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CANAIS

25/04/2013 - 06:44

O Desejo, excitação e o prazer

Ela tem prazer, ele tem prazer. O número de relações por semana é conveniente e satisfatório para os dois. Ele gosta do que ela gosta, enfim, estão equilibrados. O casamento é para a vida toda: sem filhos, com os filhos, depois dos partos, com filhos e seus problemas, com desemprego do marido, com tensão pré menstrual das esposas, com as sogras, enfim, mil coisas. É, portanto rara, a situação de equilíbrio emocional perene.

São muitas as fases pelas quais passa um casal. Conforme elas se estabeleçam, poderá haver um desequilíbrio da relação e daí surgirem os problemas. Muitas mulheres me procuram quando numa fase do casamento, têm mais dificuldade para atingirem o orgasmo. A dedução da maioria delas é que devem ter algo errado em relação a sua dosagem hormonal, quando na verdade isso nem sempre acontece.

Da mesma maneira, homens me relatam que não conseguem mais ter uma ereção duradoura. Chegam até a tê-las, mas se demoram um pouquinho para a introdução do pênis na vagina, as perdem e não mais conseguem ter a relação.

No caso das mulheres, dois fatores devem ser considerados: a resposta sexual e o orgasmo. As duas coisas não são dependentes do estrogênio (hormônio) e podem persistir por toda a vida se ela não tiver os dois fatores que se seguem comprometidos: a condição de desejo e a excitação.

Nos homens o mesmo acontece, mas um fator pode ser acrescentado: o medo do fracasso. O medo de não ter potência, a frustração da falha muitas vezes tomada como uma diminuição de sua virilidade.

Quando falamos de mulheres em menopausa, o libido pode estar diminuído por uma baixa autoestima, muitas vezes, por perdas de formas ideais corporais e a monotonia da ligação afetiva e daí a falta de estimulo. Quanto ao orgasmo, pode deixar de ser tão intenso, existe uma diminuição das contrações vaginais e redução da capacidade multiorgástica , mas nem por isso a relação passa a ser menos prazerosa ou satisfatória.

É preciso sempre lembrar que enquanto uma mulher está chegando a menopausa, na maioria dos casais, seu marido está se tornando um “andropáusico”. Diante de um fracasso do parceiro poderão imaginar-se menos atrativas, não mais sendo merecedoras de seu amor ou ainda pior, que a esteja traindo.

Muito comum também são os casais em que ela é muito mais nova que ele. Quanto casaram ela tinha 30 e ele 55. Na época, as relações sexuais eram ótimas em número suficiente e muito prazerosas. Atualmente ele está com setenta e ela com 45. Ela com todos seus estímulos sexuais presentes e necessitando serem satisfeitos e ele, ao contrário, com todos os receios de não corresponder a ela e com características da andropausa, onde a presença do desejo sexual não é capaz de produzir uma resposta imediata em potência. Há a necessidade de um maior tempo e uma estimulação tátil mais intensa para produzir a ereção. Essas, tendem a ser menos firmes e só se aproximam de sua plenitude , quando perto da ejaculação. Normalmente o homem nessa fase, controla melhor o tempo para ejacular, mas o volume de seu sêmen é menor e o período refratário se torna maior. Esse casal, precisa de esclarecimentos quanto a sua sexualidade

Para todas as idades, é possível haver uma interrupção da capacidade de desenvolver uma relação normal: na fase do desejo, da excitação ou mesmo a pré orgástica. Quando isso acontece estamos diante de um caso de “ Disfunção sexual”. Essa é a situação clínica mais freqüente encontrada nos consultórios clínicos de Sexologia. (Resposta Sexual : Gerson Lopes e Fabiana Vale).

Poderemos classificar essas disfunções em: Disfunção do desejo; Disfunção da Excitação; Disfunções do Orgasmo; Dispareunia ou Vaginismo; Síndrome de Peyronie e Parafilias.

A Disfunção do desejo é também chamada frigidez. O homem ou a mulher, não se interessam pelo sexo oposto que não o/a excita e nem sequer provoca seu desejo. É preciso analisar nesses casos se não existe um distúrbio de identidade sexual ou mesmo de inadequação sexual. O Ginecologista, (o profissional mais procurado para esses casos) deverá sugerir também a participação de alguém da área psíquica em busca de soluções.

As Disfunções de Excitação, são normalmente disfunções eretivas (para ele) ou de lubrificação( para ela). O que temos a considerar aqui são, não só a presença de razões físicas, mas também psicológicas. Nem sempre existe a necessidade de um outro especialista. Muitas vezes algumas consultas com o casal levam a bom termo a intervenção.

A Disfunção do Orgasmo é a disfunção do prazer, onde a mulher não chega ao orgasmo e o homem não chega ou demora muito para chegar a ejaculação. É a anorgasmia. A primeira procura diagnóstica deverá ser a de fatores físicos que possam contribuir para essa situação, principalmente se é um fenômeno que passou a acontecer com um dos membros do casal de uma determinada época em diante.

Dispareunia e Vaginismo aparecem mesmo na presença de desejo excitação e orgasmo. Enquanto a dispareunia é a ocorrência de dor nas relações, o vaginismo é a incapacidade de deixar-se penetrar por uma contração espasmódica e involuntária da musculatura vaginal. Teremos que esclarecer aqui se não existem razões físicas de ambos os membros do casal para isso. Infecções vaginais, no caso de dispareunias e traumatismos sexuais no caso de vaginismo são muito comuns.

A Disfunção conhecida como Doença de Peyronie é a disposição de placas fibrosas no tecido peniano, causando deformação do órgão que fica as vezes completamente torto, impedindo a penetração vaginal ou causando dor para a mulher. Terapias cirúrgicas existem, mas o resultado nem sempre é satisfatório.

Parafilias -Na verdade as disfunções analisadas se resolvem de maneira clinica cirúrgica ou psicanalítica bem mais facilmente do que distúrbios da preferência sexual ou Parafilias. A pessoa parafílica, realiza atos inusitados ou extravagantes para sua satisfação sexual assim em relação a pessoa ou objeto do prazer temos : Pedófilos,Zoófilos, Gerontófilos, Necrófilos, Urófilos ou os Coprófilos. Em relação ao método temos : Sadismo, Masoquismo, Exibicionismo,Travestismo, Escaptofilia, Frotismo, Clismafilia, Bracproctosigmoidismo e Voyerismo. O/a párafilico /a vive a margem da sociedade, sendo um sofredor, um doente social e na maioria das vezes um doente mental.Existem vários graus de parafilia. Muitas vezes algum traço pode existir sem que o parceiro se dê conta que está presente, pelo menos no início das relações como veremos num caso a frente.

Encaminhamentos -O aconselhamento sexual, buscando elementos do casal que facilitem seu desempenho sexual através de uma abordagem externa para chegar ao indivíduo, difere da terapia sexual, onde tentamos uma abordagem interna. A abordagem da terapia sexual é focal embora ajam casos que o indivíduo/casal é atingido como um todo. Ganhos paralelos podem acontecer , como por exemplo a melhora da autoestima, da segurança etc.

Na primeira metade do século XX os casamentos historicamente eram realizados sem experiência sexual comum do casal. Isso levava a sofrimentos muito grandes, quando se descobria ser o parceiro portador de alguma disfunção sexual. Com o aparecimento dos anticoncepcionais orais o horizonte se tornou mais azul. Hoje se casa com muito mais conhecimento da sexualidade do parceiro/a, o que lhe agrada ou não, enfim, casa-se com mais segurança.

Posso dizer que os casos mais comuns hoje em dia de problemas sexuais dizem respeito, a realização do outro como profissional , a freqüência das relações, ou a problemas físicos e emocionais não tão patológicos como os distúrbios de objetos ou métodos. Isso não quer dizer que não encontremos verdadeiras aberrações.

.Por: Rubens Paulo Gonçalves, Médico pela PUC do Paraná,Ginecologista e Obstetra pela Febrasgo, com residência no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Rubens Paulo Gonçalves, mora em São Paulo e trabalha desde 1971 no Hospital Albert Einstein, na Pro Matre e no Hospital São Luiz, além de dirigir o Centro Ginecológico e Obstétrico Paulista. Também, é autor de três livros com temática médica: Gravidez para Grávidas, Desafio da Menopausa e Envelhecer Bem e escreve atualmente para seu site: www.rubenspaulogoncalves.com.br

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