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08/06/2013 - 08:21

Discurso contundente em favor da indústria marca comemoração dos 10 anos da ABIMEI

O presidente da ABIMEI, Ennio Crispino, fez no dia 5 de junho (quartaa-feira), um discurso contundente em favor da inovação e da competitividade da indústria nacional, durante as comemorações dos dez anos da entidade. Cerca de 200 empresários ligados a importação de máquinas e equipamentos industriais, câmaras de comércio e associações internacionais de manufatura estiveram presentes ao coquetel realizado no Anhembi, onde acontece a Feimafe, principal feira industrial da América Latina.

Crispino usou dados do último Ranking de Competitividade divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD) e do PIB no primeiro trimestre de 2013 para pedir ao Governo investimentos em Inovação, com o objetivo de aumentar a competitividade da indústria nacional. Segundo relatório do IMD, o Brasil perdeu cinco posições em um ano, caindo do 46º para o 51º lugar entre os países mais competitivos do mundo; já o PIB cresceu somente 0,6% de janeiro a março, ante o mesmo período do ano passado.

Para Crispino, o Brasil precisa de investimentos urgentes em inovação tecnológica para produzir em escala suficiente para atender as necessidades do mercado interno e voltar a exportar produtos manufaturados. “É impossível aumentar a competitividade, sem investir em inovação tecnológica. Todos os outros entraves ao crescimento econômico do país, e que compõem o chamado Custo Brasil, não irão adiantar se não houver estímulo ao aumento da competitividade”, declarou.

Crispino criticou ainda as medidas protecionistas, adotadas pelo Governo a partir de outubro, quando houve o aumento do imposto de importação para 100 produtos, entre eles 35 bens de capital e insumos usados na indústria. “O Governo deveria ter a preocupação em coibir a importação indiscriminada de produtos manufaturados e já acabados – como, por exemplo, de autopeças ou produtos diversos em plástico e outros materiais, sejam eles itens de consumo ou peças técnicas. Deveríamos todos nos preocupar em que a manufatura voltasse a ser feita no Brasil ao invés de no México e China (..) Isso sim traria de volta, de forma bastante rápida e significativa, a produção de vários itens industrializados e, consequentemente, um enorme aumento na demanda por equipamentos, tanto nacionais como importados”, afirmou.

O presidente da ABIMEI ressaltou ainda que é um erro pensar que os importadores de bens de capital e meios de produção representam alguma forma de entrave ou prejuízo para o desenvolvimento da indústria nacional. “Somos importadores, mas somos brasileiros. Somos proprietários ou administradores de empresas brasileiras ou multinacionais presentes no Brasil. Empregamos brasileiros, geramos milhares de postos de trabalho na cadeia produtiva industrial, recolhemos centenas de milhares de Reais em impostos. E, sem qualquer parcialidade ou falsa modéstia, somos a única saída para o Brasil retomar a curva do crescimento sustentado, com inovação e competitividade”, afirmou, referindo-se ao avanço tecnológico representado por certos tipos de máquinas importadas, que aumentam expressivamente a produtividade e a qualidade das peças fabricadas.

Ao encerrar, Crispino afirmou que a ABIMEI está preparada para ajudar o Governo e representantes do setor industrial na definição de uma política industrial “séria que vise ao aumento da competitividade e da inovação industrial em nosso país”. Veja os principais trechos do discurso abaixo, separados por assunto. A íntegra está disponível no Blog da ABIMEI: [http://abimei.wordpress.com].

A importação como inimiga da indústria: “Somos importadores de bens de capital e de meios de produção. Para certos setores da sociedade, a simples menção desta atividade – importação – é capaz de provocar um distanciamento, uma aversão, um fim de conversa. Especialmente na chamada grande Imprensa e nos discursos oficiais das grandes e poderosas entidades representativas da indústria nacional, a importação de máquinas e meios de produção é tratada como uma atividade inimiga do Brasil e dos brasileiros e, por isso, deve ser combatida. Esquecem-se nossos antagonistas que, antes de importadores, somos brasileiros (...) e desejamos o melhor para o Brasil”.

Competitividade e Inovação: “É impossível aumentar a competitividade, sem investir em inovação tecnológica. Todos os outros entraves ao crescimento econômico do país, e que compõem o chamado Custo Brasil, com seus desafios na modernização da infraestrutura, logística, mobilidade urbana, os investimentos em educação, a melhor formação da mão de obra técnica especializada, e a indispensável reforma tributária são frentes a ser atacadas pelas autoridades governamentais. No entanto, nenhum investimento nestes setores irá adiantar se não houver estímulo ao aumento da competitividade, o que só se dá por meio da inovação”.

Importação x exportação: “Há um intencional grito, que beira o sensacionalismo, atribuindo a culpa do mau desempenho da economia às importações. Mas os dados da Organização Mundial de Comércio, divulgados em abril último, mostram que também no Comércio Internacional o Brasil vem perdendo posições, e não somente no que tange às exportações. Ao contrário, também estamos importando menos”.

Protecionismo: “De nada adianta proteger a indústria nacional sobretaxando as máquinas, equipamentos e insumos industriais. A prática tem mostrado que isto produz dois efeitos, igualmente negativos: de um lado, aumenta o preço da máquina importada, obrigando o empresário a adiar projetos de investimento ou penalizando aquele que realmente precisa da máquina importada – quer seja por motivos de demanda tecnológica, qualidade, precisão ou produtividade, e às vezes até por uma questão de necessidade de prazos de entrega mais curtos que a indústria nacional não será capaz de prover em épocas de alta demanda – e vai ter de pagar mais caro por ela. De outro lado, como acabou acontecendo na prática, aumenta os preços internos dos insumos e equipamentos fabricados pela indústria doméstica que necessitou ser “protegida”.

Fabricante importador: “Curiosamente, a absoluta maioria dos fabricantes nacionais de máquinas também é importadora. Importa não somente peças e componentes acabados, para incluir nas suas máquinas, como também máquinas inteiras, para acrescentar ao seu catálogo de produtos. Essa lógica se explica nas necessidades impostas pela globalização dos mercados, da qual a indústria nacional não tem como fugir – e, por isso, o fabricante nacional também se rendeu ao fato de que não vale a pena fabricar no país, muitas vezes por uma questão de falta de escala de produção, máquinas convencionais e de baixa tecnologia e valor agregado”.

Foco a ser combatido: “O que se deveria ter a preocupação em coibir é a importação indiscriminada de produtos manufaturados e já acabados – como, por exemplo, de autopeças ou produtos diversos em plástico e outros materiais, sejam eles itens de consumo ou peças técnicas. Deveríamos todos nos preocupar em que a manufatura voltasse a ser feita no Brasil ao invés de no México e China, só para citar dois países de destaque neste momento. Isso sim traria de volta, de forma bastante rápida e significativa, a produção de vários itens industrializados e, consequentemente, um enorme aumento na demanda por equipamentos, tanto nacionais como importados”.

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