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06/06/2013 - 10:02

‘Os caminhos da construção no Rio’

Reuniu profissionais do setor no lançamento da Feira Construir Rio 2013,o mais importante evento da área do Rio de Janeiro.

Novos métodos de construção, áreas da cidade que estão sendo valorizadas, a importância das novas obras de mobilidade e infraestrutura urbana para o futuro do setor da construção: estes foram alguns dos assuntos tratados no dia 4 de junho (terça-feira), no auditório da Firjan, no debate Caminhos da construção e a moradia no Rio de Janeiro, que fez parte do coquetel de lançamento da Feira Construir Rio 2013, promovida pela Fagga | GL events Exhibitions, em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e a King Ouro, e que acontecerá de 14 a 17 de agosto de 2013 no Riocentro.

Mediado pelo jornalista Edimilson Ávila, da TV Globo, a mesa de debatedores recebeu três setores da cadeia produtiva da construção civil: o presidente do Sinduscon-RJ, Roberto Kauffmann; Elmo Esteves, da King Ouro, o maior atacadista de material de construção do Rio de Janeiro; o arquiteto e urbanista Sérgio Conde Caldas; e o arquiteto Maurício Nóbrega, que faz a curadoria de uma área inédita da Feira este ano: o Espaço Tendências, voltado para revestimentos, paisagismo e mobiliário.

Quatro pontos foram levantados por Ávila para a provocação do debate – e que influenciam no caminho da construção civil: o primeiro foi a mobilidade urbana, com as vias expressas que interligam a cidade (a Transcarioca, a Transbrasil e a Transolímpica), além da linha 4 do metrô e o aumento dos trens da Supervia. “Isso significa 220 quilômetros de malha urbana, a maior do Brasil”, afirmou. Mas o que representa em termos de moradia para o carioca? “Estes corredores de mobilidade nos apontam grandes áreas que podem ser utilizadas para construções mistas, que incluem em um mesmo espaço residências, comércio e escritórios”, respondeu Kauffmann, completando: “A Avenida Brasil, por exemplo, é uma área importante de interesse urbanístico para uso misto.”

O segundo tema abordado foi a segurança pública, com as UPPs instaladas nas favelas – esta semana foi inaugurada a 33ª. No total, segundo o jornalista, 1 milhão e 500 mil pessoas já foram beneficiadas com as UPPs. O arquiteto Maurício Nóbrega ilustrou com um exemplo prático. “E sem dúvida, trazem outros benefícios, como a valorização de áreas antes consideradas menos nobres e que hoje estão sendo procuradas. Neste momento estou trabalhando em uma experiência nova para mim como arquiteto: um projeto de um hostel no Vidigal. Sei que outros arquitetos também estão com projetos ali, com hotéis-boutique, voltados para turistas”, contou Nóbrega, que deu um dado que deixou a plateia espantada: “Hoje, o metro quadrado do Vidigal custa de R$ 6 mil a R$ 7 mil. Ou seja: se transformou em uma área nobre da cidade.” Outro aspecto levantado pelo arquiteto – e que se mostra relevante para o futuro da exploração imobiliária do lugar – é como se construir ali: “É importante não querer transformar as novas favelas cariocas em uma ‘Grécia’. Há que se manter a identidade cultural do lugar nas novas construções. Deveria haver um plano diretor voltado para as favelas, para que não se perdesse essa característica, sem deixar de trazer desenvolvimento.” A Zona Norte também vem sofrendo processo de valorização, segundo Elmo Esteves: “A Tijuca já tem uma valorização de 80%; Bonsucesso, de 100%”, afirmou.

As obras de reestruturação da cidade, por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas, foram o terceiro assunto da mesa. A revitalização da Região Portuária foi a mais enfocada: “É um processo irreversível. São 5 milhões de m² que permitem este enorme volume de obras. Uma coisa interessante são as construções históricas, cerca de cinco mil imóveis na região, que podem ser retrofitadas – desta forma preservando sua fachada – e transformadas em apartamentos”, disse Roberto Kauffmann.

A última questão discutida foi a da sustentabilidade no processo de construção. O arquiteto e urbanista Sérgio Conde Caldas apresentou alguns exemplos de projetos de seu escritório voltados para processos conscientes de construção. Um deles foi o Movimento Terras, único na América Latina a receber o selo BREAMM de sustentabilidade, pela utilização de materiais ecologicamente corretos, proteção dos contornos naturais e, principalmente, pela eficiência energética na construção e em sua manutenção. “Esta ainda é uma construção mais cara que a convencional, mas que tem um custo-benefício relativo pela economia gerada depois. Entretanto, se for implantado em larga escala como método construtivo, vai barateando de maneira natural”, explica Caldas, que também apresentou um projeto em Jacarepaguá que chamou de “condomínio aberto”. “Um contraponto aos condomínios a que estamos acostumados há algumas décadas. A ideia é integrar os prédios à área pública, sem grades, sem separação.”

Finalizando o encontro, os convidados apontaram direcionamentos para o futuro da construção. “A racionalização da construção e a modernização do método construtivo têm de evoluir, para trazer maior eficiência e rapidez. O Brasil é campeão de desperdício de material de construção e perda de material”, disse Sérgio Conde Caldas. Roberto Kauffmann deu dados interessantes: “Hoje já se faz o reaproveitamento dos resíduos da obra visando reduzir essas perdas. Além disso, temos que ampliar a oferta de mão-de-obra, que se encontra deficitária. Por isso, realizamos diversos cursos de iniciação e formação profissional para jovens de comunidades – e, incrivelmente, 50% dos que estão matriculados são mulheres”, afirmou Kauffmann, que anunciou que as negociações para a instalação de um polo de inovações tecnológicas para a construção civil na Baixada Fluminense estão avançando. “Se implantado, atrairá empresas que ainda não atuam no Rio e trará processos modernos para a construção.”

Para o arquiteto Maurício Nóbrega, a integração da cidade é um saldo positivo. “É importante perceber que o Rio deve, realmente, ser uma cidade integrada de várias formas. A facilidade de mobilidade traz não apenas maior movimento dos cariocas entre bairros mas também a busca por descobrir novas áreas para construções inteligentes.” Elmo Esteves mostrou-se otimista em relação ao futuro do setor: “Nosso segmento, no estado do Rio, está em bom caminho. Não apenas pelas grandes obras em andamento, mas também pela valoração de áreas antes pouco nobres da cidade e que daqui para a frente serão cada vez mais valorizadas. A cidade vai crescer e se redescobrir.”

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