Por que o dólar subiu com a alta da Selic?

“Esta alta não representa qualquer tipo de tendência de alta de juros que possa, de fato, incentivar o capital externo à migrar ao país”, explica Fernando Bergallo, gerente de câmbio simplificado da TOV Corretora.

“Houve decisão pela alta na taxa Selic, ratificando posição do Banco Central esperada pelo mercado - por conta da taxa crescente de inflação que estourou a meta. O impacto de uma alta de juros no mercado de câmbio é sempre de queda na cotação da moeda, uma vez que o juros mais altos no Brasil tendem a causar uma maior entrada de dólares no país, e consequente desvalorização da moeda.

De forma anormal, desta vez, a alta da Selic não causou este tipo de fluxo de entrada (tivemos uma alta no dólar ontem, e nova alta seguida hoje, com quase 2 % de alta em apenas dois dias). Esta alta não representa qualquer tipo de tendência de alta de juros que possa, de fato, incentivar o capital externo à migrar ao país. Ja existem vários sinais de desaceleração do consumo e do comério, que indicam que esta alta pontual de 0,25% foi realizada apenas por conta de alguma pressão do governo, que perdeu o controle da inflação. Isto é particularmente ruim, pois indica que temos um Banco Central atendendo os interesses do poder executivo, o que contraria o principio basico de que o Bacen deve ser uma autarquia com absoluta independencia.

Sobre a expectativa futura, podemos dizer que caso ocorra de fato uma mudança de direção na curva de juros (que vinha sendo decrescente desde 2011), certamente teremos um impacto no câmbio causando desvalorização do dólar no médio prazo. No entanto, isto é pouco provavel devido aos indicadores de desaceleração da economia, que indicam não haver necessidade de novas altas nas próximas reuniões do Copom. Desta forma, parece que, no médio prazo, não deve haver grande impacto na taxa cambial ocorrida em consequência das próximas reuniões do Copom para deficição da taxa basica de juros da economia (Selic)”.