Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

11/04/2013 - 07:40

Mitos e verdades sobre o déficit de atenção e hiperatividade

Dificuldade em prestar a atenção, impulsividade, problemas de comportamento, inquietude, impressão que está sempre no mundo da lua e rendimento ruim, esse é o perfil do portador de um transtorno relativamente comum e ainda muito pouco comentado: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). É uma doença de descrição relativamente recente, sendo melhor estudada e difundida após os anos 80. É crônica, de início na infância e 3 vezes mais comum em meninos. Acredita-se que cerca de 5 % da população tenha esse distúrbio, que pode perdurar por toda a vida e trazer importante comprometimento da qualidade de vida da pessoa e seus familiares. O reconhecimento preciso e o tratamento direcionado reduz de forma importante o comprometimento funcional.

Segundo o neurologista Leandro Teles, formado e especializado pela Universidade de São Paulo: “O TDAH é um distúrbio cerebral complexo que geralmente acompanha o paciente durante toda a vida. O diagnóstico baseia-se na história clínica, que traz, em nível variado: desatenção, impulsividade e hiperatividade”.

O problema não é anatômico e não aparece em exames. A dificuldade é na função dos neurônios da região mais anterior do cérebro (chamado lobos frontais). “Acredita-se que haja disfunção das vias que regem a concentração, regulam o sistema de previsão de resultados e garantem um comportamento mais sereno e produtivo”, explica o especialista, e conclui: ”Sem essa regulação, a pessoa parece ligada no 220, fica aérea, agitada, age por impulso antes de pensar adequadamente, dissipa sua energia mental e tem seu rendimento comprometido”.

Por ser um problema relativamente novo e ainda pouco difundido, convidamos o neurologista para elucidar alguns mitos e verdades a cerca do TDAH: 1-O TDAH é diferente entre meninos e meninas.

Verdade. A doença é mais comum em meninos e se manifesta de forma mais perceptível neles. Os meninos com TDAH são mais hiperativos e impulsivos, o que gera mais incomodo em casa e na escola. As meninas com TDAH são mais desatentas, desligadas e por vezes não são hiperativas, isso gera maior atraso e dificuldade de diagnóstico.

2- Os portadores de TDAH são menos inteligentes que a população geral.

Mito. O TDAH altera a concentração e gera uma taxa maior de erros. No entanto, são crianças e adultos de inteligência normal ou até acima da média. Quando adequadamente tratados e motivados são capazes de feitos intelectuais extraordinários. Agora, sem diagnóstico e orientação, dissipam sua energia intelectual por não canalizarem seu esforço na resolução de problemas.

3- Os remédios fazem mais mal que a própria doença.

Mito. Os medicamentos são fundamentais na condução de casos mais intensos, tendo um bom custo / benefício.

Obviamente, devem ser prescritos sempre pelo médico e podem apresentar efeitos colaterais que devem ser manejados no seguimento regular.

4- Quem tem problema de atenção tem problema de memória.

Verdade. A memória depende diretamente da atenção. Para fixar adequadamente uma vivência é fundamental atentar para ela, destacá-la do contexto e criar adequadas pistas mentais para resgatá-la no futuro. Pessoas desatentas queixam-se, invariavelmente, de problemas de memória.

5-O problema se resolve quando a criança entra na idade adulta.

Mito. Em grande parte dos pacientes o problema adentra pela vida adulta. Isso pode gerar problemas no trabalho, na vida social e mesmo na vida econômica, uma vez que o grau de responsabilidade e o nível de cobrança aumentam progressivamente.

6-O diagnóstico nem sempre é fácil.

Verdade. O diagnóstico se confunde com problemas de criação, educação, dislexia, ansiedade e outros problemas psiquiátricos. Por vezes, faltam informações sobre a infância (quando o paciente procura ajuda já adulto), a doença pode também ser acompanhada de outras patologias (distúrbios de sono, abuso de drogas, transtornos de conduta, depressão, etc...) e existe ainda algum preconceito com esse tipo de diagnóstico.

7- Quanto antes for identificado melhor é o tratamento.

Verdade. O diagnóstico suspeito na fase pré-escolar é confirmado por volta dos 7, 8 anos de idade traz consigo toda uma reestruturação ambiental, familiar e escolar que leva a melhores resultados escolares, sociais e profissionais. No entanto, o tratamento pode e deve ser introduzido a qualquer momento que se faça o diagnóstico, mesmo quando feito na vida adulta.

8- A parte mais importante do tratamento são os medicamentos.

Mito. Os medicamentos são importantes, mas o carro chefe do tratamento é o autoconhecimento, aliado aos ajustes ambientais, à readequação familiar, às atividades físicas e ao tratamento das comorbidades (doenças associadas).

9- O TDAH é fruto da dieta ou da dinâmica dos tempos modernos.

Mito. O transtorno tem importantes determinantes genéticos e provavelmente existe a séculos (mesmo antes de sua descrição). Não é causado por consumo excessivo de calorias ou doces, nem por excesso de videogame ou televisão. O risco de um familiar de alguém com TDAH ter problema semelhante é mais alta. [www.leandroteles.com.br].

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira