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14/06/2013 - 08:53

Brasil, esse esquizofrênico


Eu nunca conheci alguém que almejasse retroceder, piorar de vida, que queira perder aquilo que conquistou. Geralmente a pessoa trabalha duro para prosperar, educar os filhos, morar num local melhor, comprar aquilo que nunca pode, viajar para conhecer novos lugares, acumular recursos para viver bem sua velhice. “É pra frente que se anda”, já dizia o ditado popular.

Isso ocorre também com aquele que empreende. Muitas vezes em posse de todas suas economias, o ousado empresário enfrenta a burocracia atroz e abre um pequeno negócio. Por anos a fio, ele reinveste tudo o que ganha até conseguir prosperar, abrir uma segunda loja, depois a terceira... e quando se dá conta, já contratou mais de 300 empregados para tocar seus vinte ou trinta estabelecimentos. Alguns, ainda mais audaciosos, acercam-se de especialistas e transformam aquele pequeno empreendimento em cem, duzentas, quinhentas lojas, e mais de 10 mil famílias se alimentam dessa pujança! Sempre em frente, pois assim é que deve ser.

Também desconheço uma nação que queria retroceder, piorar a condição de vida da população, deixar de avançar nos diversos indicadores econômicos e sociais que medem prosperidade e crescimento. Geralmente os governos fazem de tudo – flexibilizam a legislação, lançam novas linhas de crédito, reduzem exigências - para atrair investimentos e novas empresas que possam produzir em suas terras, inovar, lançar produtos e serviços cada vez melhores e a menores custos. Em decorrência prosperam pessoas, empresários e países. É um círculo virtuoso, onde todos trabalham duro, crescem e sonham com melhores dias. É assim no mundo inteiro, pois é como deve ser.

Exceto no Brasil. Aqui, ao julgar pelo setor em que atuo, de varejo farmacêutico, as coisas não podem melhorar. Ao contrário: a prosperidade deve ser barrada, e ao invés de venderem mais, incluir novos produtos e gerar mais empregos, as farmácias são ameaçadas de reduzir atividades, aumentar seus custos, empregar menos gente. Dar um passo atrás.

Na mira desse segmento há sempre uma nova ameaça, uma frente para retroceder tudo. São projetos de lei, resoluções do governo, iniciativas que tornam o ambiente empresarial cada vez pior. Em vez de pensarem em crescer ainda mais, os empresários do ramo se veem às voltas com um emaranhado de decisões que os paralisam, e na necessidade de contratar advogados para combater o excesso de intromissão nos seus negócios.

Ainda nesses dias, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal recebeu uma enxurrada de ações que pretendem transformar em inconstitucionais as leis estaduais que permitem a venda de produtos de conveniência e prestação de serviços de interesse público em farmácias - a rigor, o único avanço em anos nesse setor de atividade alvo de tamanhas pressões contrárias.

Se hoje temos farmácias que podem se comparar às melhores de qualquer lugar do mundo, que ampliaram seu mix de produtos, oferecendo conveniência e serviços que propiciam bem-estar à população, é tão somente pelo desejo de prosperar desses empresários que vão à luta apesar das adversidades. Que investem em lojas melhores, importam produtos, apresentam novidades nas quais melhoram a qualidade de vida de todos.

Esse anseio de prosperidade do varejo farmacêutico reflete a própria sociedade, pois pesquisas realizadas pela entidade que comando apontam que 75% da população deseja uma farmácia com um mix cada vez mais amplo, dispondo de novos serviços e conveniência. Enfim, o brasileiro típico deseja que a farmácia que o atenda reflita também as aspirações de quem deseja prosperar, comprar produtos melhores e a qualquer hora. Deseja ter aqui uma farmácia igual à encontrada em qualquer grande cidade do mundo para o qual viaja.

Nós, do setor de varejo farmacêutico, vivemos em um Brasil esquizofrênico. Enquanto um Ministro vai à TV dizer que está tudo bem, que vamos gerar mais empregos e crescer e que novas linhas de crédito serão criadas para expandir a economia, outra parte deste mesmo poder público quer proibir prosperidade, empregos e crescimento. Sobre o nosso segmento, paira o tempo inteiro uma espécie de espada de Dâmocles – gerando insegurança pela ameaça de que a qualquer momento tudo seja proibido.

As farmácias brasileiras ajudam o país a prosperar, inclusive contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e bem-estar da população. Mas para a esquizofrenia do poder público, infelizmente não temos, em nossas prateleiras, nenhum remédio.

.Por: Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

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