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13/04/2013 - 10:13

Salão do Automóvel de Detroit – O início de um grande ano automotivo

Durante a minha ida ao Salão do Automóvel de Detroit, que acaba por ser, tradicionalmente, a abertura da temporada de shows e salões automotivos, confesso que estava um pouco incerto sobre o que sentia. Enquanto o Salão de Detroit tem sido um dos mais importantes do mundo – atrás apenas do de Frankfurt – sua importância tem diminuído significativamente ao longo dos últimos anos, em um triste paralelo ao declínio da indústria automotiva na América do Norte.

Tendo dito isto, não há dúvida de que a indústria automotiva americana está de volta – e de volta também está o Salão do Automóvel de Detroit. Mesmo que Detroit seja uma feira de pequeno porte (quase do mesmo tamanho do Salão de São Paulo) e bem poucos protótipos tenham sido apresentados por lá, o tamanho menor e a sua localização geográfica – bem no meio daquele que (ainda) é o coração da indústria automotiva norte-americana –, o tornam um evento especial. É relativamente fácil marcar reuniões e conversar com as pessoas, além de ter uma ideia sobre o que este novo ano automotivo nos trará. Então, aqui compartilho as minhas impressões sobre Detroit.

Primeiro, e como eu já disse, a indústria automotiva norte-americana está de volta. Muitos a deram como morta após a crise de 2008/2009. Bem, amigos, eles estavam errados. Depois do baixo registro de apenas 10,4 milhões de unidades vendidas em 2009, o mercado teve uma retomada rápida e fechou o ano de 2012 com cerca de 14,5 milhões. E a perspectiva para 2013 é ainda mais forte, com mais de 15 milhões de unidades, aproximando-se da marca recorde de 17 milhões, registrada em 2005. Este crescimento é apoiado por OEMs financeiramente saudáveis e um forte pipeline de lançamentos.

Fornecedores estão igualmente aproveitando a vantagem do desempenho mais forte. Como expresso em um estudo recente da Roland Berger, Rebound of the US Supplier Industry, a lucratividade dos fornecedores registra recorde – mais alta que no Brasil, atualmente – e os balanços apontam para a criação de novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

Outro aspecto fundamental é que o mercado nos EUA está se tornando mais e mais internacional. Além das marcas norte-americanas, os OEMs do Japão, os players de luxo vindos da Alemanha, assim como outros players europeus (em especial, Volkswagen e FIAT) e a coreana Hyundai, apresentaram bandeiras fortes no salão – com estandes exclusivos, portfólio forte de veículos e automóveis adaptados especialmente para os requisitos do mercado norte-americano, ou seja, sinais claros da ambição destes OEMs para crescer de modo robusto nos EUA. Os chineses, por outro lado, parecem ter reduzido seu foco no mercado estadunidense. Tendo apresentado estandes fortes em edições anteriores, mal figuraram este ano, deixando explícita a estratégia de focar esforços em mercados emergentes, em vez de mercados maduros.

Aos meus olhos, o tema central do salão foi desdobrado em três frentes: eficiência, interior e conectividade. Muitos fabricantes continuaram a enfatizar o consumo eficiente de combustível. Entretanto, em contraponto aos anos anteriores, eficiência real significa eficiência de combustível. Embora presente, veículos puramente elétricos tiveram um papel pequeno nesta edição, dado o atual momento de incerteza sobre o futuro desta tecnologia. Ao invés disto, motores reduzidos, novas tecnologias de eficiência de motores e veículos híbridos foram ampla e visivelmente promovidos e celebrados.

O segundo grande tema deste ano me pareceu ser o crescimento do foco no interior do veículo. Um dito antigo entre designers de automóveis reza que é o exterior que atrai as pessoas para o carro, mas é o interior que os faz querer comprá-lo. Neste sentido, muitos novos modelos foram equipados com interiores de alta qualidade, mais itens de conforto, um jogo interessante de materiais e cores e, sobretudo, uma qualidade de acabamento maior do que no passado.

O terceiro e final tema foi a conectividade. Conectividade tem muitos aspectos – desde uma solução plug-in mais fácil (por exemplo, o gerenciamento dos sistemas de áudio e clima do carro pelo iPhone), até a oferta de internet no carro e as novas telas touch de alta tecnologia para ativar a segurança (como a comunicação carro-carro, ou carro-infraestrutura). As pessoas querem estar on-line todo o tempo e o carro deve funcionar como um facilitador.

E o que tudo isso implica para nosso mercado? Por ora, e infelizmente, muitos dos modelos apresentados em Detroit não estarão disponíveis no Brasil. Pelo menos não a preços acessíveis. Mas a visita ao salão nos dá um melhor entendimento de como deve ser a próxima geração de veículos desenvolvidos no País. Mais lucratividade para a indústria significa mais dinheiro disponível para pesquisa e desenvolvimento. Assim como mais foco em eficiência, interiores e conectividade servirão para a melhoria dos veículos. Talvez não hoje, mas certamente em alguns anos. E é disto que tratam os salões mundo afora – nos mostrar o que o ano (ou futuro) automotivo nos reserva.

.Por: Stephan Keese, sócio responsável para o segmento automotivo da Roland Berger Strategy Consultants.

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