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18/05/2013 - 08:23

Cenário de imigração e a atratividade do Brasil

O Brasil figura no cenário internacional com muito mais força e representatividade do que há 20 anos. A boa evolução da economia e os esforços dos últimos governos para manter o País saudável e confiável são, sem dúvida, fatores primordiais para este posicionamento. Com os olhos do mundo sobre o Brasil, em parte devido à vitrine que os eventos esportivos representam e ao bom desempenho do País frente à crise internacional, é natural que sejamos assediados por grandes companhias e, consequentemente, por profissionais e estudantes estrangeiros. A grande discussão é: até que ponto a entrada de mão de obra estrangeira, qualificada e especializada, impacta positivamente na economia, cultura e desenvolvimento do País?

Infelizmente, o Brasil de hoje, comparado ao do início do século XX, é um País de portas e mente fechadas para os imigrantes. Embora o número de estrangeiros residentes tenha crescido nos últimos dez anos, a falta de política de incentivos por parte do governo, aliada à burocracia na emissão de vistos aos profissionais expatriados, dificulta o processo de imigração. O prazo dos processos analisados no Brasil pode levar até 45 dias. Já a documentação preliminar que é emitida no exterior pode tardar meses em razão das burocracias legais no País de origem e dos Consulados do Brasil no exterior. Esses procedimentos acabam encarecendo os processos.

Atualmente, o Brasil é o 27º país, em um ranking divulgado pela Talent, no que se refere à questão da atratividade para imigrantes. O Chile e a China são destinos para profissionais e estudantes muito mais procurados e bem posicionados, ocupando a 9ª e a 19ª posições, respectivamente. A Suíça, Cingapura e Estados Unidos lideram o levantamento. Se consideramos o percentual de estrangeiros nos países, nossos números também deixam a desejar. Enquanto Suíça lidera com 22,3%, ficamos apenas com 0,3% da nossa população.

Outro ponto que contribui para esta baixa representatividade do País como destino de imigração é o receio cultural do brasileiro. Equivocadamente, o estrangeiro é percebido como um concorrente que assume postos de trabalho tirando a oportunidade dos brasileiros. Porém, a presença do estrangeiro no convívio de profissionais brasileiros permite extrair inúmeros benefícios no dia a dia, tendo reflexos diretamente na economia, na cultura e na oxigenação do conhecimento.

Sim, conhecimento. O principal benefício que a imigração traz ao Brasil é a oportunidade de qualificar a mão de obra em nível nacional, com profissionais especializados, formados por escolas mundialmente reconhecidas e dispostos a aplicar, ensinar e transmitir o conhecimento e a tecnologia utilizados no país de origem.

É claro que em conjunto com estes fatores deve haver um esforço do governo, no sentido de melhorar a qualidade de ensino e da educação e aquisição de cultura e conhecimento no País, de forma que a massa de profissionais brasileiros, em alguns anos, seja tão competitiva, ou ainda melhor, do que vimos no cenário mundial. A imigração e a troca frequente de experiências, know how e cultura, entre outros fatores, contribui significativamente para a inovação e dinamização da economia no mundo.

Não podemos esquecer que, no início do século XX, a grande entrada de imigrantes no Brasil contribuiu para a modernização da nossa agricultura, assim como o desenvolvimento dos setores de comércio, serviços e da própria industrialização. Chegamos a ter mais de 7,3% da nossa população de imigrantes.

O brasileiro é um povo conhecido pela hospitalidade e cordialidade na recepção aos turistas, mas que, de forma geral, ainda tem muito a crescer e evoluir com a política de expatriados.

Recentemente, uma decisão da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) sinalizou que podemos ter mudanças significativas neste contexto. O órgão se empenha para reverter a situação, tanto no que diz respeito à facilitação de vistos e entrada de mão de obra estrangeira e qualificada no País, quanto no que se refere à argumentação cultural e imagem errônea de que a entrada de imigrantes no mercado de trabalho brasileiro é negativa.

A SAE/PR encomendou um estudo que mapeará, junto a 1.000 empresas estabelecidas no Brasil e que utilizam a política de expatriados, as principais dificuldades no processo de imigração. O objetivo é identificar os gargalos e avaliar possíveis planos de ação para o desenvolvimento do País neste quesito.

O grande desafio é transformar o País em um polo atrativo para profissionais de todo o mundo e aumentar a presença de estrangeiros no Brasil de 0,3% para 4% nos próximos anos. Em números absolutos, estamos dizendo em absorver uma demanda de seis milhões de imigrantes no mercado nacional.

É importante esclarecer que o Brasil já evoluiu muito em alguns aspectos imigratórios. Porém, ainda temos um longo caminho a percorrer. Em tempos de globalização, o País não pode perder esta oportunidade de crescimento, troca, miscigenação e oxigenação da filosofia e transferência de conhecimento.

Sem dúvida, com todo o cenário positivo que se desenha no Brasil, as possibilidades para crescimento são enormes. Neste sentido, precisamos nos organizar, não apenas em relação à infraestrutura, mas, principalmente, culturalmente. As mudanças e as decisões tomadas hoje terão impacto direto nas gerações futuras. Com um País economicamente estável, atrativo aos olhos do mundo e capaz de reter e absorver talentos, será possível não apenas trocar informações, mas desenvolver tecnologia e exportar conhecimento, gerado aqui, em terras brasileiras.

.Por: João Marques, sócio fundador da EMDOC, consultoria especializada em serviços de mobilidade global.

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