Posicionamento da ABAD em relação ao aumento da Selic, em nota

“ O segmento atacadista distribuidor, que trabalha com bens de consumo básico das famílias, tem tradicionalmente se mantido contra as elevadas taxas de juros. Queremos crer que a decisão do Banco Central no dia 17 de abril (terça-feira), em aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, seja uma medida pontual. Esperamos também que futuros aumentos sejam considerados com a devida prudência e parcimônia.

Entendemos que os juros altos desestimulam os investimentos na produção e atraem capital especulativo que nada acrescentam ao desenvolvimento do país.

Ao aumentar o custeio das empresas, juros elevados também começam a ameaçar a manutenção dos níveis de emprego, que é parte importante do cenário que tem ajudado o país a manter algum crescimento, pela via do consumo. Não por acaso, trabalhadores já começaram a protestar contra a alta da Selic.

Aproveito para lembrar que, no setor atacadista, trabalhamos com um horizonte de três ou quatro meses à frente. E não temos sentido, nas empresas do setor, nem nos fornecedores da indústria, pressão tão assustadora como a que vem tomando corpo na mídia.

O próprio FMI prevê queda nos preços de bebidas, alimentos e commodities agrícolas este ano, o que deve refletir positivamente sobre a inflação também no Brasil.

Sabemos, porém, que a inflação é igualmente danosa para a economia. O que nos preocupa, portanto, é se a dose do remédio será de fato adequada à gravidade da doença.

Sob o pretexto de combater a inflação, não seria justo voltar a praticar taxas ainda mais altas do que o setor produtivo já suporta hoje, sempre lembrando que os juros brasileiros, mesmo em níveis historicamente baixos, ainda são altíssimos.

Não custa voltar a repetir que os remédios mais eficazes para equilibrar a economia são o controle eficiente dos gastos públicos, a tributação justa e transparente, além de marcos legais que proporcionem um ambiente de negócios confiável e indutor do crescimento sustentado”.

José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD).