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14/06/2013 - 08:53

A paixão de se fazer...

Sempre aprendi que temos que buscar resultados na vida. As pessoas se orientam pelo objetivo final: ser feliz, estar rico, ter sucesso, mostrar um curriculum reconhecido por todos. Mas, quando nos perguntamos sobre o que fica, a resposta sempre é a saudade da construção.

Esses dias andei pensando sobre minha vida e minha carreira e lembrei de momentos que me dão muita saudade. Uma saudade gostosa, de se sentir útil, construindo, “fazendo parte” de algo que um dia seria importante para alguém. E é esta saudade que me move a continuar ensinando alunos e profissionais a terem um objetivo e não apenas cumprirem uma etapa de forma burocrática. Toda teoria nasce da prática. E da capacidade de observar e criticar o que foi feito para fazer de forma melhor. É um jogo onde nós somos nossos adversários e todo o resto faz parte do cenário de nossas batalhas e adversidades.

Comecei sendo publicitário. A razão era meramente imaginária: - eu queria ser como aqueles caras: inteligentes, criativos, despojados e reconhecidos. E meu começo foi o inverso disso. Meu primeiro trabalho era em uma sala fechada no sótão de uma agencia de propaganda, reorganizando pesquisas de mercado da Nielsen.

Naquela época, isto significava ficar sozinho por horas e horas com uma régua levantando dados em pequenas linhas de cadernos gigantes e tentando traduzir o que aquelas informações poderiam fornecer de dados para o trabalho criativo que eu imaginava fazer um dia. Confesso: na época, eu odiava aquele trabalho porque achava monótono, chato e inócuo. Até o dia, em que um colega me chamou para acompanhá-lo para a primeira reunião no cliente no dia seguinte.

Fiquei tão feliz, mas tão feliz que mal dormi aquela noite de ansiedade. Finalmente, eu seria importante. Não fui. Entrei mudo e sai calado da reunião.

Mas, ela foi fundamental para que eu entendesse o quanto era importante o meu trabalho do dia a dia. Tudo que foi dito e criado, havia saído de análises de mercado que eu havia feito. Eu não falei nada na reunião, mas ela traduziu tudo que eu havia trabalhado nos dias que a antecederam.

Verdade que, na época, não tinha muita consciência disso, mas lembro que fiquei feliz. Muito feliz. Não sei se essa percepção foi importante para os outros, mas foi para mim. Talvez tenha sido o dia mais importante da minha carreira profissional.

Tão feliz que achei que poderia fazer minha própria empresa. Aceitei o convite de um amigo e fui trabalhar em um projeto que tinha tudo para dar errado. E deu. Foi o meu maior aprendizado de como as coisas não devem ser feitas. Mas, as grandes amizades da minha vida, eu construí nesse período. E era fantasticamente feliz.

Depois, resolvi aceitar um convite de uma exportadora de frutas. Perguntei o que deveria fazer. A resposta foi: de tudo um pouco. Desenvolvi e fui o comprador de embalagens de papel ondulado, ajudava a comprar as frutas, ia até as fazendas para verificar se os produtos estivessem bem embalados, carregava e descarregava o caminhão, fazia a guia de exportação, providenciava o embarque dos produtos e embarcava junto com os produtos (altamente perecíveis) para distribui-los no exterior.

Tudo era complicado, pois não havia nada. Depois de tudo isso, poucos queriam saber de nossos produtos e cheguei a conclusão que devia participar de feiras internacionais. Outra legislação, outros prazos, outros objetivos. Mas, deu certo. Um mercado que mal movimentava cinquenta mil dólares, hoje movimenta milhares e milhões.

Lembro que na primeira feira em 1980, eu não sabia como montar o estande e resolvi fazer o que sabia. Arrumei a mesa como se fosse de jantar. Pratos, talheres, copo e guardanapo e o responsável pelo Pavilhão brasileiro em Paris, ao ver, me perguntou: vai jantar com quem? E as reuniões serão onde?

Depois, foram mais 25 anos de organização de eventos. Construímos imagens, criamos alternativas, ajudamos empresas e organizamos diversas internacionais. Durante 8 anos, fui jurado oficial de um premio internacional em Paris que obrigava a intensas pesquisas anteriores e que me lembraram minha origem: aquelas pesquisas que era obrigado a fazer quando ainda era um estagiário.

Aprendi que estudar não é “a única obrigação que temos”, assim como trabalhar não é chato. Basta que se ame construir. Todos trabalhamos de alguma forma, inclusive nas horas vagas. Apenas não chamamos de trabalho, porque não estamos sendo obrigados.

Já há vinte anos, tenho me dedicado a ensinar, a mostrar formas diferentes de como as coisas podem ser construídas. E, confesso, que sou muito feliz fazendo isso. Hoje, mais do que construir projetos, eu tento ajudar a pessoas a construir vidas, carreiras, resultados e a fazerem tudo isso com a única coisa que não se pode abrir mão na carreira e na vida: construir cada resultado a cada dia, mas principalmente ser apaixonado pelo que se faz...

.Por: Roberto Halfin, consultor de marketing e mestre pela École Supérieure des Affaires (França).

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