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24/05/2013 - 08:39

Devemos nos preocupar com a energia durante a Copa?

Nos últimos meses o setor de energia elétrica nacional vem passando por diversos momentos de dificuldade e apreensão. Agora, muito se especula sobre como o segmento vai reagir ao imenso consumo durante o período da copa do mundo. Alguns dizem que não teremos problemas, afinal, o governo está trabalhando para que tudo ocorra com tranquilidade. Outros, se desesperam e dizem que o evento e tudo relacionado a ele, será um fracasso.

Deixando especulações de lado, vamos nos ater aos fatos. De acordo com uma pesquisa feita pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), existe o risco de faltar luz durante o evento esportivo. O motivo para o alarme é o crescente atraso nas obras que visam garantir o abastecimento de energia, novas linhas de distribuição e transmissão, além da modernização e ampliação das subestações de energia

Também podemos somar os atuais níveis nos reservatórios das hidrelétricas, que só estão melhores se comparados com os níveis registrados entre 2001 e 2002, período no qual o país passou por rigoroso racionamento no consumo de energia.

Apesar do desligamento das quatro termelétricas, movidas, principalmente, a óleo diesel, que são mais caras e menos ecológicas, o setor não está tão estável quanto parece. Estas usinas foram desligadas visando mais economia para os consumidores, mas tendo em vista que estavam ligadas desde o período úmido, não vamos sentir tanta diferença. E mesmo com todas as manobras para exonerar a conta de luz, não existe mágica, estamos pagando pelo consumo, mas através de tributos e encargos. Agora, até os geradores de energia, são obrigados a pagar um encargo para a “segurança energética”, que são eles, exatamente, os responsáveis por suprir. Daqui a pouco, o “rabo abana o cachorro”...

De acordo com o governo, o abastecimento de energia estará garantido se os reservatórios das usinas do sudeste e centro-oeste alcançarem 47% da capacidade e as usinas do nordeste, 35%, até novembro. Sendo que, neste caso, as hidrelétricas do sudeste/centro-oeste podem perder até 13% da capacidade e as do nordeste até 10%, nos próximos sete meses.

Logo, podemos concluir que o fornecimento da energia durante a copa, momento em que teremos um consumo máximo, está praticamente deixado a sorte. Estamos com empreendimentos atrasados, níveis baixos nos reservatórios e mesmo com todas as usinas termelétricas a todo vapor, o setor não vai suportar essa enorme demanda. Mas a escapatória de contratação de geradores, geralmente, à óleo diesel para “back-up”, para sustentar todos os eventos esportivos deve ser uma saída constante a ser buscada pelos organizadores. Seria um plano “B” que se tornaria, na verdade, o plano “A” o tempo todo. E esse tipo de insuficiência, se suprida com o tal plano “B”, passaria sem percepção aos olhos dos leigos. Apenas os ambientalistas reparariam. Como os eventos são temporários, tudo estaria “ok”. Seria, somente, uma “gambiarra” e não uma solução.

O que as pessoas devem entender é que não é uma questão de ser pessimista ou alarmista. A questão é muito mais importante, uma vez que no segmento energético não podemos depender da sorte, pois já dependemos muito das variações climáticas e hidrológicas. Talvez seja o momento de agir com mais cautela e assumir a gravidade da situação, para, em conjunto, definirmos uma solução eficiente. Afinal, não podemos passar por um evento dessa magnitude jogando dados à sorte.

.Por: Mikio Kawai Jr., economista pela FEA-USP, mestre em economia pela Unicamp e Advanced Executive Management pela IESE Business School. Iniciou a carreira no mercado financeiro em bancos de investimentos, tanto nacional como estrangeiro, migrou para o mercado de energia em 1998, tendo trabalhado na CPFL Energia. Atuou como gerente de suprimento de energia na AES Brasil e foi gerente de operações na Openlink (Nova York e SP). Desde 2008 ocupa o cargo de diretor executivo do Grupo Safira, companhia que atua na comercialização de energia, além de consultoria e prestação de serviços em representação de entidades no âmbito da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

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