Investir em cultura e educação é um bom negócio

Retornar à sociedade a atenção recebida, na forma de investimentos que possam viabilizar iniciativas culturais, esportivas e de educação, agrega valor à marca.

Os tempos são outros. Os consumidores já não têm vocação para serem fiéis às marcas e as áreas de marketing das empresas empenham-se cada vez mais em conhecer, mais profundamente, o perfil de seus clientes e em desenvolver ações que possam encantá-los. Qualidade, inovação, preço justo. Tudo isso tem seu peso na balança das escolhas de um consumidor hoje em dia. Ciente de sua força, ele quer ainda mais.

Preenchidas essas necessidades – de produto, qualidade e custo – ele quer prestigiar quem é do bem. Reputação está definitivamente inserida nesta equação. Cada empresa, em seu nicho e em harmonia com seus recursos e sua vocação, precisa atentar para esse aspecto. Como valor é algo que precisa ser percebido, mais do que ouvido; muitas já investem continuamente no desenvolvimento de um espaço ético e saudável em suas estruturas, criando ambientes positivos para seus colaboradores e fornecedores e, a partir daí, as práticas de boa conduta alcançam o outro lado do muro e chegam aos demais stakeholders, na comunidade como um todo.

Investir em eventos e iniciativas das áreas culturais e de educação, com incentivos federais da Lei Rouanet ou apoiado em legislações estaduais, é uma estratégia que agrega valor à marca de uma empresa e faz com que a comunidade onde está inserida a perceba de forma positiva. Acompanhar os passos que o setor de transporte e logística vem trilhando nesse caminho, para quem, como eu, vivencia de perto essa célula tão relevante da economia nacional, propulsora do crescimento socioeconômico do país, é sempre uma grande satisfação.

Iniciativas como as da Ultragaz Cultural, que em agosto último, estrelou o Cinema Intinerante. Uma carreta com 87 lugares, rampa para cadeirante e duas toaletes recebe o público Um cinema, com direito a pipoca e refrigerante, que neste segundo semestre deve percorrer 22 cidades, em 17 Estados e Distrito Federal..Muitos outros do setor de transporte e de logística têm ações de apoio à cultura e educação, com constância ou esporádicos, o importante é a iniciativa existir.

Paixão e trabalho árduo -Nesse momento, em especial, em que o Museu Brasileiro do Transporte inicia sua jornada rumo à concretização, meu olhar está ainda mais atento a esses projetos. Sensibilizar mentes e corações de forma a torná-los parceiros em uma empreitada tão ousada não é tarefa fácil. Mas o esforço tem seu valor e, com certeza, terá sua recompensa. O Museu Brasileiro do Transporte terá a missão de ser a tradução, elaborada e inspirada, de toda a riqueza e importância que o setor de transporte em seus diferentes modais e perfis, representam na história do Brasil. Muito além de um setor econômico, o transporte é uma coluna de criação e desenvolvimento de cidades, comunidades, do progresso sustentado de uma sociedade e de histórias humanas. Por meio da observação da trajetória dos transportes em uma sociedade é possível conhecer mais profundamente os vértices culturais e a complexidade de um país ou região, porque o desenvolvimento de uma comunidade e o desenvolvimento de sua estrutura em transporte são fatores que se entrelaçam. Edward Burnett Tylor, antropólogo britânico, definiu em 1871 que “cultura é o complexo no qual estão incluídos conhecimento, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

Sabemos que cada recurso é precioso no orçamento de uma empresa hoje em dia e que as solicitações são muitas e diversas. Mas escolher a melhor ideia, o melhor caminho para se traduzir a uma comunidade que uma empresa valoriza projetos que possam beneficiar de fato um grupo maior e mais representativo de pessoas, levando algo que realmente possa ter valor em suas vidas, é um cuidado a se ter. Eu escolhi investir meu tempo, sonhos e suor em uma ideia que possa transformar comunidades e pessoas, levando conhecimento e entretenimento saudável, com ações que somem valor à educação e à cultura das pessoas. Sei que, com certeza, outros executivos compartilham desse pensamento.

.Por: Elza Lúcia Panzan, presidente da FuMtran ( Fundação Memória do Transporte) e gestora do Museu Brasileiro do Transporte, com inauguração prevista para 2014.

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