De ovo em ovo, a indústria enche o papo

A páscoa é a primeira importante data comemorativa do ano que movimenta o varejo. Lojas redefinem seu layout para chamar a atenção de crianças e adultos que querem dar e receber os deliciosos ovos de chocolate. A conotação religiosa da data fica escondida entre brindes e releituras cada ano mais tentadoras, os preços abusivos também quase não são percebidos. Como é possível convencer o consumidor a escolher um formato de chocolate que custa R$ 100 o quilo, no lugar da tradicional barra, onde o quilo sai em média R$ 30,00?

As publicitárias Dorinha Crispim e Lucimar Veiga, da Crispim+Veiga Propaganda, avaliam que, na hora colocar a mão no bolso e pagar mais caro, o que fala mais alto é a troca de afeto implícita na doce sensação de trocar ovos de páscoa. “O que a indústria faz é aflorar esse desejo dando às pessoas aquilo que elas querem: um ovo em formato de coração para os apaixonados ou um brinquedo do desenho preferido para as crianças”, diz Lucimar.

Para Dorinha Crispim, esta troca de afeto, que subsidia os lucrativos resultados da páscoa, evidenciam muito mais do que uma bem sucedida ação comercial. “Apesar de vivermos em uma sociedade de consumo e na era do individualismo, nestas campanhas, fica claro o quanto a sociedade ainda valoriza as interações humanas; as pessoas buscam as relações verdadeiras e sinceras”, diz. Que bom.