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12/04/2013 - 09:27

Vale a pena trair?

Talvez a pergunta certa seja: Quando vale a pena trair? Existem casos e situações que acredito que sejam absolutamente compatíveis com uma traição. Muitas são às vezes, aqui em meu consultório, que eu mesmo pergunto à minha paciente, se ela ainda não traiu. Se a resposta é negativa pergunto o que está esperando?

É o caso da minha cliente que de um tempo para cá me diz em suas consultas comigo que detesta ter relações e prefere ignorar o assunto ( se o marido a trai ou não) e também não quer é ser perturbada por ele. O que fazer? Tentar trazer sua libido de volta? E se o marido já se arranjou e também acha que não vale a pena? Será possível fazer uma reversão dessa libido numa relação já deteriorada?

O casal continua junto pelas situações sociais, familiares e financeiras comuns. Amor com aquela intimidade provocante não mais existe. Então pergunto: Vale a pena para o coitado trair ou continuar traindo?

Algumas exemplos que escuto: “O marido é um ejaculador precoce. Nesses cinco anos de casada e com três filhos ela não conseguiu orgasmo em nenhuma relação com ele. Tratar-se, nem pensar. Ele não admite ter um problema, ao contrário acha que ela é que é fria. A pergunta começa a surgir na cabeça dela. Afinal, graças ao bom Deus, ela teve outros contatos sexuais antes de casar e sabe que pode facilmente chegar ao orgasmo. É só ter uma relação que não se limite a dois segundos de penetração, afinal ela tem só vinte e oito anos. Surge um antigo amor! O que fazer? É lógico o que eu vou aconselhar. Aliás, nem precisa, elas vem á consulta depois de já terem traído.”

“Minha mulher é uma chata! Reclama de tudo. Estamos casados à dez anos e ela virou uma bruxa. Temos dia e hora para ter relação, não é carinhosa, parece que faz tudo por obrigação. No meio de uma relação, a semana passada, ela me lembrou de pagar uma prestação do carro! Parecia que estava em um mundo diferente do meu. Não sei se sou eu, acho que não sou, pois o que tem de mulher me dando bola e me convidando para sair, não está escrito! O que faço? “

“Minha mulher é uma trabalhadora de origem! Não precisaria trabalhar, mas trabalha. Eu ganho bem, mas ela insiste em que precisa ter o dinheiro dela. Com isso em casa tudo é meio a meio. Até cuidar dos filhos ela acha que tem que dividir comigo. Enquanto eu ganho dez ela ganha um, mas faz uma propaganda disso que parece ser ao contrário. Gostaria muito mais de viver com menos, mas que ela ficasse mais com nossos filhos. Minha sogra ou as babás são as verdadeiras mães de meus filhos. Minha vida não está me agradando. Não sei não, mas acho agora, que fiz besteira me casando. Realmente foi um impulso, fiquei envolvido pelo que ela parecia prometer, mas não deu nada certo. Depois os dois filhos e agora parece que estou acordando por que conheci alguém que parece ser minha alma gêmea! O que eu faço?”

Para todos esses casos, eu tiro meus óculos, recosto-me no fundo da minha cadeira e começo um longo papo.

Tenho a convicção que a união de um homem e uma mulher deve ser realizada para toda a vida. Só assim se ganham condições para formar uma família onde se possam desenvolver filhos equilibrados e estáveis emocionalmente. No entanto me deparo com casos aqui, nos quais é muito difícil arranjar uma solução que contemple o bem estar de todos.

O que fazer para aquela mulher que o marido é ejaculador precoce e não procura tratamento? O que dizer para aquele marido cuja mulher não deseja mais ter relações? Agüenta a mão, afinal você casou para as alegrias e as tristezas? Não dá!

É preciso uma resposta ou pelo menos uma consideração que a/o leve ao encaminhamento de uma solução.

Muito melhor seria se pudéssemos acabar rapidamente com um casamento e procurarmos outra companhia que preenchesse todos os requisitos para encontrarmos uma absoluta felicidade. Isso é possível?

Possível é,mas é muito difícil. Consideremos então: quem são os responsáveis pela infelicidade do casal? Os dois! Muito bem. Qual a parte de responsabilidade que cabe a você? Se não sabe, deve admitir pelo menos uma coisa: “Você escolheu errado”. A partir dessa noção, consideremos que: Quem vai sofrer com uma separação? Todos! Inclusive você. Mas quem não tem responsabilidade nenhuma sobre sua escolha? Seus filhos. A longo prazo são os que mais vão sofrer e a quem cabe a menor responsabilidade pela má escolha de vocês.

Se a única razão de estar juntos forem eles, e nada mais existir entre vocês acho que é melhor ter certeza absoluta disso antes que se separem, pois a situação desequilibrará mais seus filhos se vocês começarem a se separar e voltar.

E no caso de aparecimento de uma outra ou de um outro? Trair ou não? Acho que qualquer ligação com alguém de fora será muito mais excitante do que com o cônjuge, pois essa pessoa trará muito prazer e pouco ou nenhum problema, pois não vive junto com você. Entretanto, antes de resolver a situação do casamento, qualquer outra relação só ira atrapalhar a sua resolução.

Qualquer que seja o defeito estrutural que mulheres e maridos tenham, têm que ser considerados a partir de um vértice de : Por que eu achei que daria certo comigo? Será que o ejaculador precoce já não o era na época de noivado? Se você foi tão ingênua a ponto de não perceber, algo em você achou que poderia solucionar a questão.

O mesmo vale para o/a alcoólatra, o/a galinha, o/a mentiroso/a, o/a sadomassoquista. Muito bem! Se alguma coisa existe em mim de errado também, acho que nós dois precisamos nos tratar. Sem dúvida, se você tem a mínima vontade de continuar junto, é preciso procurar tratamento. Um psicanalista poderá encaminhar soluções de problemas muito antigos e que influenciaram sua vida durante anos. Ninguém que faz análise pode ter a certeza do resultado. Ah! Fazendo análise vamos continuar juntos! Não, pode ser o contrário, mas qualquer resolução que tomem terá mais base para ser tomada. Não fazemos análise também para deixarmos de ser ladrões. Fazemos análise para sermos “ o melhor ladrão do mundo e ficarmos muito contentes com isso”.

Vocês não irão fazer análise para se darem melhor! Farão para serem felizes. Se isso só for possível se separando, então se separem.

É muito comum que mulheres infelizes em um primeiro casamento por que, por exemplo, o marido era alcoólatra, saiam dessa união, e entrem em uma outra onde o marido é, por exemplo, viciado em droga. Ora: a culpa é deles? Não, é dela! Antes de uma segunda escolha, procure em você as causas da primeira errada.

Essas considerações são sempre necessárias para que se comece a ter um contorno do quadro que enfrentamos com o casal. Trair ou ter traído, não é o fim, é o começo. O que vem depois é o mais importante. Como vou me sentir? É isso que preciso? É isso que quero?

Pura atração sexual! Devo trair? E depois? Bem, depois eu vejo! Agora o importante é eu atender ao meu desejo! Não entre nessa! Vai dar bobagem!

.Por: Rubens Paulo Gonçalves, Médico pela PUC do Paraná,Ginecologista e Obstetra pela Febrasgo, com residência no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Rubens Paulo Gonçalves, mora em São Paulo e trabalha desde 1971 no Hospital Albert Einstein, na Pro Matre e no Hospital São Luiz, além de dirigir o Centro Ginecológico e Obstétrico Paulista. Também, é autor de três livros com temática médica: Gravidez para Grávidas, Desafio da Menopausa e Envelhecer Bem e escreve atualmente para seu site: www.rubenspaulogoncalves.com.br

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