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12/04/2013 - 08:52

Sonho Grande


Revela os bastidores dos negócios bilionários de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.A jornalista Cristiane Correa traça a trajetória do trio de empresários desde a fundação do banco Garantia até as aquisições das americanas Anheuser-Busch, Burger King e Heinz.

São Paulo – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira construíram, em pouco mais de quatro décadas, o maior império da história do capitalismo brasileiro e ganharam uma projeção sem precedentes no cenário mundial. Hoje eles são donos da AB InBev (a maior cervejaria do mundo, controladora da AmBev), da rede de fast food Burger King e da fabricante de alimentos Heinz, além da Lojas Americanas. Juntos, os três empresários acumulam uma fortuna estimada em US$ 35 bilhões. Lemann ocupa o posto de homem mais rico do Brasil.

Os bastidores dessa história sem igual na economia brasileira são contados pela primeira vez no livro Sonho Grande (246 páginas, Editora Sextante). A jornalista Cristiane Correa produziu um livro-reportagem em que revela a trajetória do trio desde a fundação do banco Garantia, em 1971, por Jorge Paulo Lemann. Inspirado por companhias americanas como a varejista Walmart e o banco Goldman Sachs, Lemann trouxe para o Brasil conceitos até então praticamente desconhecidos, como meritocracia e a possibilidade de os melhores funcionários se tornarem donos do negócio em que trabalham. Telles e Sicupira, que foram contratados pelo Garantia pouco após sua fundação, são o melhor retrato dessa cultura: ambos ingressaram no banco muito jovens e conquistaram espaço na instituição até se tornarem sócios de Lemann.

Ao longo de mais de um ano, Cristiane fez quase 100 entrevistas com pessoas próximas a Lemann, Telles e Sicupira, para entender como pensam e operam esses empresários. Dessa lista fazem parte desde antigos sócios do banco Garantia a personalidades que se tornaram mais próximas do trio nos últimos anos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o americano Warren Buffet. O megainvestidor, que se associou aos brasileiros para a compra da Heinz, contou qual foi sua impressão quando conheceu Lemann, no final dos anos 90, no conselho de administração da Gillette, do qual ambos participavam: “Eu não sabia nada sobre ele. Zero. Nunca tinha ouvido falar. Nos encontrávamos a cada dois ou três meses, e demorou algum tempo até que realmente nos conhecêssemos. O que eu notei desde o começo é que ele dizia coisas que faziam sentido. Não fingia saber de coisas que não sabia, não falava só para escutar a própria voz. Tinha uma tremenda visão de negócios.”

Na década de 80, os banqueiros compraram a Lojas Americanas e a Brahma. Nessas companhias, a obsessão por controle de custo e a aversão por hierarquias rígidas ficou ainda mais clara. As paredes dos escritórios dos executivos foram literalmente derrubadas para que todos dividissem um mesmo ambiente. Restaurantes exclusivos para a diretoria acabaram. Nos estacionamentos das empresas, ninguém mais tinha vagas “especiais” – quem chegava primeiro, independente do cargo, podia pegar os melhores lugares. Tanto no banco quanto nas empresas em que eles investiram, a competição interna era estimulada e nem todos os funcionários suportaram a pressão – o livro traz depoimentos de gente que não conseguiu trabalhar mais que semana no Garantia.

Sonho Grande conta não apenas os detalhes das grandes tacadas do trio, como a compra da Antarctica (formando a AmBev) e a da Anheuser-Busch, mas também seus tropeços. O maior baque de suas carreiras – a venda do banco Garantia, em 1998, para o então Credit Suisse First Boston – é narrado em detalhes. Para um grupo de empresários tão preocupado em garantir a perpetuação de seus negócios, se desfazer da instituição financeira foi um tremendo fracasso. Na avaliação da autora, a mudança no cenário econômico mundial não foi a razão principal para a venda da instituição. “O Garantia desapareceu porque se deslumbrou com o próprio sucesso. Porque seus principais sócios se afastaram do negócio e deixaram o barco correr solto. Porque boa parte da nova geração estava mais interessada em engordar seu patrimônio pessoal do que em perpetuar a instituição”, explica Cristiane.

A autora -Cristiane Correa é jornalista e se especializou nas áreas de Negócios e Gestão. Trabalhou por quase 12 anos na revista Exame, onde foi editora-executiva. Sonho Grande é seu primeiro livro.

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