Pesquisa inédita revela sobrevida de quase 80% em pacientes com câncer de mama, ao final de cinco anos

Esta é a primeira pesquisa do país realizada em população geograficamente definida. Levantamento foi realizado pela FIDI – Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem em parceria com o Hospital Geral Vila Nova Cachoeirinha, referência em mastologia na cidade de São Paulo. População alvo: 58.467 mulheres acima de 40 anos dos bairros de Vila Nova Cachoeirinha, Brasilândia, Freguesia do Ó, Casa Verde e Limão.

A principal característica de um levantamento geograficamente definido é o fato da população, objeto da pesquisa, ser previamente delimitada para permitir um acompanhamento detalhado nas diversas fases do estudo e, assim, obter respostas mais robustas e precisas. No Brasil não havia nenhum estudo com essa característica que, por meio de informações do sistema público de saúde, apresentasse um panorama detalhado de informações como a incidência de determinada doença, expectativa de vida, novos casos, entre outros assuntos relevantes.

Neste cenário, a Dra. Simone Caetano, especialista em radiologia mamária da central de laudos da FIDI – Fundação Instituto de Pesquisa e Ensino de Diagnóstico por Imagem, em parceria com o Hospital Geral Vila Nova Cachoeirinha, referência em mastologia na cidade de São Paulo, realizou a primeira avaliação mamográfica em população geograficamente definida do país.

Num universo de mais de 58 mil mulheres foram avaliadas 7508 mamografias – cerca de 13% desta população - realizadas entre junho de 2004 e junho de 2005, com acompanhamento de um ano (até junho de 2006). Foram coletados dados relacionados à faixa etária, ao BIRADS® (método de padronização dos laudos para determinar a conduta a ser tomada após um diagnóstico de possível câncer de mama), às biópsias, às cirurgias, ao estadiamento (que determina o grau de desenvolvimento dos tumores) das pacientes com diagnóstico de câncer de mama.

Foram detectados 66 casos de câncer de mama. Esses casos especificamente receberam acompanhamento durante mais 5 anos, o que indicou uma sobrevida global das pacientes, ao final de cinco anos de 79,1%. Como medidas de associação o estudo revelou que a sensibilidade e a especificidade das mamografias foram de 93% e 98,1%, respectivamente. A taxa de reconvocação da mamografia foi de 9,7% e a taxa de detecção foi de 8,8 por 1000.

“Sabemos que o ponto para se interromper a progressão do câncer é crucial e as detecções precoces de tumores salvam vidas e possibilitam um tratamento menos radical. Obtivemos 62% de diagnósticos de tumores no estágio inicial nas pacientes assintomáticas. A progressão da doença na fase pré-clínica ocorre mais rápida em mulheres com menos de 50 anos. Na pesquisa observamos que as pacientes com tumores maiores e mais avançados tiveram menor sobrevida em cinco anos, assim como na literatura, mesmo com o pequeno número de pacientes neste grupo”, explica a Dra. Simone, que obteve o título de doutorado com a pesquisa.

O levantamento foi compilado a partir de uma população alvo de 58.467 mulheres (dados do IBGE), acima de 40 anos, dos bairros de Vila Nova Cachoeirinha, Brasilândia, Freguesia do Ó, Casa Verde e Limão. O objetivo do estudo é levantar parâmetros suficientes para que seja possível fazer comparações com os resultados recomendados em publicações internacionais.

Os principais pontos investigados foram: sensibilidade e especificidade; valor preditivo positivo; taxa de reconvocação da mamografia; taxa de detecção de câncer de mama e estudo da sobrevida das pacientes com câncer de mama.

“É extremamente importante segmentarmos e monitorarmos a população. Desta maneira podemos avaliar e conduzir tratamentos de forma mais precisa, gerando, inclusive economia substancial para o sistema público de saúde”, salienta a Dra. Simone, que ressalta a importância da parceria com o Hospital Vila Nova Cochoeirinha. “A parceria foi fundamental. É muito difícil compilar e acompanhar dados de pacientes em uma mesma unidade de saúde, já que os usuários podem ser originários de qualquer bairro da cidade ou município vizinho. Além disso, a consulta pode ser única, sem que o próprio paciente não se preocupe com o retorno”, finaliza.