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23/05/2013 - 09:19

Governo avança no mapeamento de tecnologias estratégicas para o setor automotivo

Agenda tecnológica até 2025 vai orientar os investimentos do governo no setor, especialmente em híbridos e elétricos.

Brasília – Subsistemas, geradores e acumuladores de energia, motor tração, sistemas de controle de potência, sistemas auxiliares e infraestrutura para veículos elétricos híbridos plug-in. Essas são as principais tecnologias estratégicas para o setor automotivo brasileiro em um horizonte de 15 anos, segundo especialistas da Universidade de São Paulo (USP). A lista faz parte de um panorama tecnológico encomendado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) à universidade, para pautar a V Oficina Técnica da Agenda Tecnológica Setorial de Automotivo (ATS Automotivo), realizada na última segunda-feira (20/05), em Brasília (DF).

Com a lista em mãos, pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) farão uma consulta estruturada ao setor para classificar, dentre essas tecnologias, aquelas com potencial de difusão em média e alta escala nos próximos cinco anos, e em alta escala nos próximos 15 anos, no Brasil. “Com o apoio das universidades e da iniciativa privada, o governo está mapeando agendas tecnológicas que orientem seus investimentos em diversos setores industriais nos próximos anos”, explica a diretoria da ABDI, Maria Luisa Campos Machado Leal.

O diretor da Agência, Otávio Camargo, lembra ainda que esse esforço está integrado às perspectivas do Plano Brasil Maior e às propostas do novo regime automotivo brasileiro, o Inovar-Auto. “Ele inclui também um foco no fortalecimento do setor de autopeças brasileiro, que já está sendo debatido internamente pelo governo. Ou seja, há uma série de iniciativas que se conectam e fazem parte de um grande plano de desenvolvimento dessa cadeia”.

Além de ABDI, CGEE, USP, Unicamp e UFRJ, participam da construção da ATS Automotivo os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e empresas como Toyota, Mitsubishi, Renault, Nissan, Ford, Fiat, WEG e Itaipu Binacional.

A primeira reunião do grupo aconteceu em outubro de 2012, na qual as oportunidades ligadas à motorização híbrida – que combina diferentes tecnologias num mesmo veículo – e elétrica foram definidas como ponto de partida prioritário para o mapeamento. “Para chegar a uma lista de tecnologias com potencial de produção no Brasil até 2025, vamos analisar desde a estrutura produtiva e de capital até as competências tecnológicas e o potencial de mercado envolvidos nessas demandas”, explicou a diretora da ABDI. A Agência é responsável pela coordenação executiva dos trabalhos, juntamente com o CGEE.

Panorama econômico do setor -No encontro de segunda-feira, o pesquisador da Unicamp Fernando Satri apresentou características econômicas e tendências competitivas do setor automobilístico no Brasil. Ele chamou atenção para a atual desarticulação entre a demanda desse mercado – que é o quarto no ranking mundial – e sua produção e investimentos.

De acordo com os dados da Unicamp, o esforço inovativo do setor no Brasil, embora seja maior do que a média da indústria, está muito abaixo do que é realizado em outros países. “A participação do setor automotivo no gasto em pesquisa e desenvolvimento da indústria brasileira é de 16%. Porém, se analisarmos só o setor de autopeças, a situação é mais crítica (3,8%). Apenas um terço do que as empresas de autopeças investem em pesquisa e desenvolvimento vai, de fato, para novas tecnologias. Nas montadoras, essa fatia é de 50%”, afirma Satri. No exterior, esses números são superiores nos dois grupos.

O especialista chamou atenção, ainda, para as recentes mudanças na estrutura de oferta global do setor. “Houve um deslocamento da produção para países emergentes, principalmente a China, que saltou de 2 milhões de carros produzidos em 2000 para 20 milhões em 2012”, pontuou ele. De acordo com o estudo, um forte diferencial brasileiro para concorrer nesse mercado é, além da forte demanda, a tecnologia biocombustível. Outro ponto-chave é a capacidade do setor de autopeças de agregar valor ao produto. Segundo Satri, esse é um potencial superior ao das montadoras e precisa ser melhor aproveitado no Brasil.

Quanto aos veículos híbridos e elétricos, o panorama da Unicamp apresenta um contexto extremamente desafiador. Indica que essas tecnologias vão dominar o mercado global até 2017 e os puramente elétricos devem avançar mais a partir de então. As estimativas são de que, em 2020, a China esteja produzindo 1,5 milhão de veículos elétricos por ano, sendo que dados do ministério da indústria chinês projetam uma capacidade de produção em torno de 5 milhões para o país naquele ano, o que pode torná-lo um grande exportador. “E os chineses costumam superar suas estimativas”, alerta Satri.

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