Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

29/05/2013 - 10:38

Riscos climáticos e investimentos

Os benefícios para o planeta de ações ambientais conscientes por parte de indivíduos, comunidades e empresas são facilmente compreendidos e disseminados. Porém, uma preocupação cada vez maior atinge investidores de todo o mundo: e para os negócios? Qual o impacto da postura de uma companhia quanto ao capital natural em seu desempenho financeiro? No mundo de hoje é imprescindível que os investidores procurem cada vez mais empresas que reportam suas ações em relação ao meio ambiente. E, claro, que tais ações sejam cada vez mais bem-sucedidas no combate às mudanças climáticas e à escassez de capitais naturais, como água e florestas.

Uma chuva em outro continente pode afetar a produção de uma matéria-prima vital para uma empresa brasileira - e fazer a companhia crescer menos ou até decrescer naquele exercício. Uma seca ou uma inundação em determinado local pode impactar diversos negócios ao redor do globo. Em 2011, por exemplo, a Intel perdeu US$ 1 bilhão em receita e a indústria automotiva japonesa perdeu US$ 450 milhões em lucros, como resultado da interrupção dos negócios causada pelas enchentes que atingiram fornecedores na Tailândia.

Em um mundo com mais de sete bilhões de pessoas e um nível de CO2 que atinge a marca de 400 ppm (partes por milhão) na atmosfera (quando o indicado seria 350 ppm), a mudança climática vai (e precisa) ser cada vez mais incorporada à estratégia de negócio. Tal fenômeno atinge diretamente a economia: estimativas preveem que, até 2030, o PIB mundial pode cair até 3,2%. Um recente relatório do Banco Mundial fala em perdas financeiras de R$ 15 bilhões no Brasil entre 2008 e 2011; perdas estas ligadas a desastres naturais que aconteceram em quatro estados: enchentes em Santa Catarina (2008), pior estação de chuvas em duas décadas em Alagoas e Pernambuco (2010) e inundações e deslizamentos na Região Serrana no Rio de Janeiro (2011).

Hoje, já é fato que companhias mais preocupadas com o meio-ambiente têm desempenhos melhores em bolsas de valores. Informações do relatório Carbon Action 2012, elaborado pelo CDP, ONG que trabalha para prevenir as mudanças climáticas, proteger os recursos naturais e criar prosperidade a longo prazo por meio da alocação eficiente de capital, apontam que as empresas que reportaram investimentos em projetos de energia limpa e redução de carbono tiveram um retorno positivo de investimento (ROI) de 33% ou um retorno total em até três anos.

Por tudo isso, cada vez mais, é fundamental que fundos de pensão, bancos, fundações, seguradoras, gestores de ativos e até o pequeno investidor tenham acesso a informações para analisar o risco climático em uma empresa. Eles não precisam abrir mão de sua rentabilidade para investir em empresas mais saudáveis também do ponto de vista ambiental. Um levantamento feito pela Anbima mostra que, no primeiro semestre do ano passado, fundos de ação da categoria sustentabilidade e governança renderam, em média, 13,69% acima dos grupos Ibovespa Ativo (5,55%) e IBrX Ativo (7,81%).

Colocando-se este fato na balança, ao lado de estudos do BID que estimam que o aumento das temperaturas pode causar perdas avaliadas em US$ 100 bilhões por ano até 2050, a relevância do fator meio-ambiente na tomada de decisões torna-se fundamental. Esta pesquisa do BID, elaborada junto com a Comissão Econômica da América Latina e o Caribe (CEPAL) e a World Wildlife Fund (WWF) e apresentada durante a Rio+20, mostra que tais perdas seriam resultado direto de eventos como impactos climáticos na produção agrícola e mudanças nos padrões pluviais. O texto do BID estima que em 2050 "a região experimentará perdas de exportações agrícolas US$ 30 bilhões a US$ 52 bilhões.

Para conhecer este perfil da empresa, o investidor deve cobrar da mesma o reporte de informações nas áreas ambiental, social e de governança para saber o que está suportando a geração de receita da empresa, evitando a exposição do seu investimento a riscos que não são evidenciados pela análise de fatores econômico-financeiros

Um fator para encorajar investidores e empresas a integrar a mudança climática na sua estratégia é a correlação observada entre um melhor desempenho nas bolsas de valores e a participação nos índices Carbon Performance Leadership Index (CPLI) e Carbon Disclosure Leadership Index (CDLI). As empresas participantes de ambos os índices ofereceram aproximadamente duas vezes mais retorno financeiro aos investidores no período de 2005 a 2012, uma tendência clara de que uma gestão de carbono eficiente impacta positivamente o desempenho econômico-financeiro.

.Por: Fernando Eliezer Figueiredo e Juliana Lopes, respectivamente, diretores para o Brasil e para América Latina do CDP.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira