Gilbertinho, o bombeiro da presidência petista

No torvelinho da crise do mensalão, Duda Mendonça "abria tudo" no Congresso Nacional, Lula atingia os píncaros do stress, ministros (inclusive Dilma), aconselhavam a renúncia, mas o presidente, no melhor estilo janista, dizia que seria fortalecido pelos braços do povo, sem a bazófia do renunciante.

Para tirar a fervura da água, sugeriu que se enviasse Gilberto Carvalho, o "Gilbertinho", para executar determinadas missões importantes e contornar os abrolhos. Depois, coube ao hábil advogado, ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, encontrar-se madrugada afora com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, único personagem capaz de conter a oposição e garantir a governabilidade. A amabilidade do opoente só foi infirmada por um único cafezinho requentado servido por Dona Rute. Tais fatos foram retratados num excelente especial do Valor Econômico.

Hoje, Gilbertinho volta à ribalta da magia dos nós em pingos d'água. Rose Carvalho, ou simplesmente Rose, é investigada por Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, por ordem da Presidente Dilma, porém Gilberto Carvalho tenta avocar o procedimento, sob o fundamento de que malfeito junto à presidência deve ser averiguado pela secretaria-geral da presidência; é dizer, controle, só "intra muros". Aliás, externo seria o controle exercido pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, já que a conduta resvalou, a julgar por quanto divulgado, indubitavelmente para o ilícito do tráfego de influência. No mínimo. Nem mesmo a Casa Civil seria o órgão idôneo para apurar os fatos atribuídos ao Rasputim feminino de Lula.

Certamente as conclusões - paralelas - porque Dilma deu de ombros ao pleito do Secretário, expendidas pela Secretaria-Geral da Presidência, não serão um "bill of indennity" para a ousada bancária que logrou penetrar nos meandros do poder, mas, de qualquer modo, foi fornecido a seus advogados um precioso material de defesa; que, obviamente, não foi motivado por suas apregoadas virtudes estéticas, mas pela imperiosidade de preservar-se um mito.

.Por: Amadeu Garrido, advogado.