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26/03/2013 - 08:18

Ignorar causas ambientais das doenças prejudica a população


Fim de verão, cabe um balanço das questões urbanísticas das cidades do litoral paulista. Vendo as populações se multiplicarem por 10 em férias e feriados, os administradores municipais correm atrás de soluções para os conhecidos problemas urbanos. A meta é garantir férias sustentáveis ao turista e ao morador.

A questão do esgoto é a que mais impacta o meio ambiente das estâncias turísticas e a que menos ganha atenção da administração pública, da mídia e da própria sociedade. Em recente encontro dos novos prefeitos da Baixada Santista, o tema mais discutido foi saúde. E as reclamações eram as mesmas: aumento do número de doentes, falta de leitos e de médicos. Em nenhum momento, falou-se das origens dessas doenças, entre elas, a insalubridade ambiental. Em vez de tratar causas, os administradores seguem desesperando-se com os efeitos.

Quase metade do esgoto das 13 cidades do litoral paulista vai para fossas sépticas e acaba no mar ou no lençol freático. Significa 1,5 mil litros de esgoto por segundo (suficiente para encher por hora duas piscinas olímpicas de 2,5 milhões de litros cada) contaminando rios, mares, lençóis freáticos e solo. Claro que isso afeta a população do entorno e multiplica os problemas de saúde.

Drenagens insuficientes, somadas ao acúmulo do lixo, são outra fonte de doenças. Com as chuvas de verão, as águas carreiam para o mar todo tipo de resíduo, colocando esses dejetos em contato com a população. Falta de água e lixo acumulado; esgoto a céu aberto e falhas de drenagem; enchentes e esgoto sem tratamento; ruas de terra e esgoto a céu aberto.... Seja qual for a combinação de problemas, os efeitos levam sempre a um endereço: os hospitais. Sim, os prefeitos têm realmente do que reclamar.

Esses problemas são resultado de anos e anos sem planejamento ou investimento em questões essenciais de infraestrutura e saneamento. No litoral, as preocupações com meio ambiente concentraram-se na manutenção da vegetação e pouca importância foi dada a assuntos como coleta e tratamento de esgotos, fornecimento de água tratada, destinação do lixo e drenagem. O Isso vem acarretando um desequilíbrio ambiental, agravado pela sazonalidade da região. Um meio ambiente equilibrado traduz-se pela qualidade da vida das pessoas que dele usufruem e decorre de um planejamento urbano eficiente, com esgoto tratado, água potável, lixo coletado, parques e áreas verdes, ciclovias, segurança, educação, saúde, transporte, energia e mobilidade.

Nesse verão, na Riviera de São Lourenço, um bairro/cidade planejado no município de Bertioga, trafegaram mais de 600 mil veículos. Centenas de milhares de pessoas estiveram ali e frequentaram suas praias. Apesar disso, os impactos ao meio ambiente revelaram-se controlados. Isso porque 100% dos imóveis são atendidos por sistema de coleta e tratamento de esgoto e nenhum resíduo é lançado no mar ou a céu aberto. A água é integralmente tratada e distribuída; o lixo reciclável, coletado, triado, armazenado e corretamente encaminhado (mais de 50 toneladas de lixo reciclável foi coletada na temporada); a drenagem recebe somente águas pluviais, sem contaminação de efluentes sanitários ou outros resíduos. Ciclovias e sistema de compartilhamento de bicicletas tiram inúmeros carros da rua. Parques e áreas verdes garantem o prazeroso contato físico e estético com a natureza.

A conclusão é que não podemos mais improvisar. Somente com um planejamento urbano de longo prazo, conseguiremos perpetuar para as gerações futuras um ambiente mais limpo e saudável, o tão almejado “equilíbrio ambiental”.

.Por: Luiz Augusto Pereira de Almeida, diretor da Fiabci/Brasil e diretor de marketing da Sobloco Construtora S.A.

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