Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

14/05/2013 - 10:47

O que você precisa saber a respeito das vacinas do Vírus HPV

Os HPV's (Papiloma Vírus Humano) constituem um grupo de mais de 150 tipos diferentes de vírus. Destes, aproximadamente 40 são facilmente transmitidos de uma para outra através do intercurso sexual, seja ele genital, oral ou anal. Aproximadamente metade das pessoas com vida sexual ativa se infectarão com um ou mais subtipos do vírus ao longo da vida e por isso o HPV é considerado a infecção sexualmente transmissível mais comum do mundo. Pesquisas recentes mostram que 42,5% das mulheres são portadoras de alguma cepa de HPV no trato genital, ao passo que 7% da população geral possuem o vírus alojado na orofaringe.

Os HPV's sexualmente transmissíveis são classificados em duas categorias: 1- Baixo risco: não causam câncer e são frequentemente associados às verrugas na região genital e anal (condilomas). Os subtipos 6 e 11 são responsáveis por mais de 90% delas e 2- Alto risco ou oncogênicos: podem causar câncer. Pelo menos 12 subtipos diferentes já foram identificados, sendo o 16 e o 18 associado à maioria das neoplasias relacionadas ao HPV.

Os HPV's oncogênicos são responsáveis por aproximadamente 5% do total de casos de câncer no mundo. A maioria das infecções, entretanto, são autolimitadas e se resolvem espontaneamente dentre 1 a 2 anos do contágio sem levar a qualquer processo de malignidade. Neste contexto, o próprio sistema imunológico trata-se de suprimir ou eliminar o microrganismo. Por outro lado, infecções persistentes podem levar a alterações citopatológicas irreversíveis nos tecidos que revestem a mucosa genital e oral (denominadas lesões pré-malignas, displasias ou atipias) que, se não tratadas, podem levar ao aparecimento de câncer em aproximadamente metade dos casos. Estima-se ser necessário cerca de 10 a 20 anos desde o contágio até a manifestação clínica da neoplasia.

Virtualmente todos os casos de câncer de colo do útero (cervical) estão relacionados ao HPV, sendo que 70% são causados pelos subtipos 16 e 18. Eles também são responsáveis por 85% dos cânceres do canal anal e cerca de 50% dos casos de neoplasia vulvar, vaginal e peniana. Mais recentemente o HPV tem sido incriminado como causador de alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço. O subtipo 16 está presente em cerca de 50% dos espécimes de tumores de orofaringe. A incidência dos tumores de cabeça e pescoço relacionados ao HPV tem crescido de forma importante nos últimos 20 anos e acredita-se que no ano de 2020 a sua incidência ultrapassará a de câncer cervical nos Estados Unidos.

O diagnóstico de infecção pelo HPV é feito através da pesquisa do DNA/ RNA do vírus na amostra do tecido da mucosa genital, anal ou oral em local suspeito. Não é possível identificar a presença do vírus através de exames de sangue. Isso ocorre porque usualmente a infecção se restringe às camadas mais superficiais do epitélio. A maneira mais eficaz de evitar a infecção pelo HPV é abster do contato sexual com outra pessoa. Para aqueles com vida sexual ativa uma relação monogâmica duradoura com parceiro não infectado é a estratégia mais provável de prevenir o contágio. O problema é que, por se tratar de infecção assintomática, é difícil determinar se o parceiro que teve vida sexual ativa no passado está ou não infectado pelo HPV. Pesquisas tem mostrado que o uso correto e consistente de preservativo pode diminuir a chance de contaminação. Entretanto trata-se de método não 100% eficaz, uma vez que áreas não cobertas pela camisinha podem estar infectadas pelo vírus, transmitindo assim a infecção.

Desde o ano de 2006 o FDA (Food and Drug Administration), autarquia norte-americana responsável pela aprovação do uso de medicamentos, aprovou duas vacinas anti-HPV: Gardasil® e Cervarix®. Ambas previnem infecções contra o HPV 16 e 18, os principais causadores do câncer de colo uterino e de canal anal.

Gardasil® é também chamada de vacina quadrivalente. Ela é ativa contra quatro subtipos de HPV: 6, 11, 16 e 18. Os dois primeiros são agentes etiológicos das verrugas genitais. A vacina é aplicada em três doses ao longo de seis meses. Usualmente a segunda dose é dada dois meses após a primeira e a terceira dose quatro meses após a segunda. O FDA aprovou o uso desta vacina em mulheres para a prevenção de câncer de colo uterino e alguns tipos de câncer vulvar e vaginal. Seu uso também foi aprovado para homens e mulheres para prevenir câncer do canal anal e verrugas genitais (condilomas). A faixa etária recomendada para a aplicação da vacina é de 9 a 26 anos.

A Cervarix®, também chamada de bivalente, confere proteção para dois subtipos de HPV oncogênicos: as cepas 16 e 18. Está aprovado seu uso em mulheres de 9 a 25 anos para a prevenção de câncer de colo uterino. Sua aplicação também se dá em três doses no decorrer de seis meses.

Nenhuma dessas vacinas confere comprovada proteção para outros subtipos de HPV, embora estudos incipientes mostrem uma possível proteção parcial a outras cepas do vírus que potencialmente podem causar câncer. No geral, 30% dos tumores cervicais não são prevenidos assim como 10% dos casos de condilomas (no caso da Gardasil®). Além disso, nenhuma delas previne contra outras doenças sexualmente transmissíveis nem tratam infecções por HPV já existentes no momento da aplicação ou câncer cervical. Devido ao fato dessas vacinas não conferirem proteção a todas as cepas oncogênicas do HPV, mulheres vacinadas devem continuar sendo submetidas a testes de rastreamento.

Estudos mostram que Gardasil® e Cervarix® são vacinas altamente efetivas contra suas respectivas cepas de HPV (próximo de 100% de eficácia) e têm efeito prolongado por pelo menos oito anos (tempo de seguimento dos estudos até o momento). Sua administração é segura, tendo como efeito colateral mais comum reações no local da aplicação (edema e desconforto). Reações adversas graves são raras, embora se recomende repouso e observação por 15 minutos após a aplicação da vacina pelo risco de síncope (alguns casos descritos).

Acredita-se que a vacinação em massa da população possa reduzir a mortalidade por câncer HPV relacionados em até dois terços. Além disso, a vacina pode ter um impacto positivo na redução do número de procedimentos médicos invasivos relacionados ao diagnóstico (no caso de exames de Papanicolau alterados), reduzindo assim a ansiedade dos pacientes e impactando positivamente na distribuição dos recursos econômicos da saúde. Trata-se de avanço importante no que diz respeito à prevenção do câncer e deve-se haver um esforço público para disponibilizar a vacina para toda a população.

.Por: Dr . Ellias Magalhães e Abreu Lima, médico oncologista da Oncomed BH.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira