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04/06/2013 - 10:11

“Escadas”, de Carmela Gross chega em junho à Casa França-Brasil

Artista paulistana traz ao Rio sua produção recente, que brinca com a oposição e a ambiguidade de ideias, conceitos e sensações. E convida Marcelo Cidade a ocupar o Cofre.

Com uma obra de repercussão internacional e presença em coleções importantes, como as do Museum of Modern Art (MoMA/NY, EUA), da Pinacoteca de São Paulo, do MAC e do MAM de São Paulo, do Museu de Arte de Brasília e do Museum of Fine Arts de Houston, EUA, Carmela Gross não apresentava uma individual no Rio desde 1994. O convite para ocupar o espaço neoclássico da Casa França-Brasil – instituição vinculada à Secretaria de Estado de Cultura (SEC) – trouxe desafios e, ao mesmo tempo, a oportunidade de amplificar alguns conceitos com que a artista vem trabalhando nos últimos anos. Com inauguração dia 4 de junho (terça-feira) às 19h e visitação a partir de 5 de junho (quarta-feira), a exposição “Escadas” é realizada e patrocinada pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Casa França-Brasil e Citroën.

Palco de sensações-Escadas, a obra que dá título à mostra, toma de assalto o vão central da Casa França-Brasil.

? Esta obra, concebida no ano passado para o Sesc Belenzinho/SP, foi reprojetada para se adequar ao novo espaço. Os dois lugares, ainda que diferentes, guardam entre si uma simetria ? diz a artista. Para Carmela, as escadas “sabotam” a amplitude do lugar. ? É como um assalto, uma invasão, um ataque surpresa ? diz. ? Além de serem fáceis de carregar e de armar, as escadas são máquinas simples, que decompõem o esforço do corpo para atingir alturas desejadas pelo olhar. E, apesar de hoje serem utensílios banais para nós, são muito mais que isso. Nasceram como máquinas de guerra.

De vários tamanhos, modelos e materiais, as escadas serão dispostas lateralmente no espaço. A artista escolheu escadas industriais disponíveis no mercado: ? A ideia era reforçar ainda mais o sentido de “utensílio” ? escadas de alumínio, de madeira, extensíveis, duplas, de encosto, de pintor, de diferentes tamanhos e proporções.

A luz de centenas de lâmpadas fluorescentes brancas, acopladas aos degraus e às traves de todas elas, intensifica visualmente as estruturas. ? Está em cena, também, o papel simbólico da escada como instrumento de alcançar as alturas ? conta Carmela. ? O conjunto dessas peças realça tanto o banal implícito no utensílio escada quanto a dimensão de poder, de ascender às alturas, ou mesmo a de domínio, associada à sua função na guerra.

Na sala 2, a artista apresenta Escada de Emergência – um desenho luminoso no espaço, que evoca a ideia de duas escadas, feitas com lâmpadas tubulares verdes e vermelhas sobre tripés metálicos. – Aqui falamos de saídas virtuais, de evacuação do espaço, de perigo anunciado, a que todos estamos sujeitos no dia a dia.

A Sala 3 apresenta outro tipo de enfrentamento: mais de 300 peças semelhantes a cobras, fundidas em latão e banhadas em níquel, serão dispostas por todo o chão da sala. Elas mexem com sensações simultâneas de repugnância e de atração. A beleza dos objetos contrasta com a simbologia do animal rastejante e ameaçador.

A mostra exibe também “Luz Del Fuego”, vídeo de 2012 que reúne imagens documentais de incêndios publicadas em jornais, entre 2007 e 2011. Na obra, a imagem do fogo conduz a narrativa e aponta para transformações radicais de ordem política e social.

A artista -Carmela Gross é formada em arte na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP/SP), além de Mestre e Doutora em Artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde leciona até hoje. Sua consagrada carreira inclui dezenas de prêmios, intervenções em espaços públicos e mostras individuais de sucesso no Brasil e em países como México, Espanha, França, Holanda e EUA. Participou de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo. Nos anos recentes, destaca-se a celebrada exposição “Um corpo de ideias”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2010).

Quase nada, de Marcelo Cidade, dá vida ao Cofre -Uma valorização crescente do espaço do Cofre vem acontecendo depois que a Casa França-Brasil sugeriu ao artista da exposição principal convidar um artista de sua escolha para ocupá-lo. ? É uma estratégia que tem dado certo por promover um diálogo interessante entre as obras e as trajetórias dos artistas. Assim foi com José Rufino e Efrain Almeida, com Laércio Redondo e Daniel Steegmann e será, agora, com Carmela Gross e Marcelo Cidade ? constata Evangelina Seiler, Diretora da Casa França-Brasil.

Marcelo Cidade, também paulistano, escolheu para o Cofre o vídeo Quase nada (2008), que fez parte da individual de mesmo título, exibida na Galeria Vermelho/SP, em 2012. Em entrevista ao Instituto Goethe, o artista explica que o título tem uma relação indireta com a obra Quase cinema, de Hélio Oiticica, em que o autor constrói um vídeo a partir de imagens congeladas, editadas em sequência frenética: um grupo de pessoas em atitude suspeita de arrombamento e invasão, com as identidades protegidas por uma barra preta, põe em prática uma intrusão no espaço privado. O espectador pode entender que se trata de uma ação ilegal, mas não consegue identificar do que se trata. Quase nada põe em questão a legitimação do registro como documento real – um limbo entre a veracidade documental e a construção ficcional, que questiona o real entendimento de atos de vandalismo a partir de sua documentação.

O artista - Marcelo Cidade conquistou o Prêmio Extra 2007 da Escola São Paulo e foi artista residente no Centro Saint-Nazaire de Arte Contemporânea, em Paris. Tem participado de coletivas e individuais em vários países, como França, EUA, Itália, Brasil, Colômbia e Espanha, entre outros.

Projeto In Drama II: performances de Zélia Duncan interagem com “Escadas” -Zélia Duncan, artista convidada da segunda edição do Projeto In Drama, fará três performances na Casa França-Brasil nos dias 5, 6 e 7 de junho, às 19h. A artista vai interagir com as obras em exposição, conforme o conceito do projeto. Desde 2011, o In Drama tem trazido artistas como João Saldanha, Felipe Rocha e Alex Cassal ( Foguetes Maravilha), Domenico Lancelotti, Guga Ferraz, Dani Lima, Christiane Jatahy, Lia Rodrigues e agora Zélia Duncan, cujas performances dialogam com as obras em exposição. Concebido e dirigido por Christiane Jatahy, o In Drama surgiu a partir de um convite da Casa França-Brasil. Todas as performances são abertas ao público, com capacidade para 80 pessoas.

.[Escadas, de Carmela Gross.: Projeto Cofre: Quase nada, de Marcelo Cidade, na Casa França-Brasil, visitação de 5 de junho a 28 de julho de 2013,de terça a domingo, das 10h às 20h, na Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro do Rio de Janeiro. Mesa-redonda e lançamento do catálogo da mostra: 18 de julho de 2013, às 18h.Entrada franca. | Tel.: (21) 2332-5120 |Produção: Patuá].

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