O poder de empreender e suas responsabilidades

Como já diz o ditado, uma andorinha só não faz verão. A máxima se aplica ao ato de empreender. A verdade é que, por mais auto-suficiente que seja um empreendedor em suas idéias, colocá-las em prática sempre vai requerer a participação de outros atores, direta ou indiretamente.

Interação é a palavra de ordem no momento em que se coloca uma idéia em prática. Essa sinergia é vital para a projeção de um negócio, não importando a que área seja dedicado.

O processo é semelhante ao do funcionamento de um corpo humano. Se o cérebro pensa, é porque o coração lhe bombeou sangue e oxigenou seus neurônios, fazendo com que as sinapses necessárias ao exercício intelectual sejam perfeitas para elaborar o pensamento engenhoso. Tudo isso também depende de um bom equilíbrio físico, pois o corpo tem outras necessidades interligadas para que funcione bem. É assim que também opera a arte de empreender.

Tal ato não permite uma centralização única e plena. O que acontece é que há uma tendência natural em enxergar – e criar – dificuldades ou complexidades demais, competições e desconfianças quando se inserem novas pessoas no negócio. O pensamento deve ser o oposto, o de ver soluções e boas possibilidades na parceria. Com a interação e a intervenção de outros parceiros, a concretização de um projeto empresarial acontece de maneira mais fácil.

Um outro lado dessa parceria, porém, deve receber atenção especial. Se delegar parceiros facilita a realização do negócio, ter o poder de comando nas mãos é uma atribuição por vezes inglória. A responsabilidade exige cuidados delicados, pois se os comandados não enxergarem os comandantes como tais a batalha rumo ao sucesso empresarial pode ficar seriamente comprometida.

O empreendedor deve sempre buscar o equilíbrio, entendendo e balizando as limitações que a relação comandante e comandado pode revelar. Mais do que isso, é obrigação de quem empreende analisar criteriosamente as características de quem ele chama para formar a equipe e dar a cada um responsabilidades compatíveis a cada nível e competência. O cuidado nessa distribuição já evita crises no grupo de colaboradores e filtra eventuais problemas que bloqueiam o crescimento empresarial. Essa etapa é de extrema importância para o sucesso do negócio.

Responsabilidades distribuídas, surge a necessidade de mais um importante cuidado. Não se pode confundir o “delegar responsabilidades e poder” com “perder o controle do poder”. Esses limites nem sempre ficam muito claros para o empreendedor e, principalmente, para sua equipe, o que pode também prejudicar o desenvolvimento do negócio. Descentralizar não significa deixar o controle. O empresário deve sempre ficar atento a isso.

Um bom plano de delegação de responsabilidades, pensado e projetado de forma objetiva, com resultados esperados e colocados de forma clara a todos os envolvidos no projeto poderá cumprir a missão de organizador de tais limites. Mas, nada de engessar o empreendimento a um manual de papel, quando hoje se vive um dinamismo e o que se valoriza é o campo da idéias.

Um time vencedor é feito de idéias e competências complementares. Tudo com uma atenta supervisão de quem está à frente do negócio, controlando o poder e auditando as responsabilidades delegadas diariamente, sem que para isso tenha que “militarizar” a equipe de colaboradores.

Um bom capitão sabe como fazer a tripulação enxergá-lo como condutor, mas sem que isso faça com que se exima de suas responsabilidades individuais. Líderes natos vêm com essa característica no DNA. Outros, porém, adquirem o know-how através do exercício e aprendizado que a vida empresarial possibilita a quem com ela interage. Saber dividir as competências e delegar responsabilidades. O sucesso da sua empresa passa por essas duas práticas.

. Por: Daniel Augusto Maddalena é consultor especialista em cooperativismo e empreendedorismo.