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04/06/2013 - 10:24

Brasil, novamente Brasil

Os brasileiros parecem cumprir uma sina invariável. Ao se aproximar a terra prometida, o mar Vermelho não se abre e suas ondas gigantescas nos fazem voltar ao cativeiro.

A política de substituição de importações de Getúlio Vargas, conduzida a ferro político, só durou enquanto tinha curso a segunda guerra mundial. Diversamente de outros países, não tivermos a esperteza, como o fez a Argentina, de extrair benesses dos despojos da hecatombe mundial. Pode não ter sido ético, mas no plano de nações em guerra, salvou-se quem pôde.

O governo Kubitschek prometeu o desenvolvimento definitivo em cinco anos. O que angariamos foi o maior endividamento externo do país em todos os tempos.

Os que o sucederam foram abalados por crises políticas, nas duas eras Jan-Jan, de tal modo que não foi possível escrever um "script" sério e de longo prazo sobre esse período conturbado de nossa história, sob o ângulo econômico.

A experiência militar de exceção, no plano da economia, em que pesem os vinte anos de poder, foi baseada no grandiloquente milagre econômico: tudo não passou de "projetos impacto", anunciados pela redentora, superficiais e cosméticos, com o PIS, o Funrural e, entre outros, o FGTS; este último ainda motiva nossas lideranças sindicais, sem atentar, ou não querendo ver, que, por esse sistema, a aposentadoria por tempo de serviço é paga pelos próprios consumidores, é dizer, os trabalhadores que seriam seus grandes beneficiários, e que sua capitalização é infima, inferior às taxas inflacionárias, além de seus recursos serem utilizados com desvio de finalidade.

Há cinco anos, finalmente o Brasil estaria prestes a decolar: a bola da vez. Sua excepcional arrancada era lugar comum dentro e fora do país. Respiramos com alívio. A crise americana de 2007/2008 e o abalo europeu não nos atingiriam. Pelo contrário, seríamos a outra tábua da gangorra, inclusive a emprestar dinheiro ao FMI para que este socorresse os "loiros de olhos azuis". Estávamos fortes e blindados, aqui a agitação do mar não passaria de "marolinha". Éramos "bric" e brilharíamos no planeta como a seleção de futebol.

Para os economistas sérios, sobrava um ceticismo irrevelado, já que as vacas gordas eram tangidas por um carisma cujo enfrentamento se mostrava politicamente suicida. A própria oposição se rendeu a esse expectro ilusório e sua tibieza permitiu a eleição do poste.

Entretanto, como a economia não é uma simples brincadeira na areia da praia, um país com educação precária, desprovido de profissionais qualificados, sem política de saúde pública e prestando serviços caros e péssimos, com um direito tributário escorchante e teratológico, com inapreensível prática costumeira de corrupção, em todos os planos e órgãos de governo, entravado por uma infraestutura precária, em detrimento de sua indústria voltada para o plano nacional e para as exportações, uma burocracia de cabos eleitorais, inculta e incapaz, política profissional e de compadres, hipertrofia do Executivo que deixou o Parlamento como algo sem nenhuma importância, um Judiciário que, apesar de esforços localizados, não consegue deixar de ser uma justiça extre mamente retardatária e injusta e, ao lado de tudo isso e muito mais, um governo inepto, centralizador, preso a tópicos populistas e amarrado a composições parlamentares que já derramam muita água pelo ladrão, não poderia dar outra.

Retornamos à nossa triste sina de um país enorme, de grande potencial, porém opresso por seus sucessivos governos. Ainda que pudesse fazer mais, o governo FHC lançou as mais importantes fibras de nosso desenvolvimento, sobretudo com a indispensável estabilidade monetária, mas sua herança bendita, de que se valeu o PT sob adjetivação antípoda, parece já ter esgotado seu estoque para indicação dos rumos.

Em suma, vivemos sob uma economia débil, cuja fraqueza se constata, como é de rigor no campo econômico, por meio do cotejo com outras realidades, tanto do BRIC como da América Latina. Basta atentar para os dados divulgados em editorial do jornal O Estado de São Paulo: PIB (inho) de 0,6% nos 3 primeiros meses do ano; nesse ritmo, projeção anual de, no máximo, 2,4%; taxa de investimento de 24%, ao passo que muitos outros emergentes chegam a 25% e alguns países da Ásia a 30%. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que, nos momentos da magia, previa crescimento brasileiro para 4% e 4,1% em 2013 e 2014, já baixou suas expectativas para, respectivamente, 2,9% e 3,5%.

O que se observa é o partido do poder desesperadamente lutando pela reeleição, com fulcro em medidas, não raro precipitadas e canhestras, localizadas e impactantes, como se fôssemos um automóvel velho a trocar seus pneus carecas e suas parafusetas. Ele pode acabar no desmanche político dos iluminados. E os aliados, especialmente do PMDB, já dão indícios de que se protegerão da borrasca em lugar seguro.

.Por: Dr. Amadeu Garrido de Paula, advogado.

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