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20/06/2013 - 08:36

Os próximos passos

O homem está cansado. Para viver em sociedade, precisa da política, de instituições públicas. Em grande parte do mundo elas se degradaram. O homem volta a seu lar lacerado pela burocracia insensível e corrupta. Os espertos cuidam de dominar a "res publica". O maquiavélico personagem do regime militar, Golbery do Couto e Silva, falava que que fora do poder não somos nada. Lógica correta, ante sua concepção de poder exacerbado que a tudo e a todos açambarcava.

As últimas manifestações das ruas brasileiras, que parecem brotadas do mistério cósmico, surpreenderam o mundo. As facilidades digitais são revolucionárias. O antigo regime se vai. A democracia parece ganhar. Parece, porque complementos são indispensáveis. As instituições precisam ser remodeladas, agilizadas, tornadas mais inteligentes, mas ainda são necessárias, para que os interlocutores se encontrem, entendem e dessas aproximações brotem normas boas e grandiosas.

Na percepção imediata, tudo será resolvido, como na magia. É certo que, na vida contemporânea, o tempo é outro. Não segue a lassidão paciente dos tempos primitivos. Enganam-se, porém, os manifestantes se consideram os sérios e justamente apontados problemas solucionáveis a curto prazo. Embora mais qualificado, a política atual também tem seu "timing". Logo, é preciso paciência.

Pacientemente, a grandeza de um dilema que, em nosso ver, tem dimensões oceânicas, envolve o Estado e uma nova assembléia constituinte, consciência que precisa ser encampada pela juventude e por todos os indignados. Há uma frustração à espera, porque não há eleições diretas a serem conquistadas ou um presidente a ser afastado. Não haverá resultado útil palpável, afora as desonerações das passagens.

No ponto, muita gente esperta ganhará dinheiro. Falamos da máfia dos empresários de ônibus urbanos. Temos autoridade para isso, depois de 22 anos servindo como advogado e negociador do sindicato profissional. Depois das escaramuças, exclusivas de motoristas, trabalhadores e mecânicos, que os empresários assistiam de camarote, os repasses tarifários superavam com generosidade os aumentos salariais. Os ônibus destruídos eram compensados pelos sistemas de seguro. Os munícipes amargaram sofrimentos vários. Na ponta do lápis, o ganho era sempre de um empresariado que transporta o povo paulistano como gado.

E a redução da tarifa - calculada por planilhas autênticas e irrepreensíveis - será compensada por generosidades tributárias (tarifa zero do PIS, Cofins). Um movimento histórico admirável se tornará dinheiro no bolso de um empresariado rústico e predador, que domina há décadas o transporte de passageiros em São Paulo.

Por isso, esperamos que esse grandioso movimento não fique amesquinhado. Lute por uma nova constituinte, exclusiva; em que as reformas desprezadas sejam feitas. Por uma verdadeira revolução democrática em nosso país; para que a primavera brasileira, como outras, não se vá com a queda das primeiras folhas das árvores na chegada do outono.

.Por: Dr. Amadeu Garrido de Paula, advogado.

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