Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

30/05/2013 - 09:20

Pequena variação dos juros não soluciona problemas econômicos

Na atual conjuntura econômica, a pequena variação da taxa básica de juros (7,5% ou 7,75%, conforme decide o Copom neste 29 de maio) não deverá ter influência significativa. O País precisa, sim, de ações mais profundas para continuar enfrentando com sucesso a crise mundial e retomar índices mais consistentes de crescimento. Afinal, foi preocupante verificar a tímida expansão do PIB no primeiro trimestre, de apenas 0,6%, conforme divulgou o IBGE.

É importante manter a Selic no patamar mais baixo possível, mas adotando simultaneamente medidas urgentes para conter os gastos públicos e resgatar a competitividade da indústria. Ao reduzir as suas despesas, melhorando o superávit primário, o governo reduz os juros no serviço da dívida estatal e atenua o impacto desses títulos no conjunto da economia.

Para se conter a inflação, o mais urgente, porém, é resgatar a competitividade da indústria, pois a forte pressão sobre os preços resulta de demanda aquecida. Estamos pagando em dólar por boa parte dos manufaturados que compramos no varejo. Nosso consumo segue aquecido, mas cada vez mais abastecido por produtos fabricados no Exterior. Juros altos, impostos exagerados, burocracia e demais componentes do “custo Brasil”, como o crescimento dos salários descolado da produtividade, continuam inviabilizando nossa indústria na competição com empresas concorrentes de países nos quais os custos para produzir são menores.

Reitero a observação que fiz em artigos e entrevistas, de que o País enfrenta uma estranha inflação de demanda, pois a indústria nacional, premida pelo “custo Brasil” e a concorrência desigual de alguns países não consegue competir com os importados em numerosos segmentos. Por isso, nossos consumidores estão pagando em valor equivalente ao dólar por numerosos produtos. Se baixarmos o dólar, aí é que não exportamos mais nada; temos que rever com urgência o câmbio, porém, se aumentamos muito, podemos gerar alguma inflação na ponta do consumo. Por isso, temos de resgatar com urgência a competitividade da indústria, de modo que os brasileiros passem a comprar mais manufaturados nacionais. Para isso, é necessário ampliar a desoneração da folha de pagamentos e a redução de impostos para mais setores industriais, em especial aqueles cujos produtos têm peso significativo no orçamento das famílias e na composição do IPCA.

Exemplos são os livros e embalagens de alimentos e medicamentos, que são essenciais. Chegamos ao cúmulo de vermos centenas de toneladas de livros brasileiros sendo impressos na China. Estamos falando de produtos impressos que poderiam muito bem estar sendo supridos pelo parque gráfico nacional, constituído por 20 mil empresas que empregam mais de 220 mil trabalhadores. Se a indústria brasileira produzir aqui o que os brasileiros precisam e querem consumir, matamos o risco de inflação e, com certeza, retomaremos o crescimento econômico bem acima dos pífios indicadores de 2012 e do primeiro trimestre de 2013.

.Por: Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional) e do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo (Sindigraf-SP).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira