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02/04/2013 - 07:49

Dissertação de Mestrado de aluno do CTC/PUC-RIO confirma que crise afetou investimentos sustentáveis

Trabalho analisou o desempenho do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o comparou com o Ibovespa no período de 2005 a 2010.

Investir em empresas que apostam na sustentabilidade tem sido uma realidade cada vez mais presente no mercado de ações. Entretanto, os estudos de Felipe Arias Fogliano de Souza Cunha, mestre em Engenharia de Produção pelo Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), indicam que estes investimentos, representados pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), no período de 2005 a 2010, não obtiveram desempenho financeiro satisfatório. Sua dissertação “Análise de Desempenho dos Investimentos Sustentáveis no Mercado Acionário Brasileiro”, orientada pelo Prof. Carlos Patricio Samanez e que conquistou o 1º lugar no Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis 2012 na categoria “Pós-graduação”, confirma que, no período de avaliação, o ISE obteve um desempenho inferior ao do Ibovespa e ao de outros índices setoriais da BM&FBOVESPA.

Ao avaliar a importância da sustentabilidade no mercado de capitais e traçar um perfil deste investimento no período do estudo, Fogliano apresenta um passado em transição, tendo em vista que após quase dois anos após a conclusão do estudo, o ISE tem obtido um retorno acumulado de 130%, contra 80% do Ibovespa. Um dos principais motivos que levaram Fogliano a desenvolver sua dissertação, é dar subsídios a empresas, órgãos governamentais, academia e investidores para que estes possam implementar estratégias, políticas e investimentos de forma criteriosa, pautados em constatações quantitativas e qualitativas.

Criado em dezembro de 2005 com o apoio financeiro do International Finance Corporation (IFC), o ISE tem como principal objetivo refletir o retorno das ações de empresas comprometidas com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial. O índice é composto por no máximo 40 empresas cujas ações pertencem ao grupo dos 200 papéis mais negociados na BM&FBovespa. A seleção destas companhias é feita por questionários específicos desenvolvidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que quantificam, entre outros fatores, o desempenho destas no que tange aos aspectos ambiental, social e de governança corporativa, tríade conhecida no mercado por ESG (Environment, Social and Corporate Government).

Para melhor compreensão do desempenho dos índices analisados e considerando que os resultados do estudo contemplaram os impactos da crise financeira mundial de 2008, a análise foi dividida em três partes: período pré-crise (dezembro de 2005 a maio de 2008); período de crise (maio de 2008 a março de 2009) e período pós-crise (março de 2009 a dezembro de 2010).

Uma das verificações qualitativas do estudo foi em relação à composição setorial do ISE. O autor constatou que o índice obteve concentração expressiva em alguns setores, tais como o de intermediários financeiros, energia elétrica, petróleo, gás e biocombustíveis.

Embora haja evidências de um potencial promissor, Fogliano concluiu que, no período pesquisado, os investimentos sustentáveis no mercado acionário brasileiro não obtiveram um desempenho financeiro satisfatório. Isso se dá, segundo Fogliano, por três motivos principais: em primeiro lugar, os investidores estrangeiros poderiam estar preferindo realizar seus investimentos sustentáveis nos mercados emergentes de forma regional e não local. Em segundo, ainda hoje, não há no Brasil uma regulação efetiva que inclua restrições sobre sustentabilidade no mercado de capitais e que faça com que empresas não-sustentáveis internalizem seus custos ESG. Por último, o fato de o mercado financeiro brasileiro ainda não ter se convencido da importância de investir no mundo sustentável.

Contudo, para o autor da obra, a tendência é que empresas comprometidas com a sustentabilidade sejam mais bem avaliadas pelos investidores. “As companhias têm percebido que a sustentabilidade é um tema fundamental a ser considerado nas suas estratégias. Tal fato pode ser verificado pelo grande número de empresas que têm publicado seus relatórios de sustentabilidade”. De acordo com a Pesquisa “Emissão de Relatórios de Responsabilidade Corporativa 2011”, o Brasil é o sexto país no mundo com empresas que mais publicam relatórios de sustentabilidade, à frente de nações como Estados Unidos, Finlândia, Holanda e Canadá.

Felipe alerta ainda que, em poucos anos, empresas que não estiverem cumprindo as regras da sustentabilidade, perderão atratividade e valor de mercado, não atraindo novos investidores. Assim, em um futuro próximo, apenas empresas comprometidas com a sustentabilidade tenderão a liderar os mercados. Para Felipe, este cenário trará bons retornos sociais para o país, uma vez que as empresas estarão comprometidas com as melhores práticas em relação à diversidade e equidade social, relacionamento com a comunidade, princípios e direitos nas relações de trabalho.

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