que hoje desenvolve sistemas para as maiores empresas do país

Muitas vezes os mundos acadêmico e corporativo parecem estar separados por barreiras claras, que acabam por distanciar a visão científica e a visão de mercado. Indo contra essa tendência e unindo conhecimentos e experiências tão complementares, a ideia de montar uma empresa especializada em sistemas analíticos de inteligência para logística e produção surgiu quando dois professores da área de matemática aplicada começaram a perceber o surgimento da demanda por sistemas de otimização de processos críticos nas companhias.

Assim nasceu a Gapso, companhia focada no desenvolvimento de softwares para a cadeia produtiva e logística, fundada através da iniciativa própria do professor Oscar Porto e seu amigo e também professor Marcus Poggi. Oscar nasceu na Argentina, onde estudou Matemática Aplicada na Universidade de Buenos Aires. Trocou sua terra natal pelo Brasil quando veio fazer seu doutorado na COPPE – UFRJ (Coordenadora de Programa da Pós-Graduação de Engenharia), e teve a oportunidade de vivenciar uma experiência no exterior através de uma bolsa de estudos da Universidade de Waterloo, Canadá.

Defendeu sua tese em 1991 e foi contratado em seguida pela PUC-Rio, onde atuou no Departamento de Engenharia Elétrica. Em 2000, Oscar iniciou seu projeto de criação da Gapso, que teve seus primeiros contratos com empresas do setor ferroviário e hoje atende às maiores empresas do país no setor de mineração, petróleo, transporte, papel e celulose, siderurgia e energia. Entre seus clientes estão Vale, Petrobras, Suzano, Votorantim Cimentos, MRS Logística, V & M do BRASIL, Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), Fibria, Raízen e CEMIG.

Por sete anos, Oscar conciliou ao mesmo tempo duas vidas aparentemente muito distintas: a de professor com a de empreendedor. “No começo, nós apresentávamos uma visão bastante científica dos problemas, que não é a maneira com a qual o mercado está acostumado a enxergá-los. Com o tempo, aprendemos a construir uma linguagem que, sem deixar de ser técnica, tivesse uma maior aproximação com o que os executivos estavam habituados. Sobretudo, aprendemos a entender e respeitar o imenso valor da experiência das pessoas que lidam com processos muito complicados todos os dias, tocando operações extremamente complexas, apagando vários ‘incêndios’ todo dia, muitas vezes, com pouquíssimo apoio de ferramentas apropriadas para fazer isso”.

A experiência acadêmica de Porto, que perdurou até 2007, foi fundamental para a criação da empresa: a formação rigorosa fez com que ele aprendesse a observar e lidar com as diferentes situações de seu dia a dia na Gapso com um olhar mais profundo. Além disso, o fato de lecionar contribuiu significativamente para a o desenvolvimento de uma didática e uma postura para a apresentação de ideias, soluções e pensamentos a interlocutores, sejam eles alunos e professores ou decisores de grandes empresas.

“Aprendemos a dialogar com essas pessoas, a entender seus desafios e problemas. Acredito que hoje eu tenha uma postura que é fruto da mistura da experiência na vida acadêmica, que me deu o rigor necessário para a pesquisa e a necessidade de aprimorar permanentemente a didática nas aulas e apresentações em congressos, com a experiência que fui adquirindo ao longo do tempo no mercado, especialmente a necessidade de entender, de maneira estruturada, processos tão diversos”.

“Nas muitas visitas que fazemos às empresas de diferentes setores da economia o nosso maior desafio é sempre compreender detalhadamente os processos produtivos e decisórios de cada uma delas e proporcionar uma visão estruturada dos mesmos que permita o desenvolvimento a implantação de ferramentas matemáticas de planejamento de maneira segura e sustentável.

Para isso, tentamos mergulhar no dia a dia dos responsáveis das operações, ouvir suas dificuldades para entender melhor o funcionamento de toda a estrutura; avaliamos também a maturidade do processo decisório, as ferramentas utilizadas no momento, as melhores oportunidades de ganhos e a disponibilidade de dados para, então, propor uma solução que consiga ser incorporada ao processo, otimizando a utilização dos recursos disponíveis e gerando valor concreto para a companhia”, revela.

Para Oscar, a tecnologia ainda é pouco divulgada e discutida no Brasil no meio empresarial. “Nosso desafio principal é fazer com que o empresariado entenda a importância dessa tecnologia, não apenas nas grandes companhias, mas também o impacto que ela pode ter nos resultados de empresas menores. Por isso, divulgar esse conhecimento é tão importante, pois permitirá que a tecnologia chegue a novos setores e a empresas de menor porte, que infelizmente ainda não possuem uma ideia muito clara de que também podem se beneficiar fortemente desses recursos”, afirma. Nos últimos dois anos, a Gapso apresentou um crescimento anual de 50% e espera continuar crescendo de 20% a 30% nos próximos.

A Gapso é uma empresa especializada no desenvolvimento de software de Supply Chain Planning focada em sistemas corporativos para planejamento analítico de alta qualidade. Flexíveis e amigáveis, as ferramentas da GAPSO incorporam a realidade da operação de cada cliente para fornecer planejamentos aderentes às complexas atividades de produção e logística em questão. Dessa maneira, os recursos envolvidos podem ser explorados em todo o seu potencial, aumentando a eficiência das operações e a rentabilidade da empresa. Entre os clientes da companhia estão grandes empresas como Vale, Petrobras, Suzano, Votorantim Cimentos, MRS Logística, V & M do BRASIL, Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), Fibria, CEMIG, dentre outras.