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20/06/2013 - 08:43

V de vitória, V de Brasil, fazendo história.


Tenho mais do que motivos para ficar alegre, feliz e ter orgulho e satisfação de fazer parte de um momento tão importante na história da democracia deste País. Democracia de verdade se faz através da voz do povo, que solta a voz em atos de indignação e insatisfação com a corrupção e os absurdos que acontecem. O povo grita e clama por justiça, cansados pela exploração de um governo fascista. Tudo começou através das passeatas pelo aumento do transporte coletivo, especificamente em São Paulo. Mas há quem achava que a manifestação era obsoleta por reivindicar por 0,20 centavos de acréscimo na tarifa dos ônibus. A ingenuidade destes impossibilita o entendimento das verdadeiras intenções das manifestações. Vamos nos opor a esta bandalheira e falcatruas que acontecem na política. A democracia é heroica e legítima. Somos um povo de lutas, cujo hino nacional enaltece que não somos alienados e não fugimos à luta. Luta contra as péssimas condições do transporte, e só por isso já seria motivo suficiente para nos revoltarmos, mas este foi o estopim, a “gota d´água. E o que dizer dos valores exorbitantes nas construções destes “elefantes brancos” que são os estádios para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo? Tá certo que a copa vai acontecer e estes estádios já foram e estão sendo construídos, mas a Olimpíada está aí. Podemos, quem sabe, olhar com cuidado para os valores gastos até lá.

As manifestações contagiam o resto do país e estamos vendo isso no Rio de janeiro, Belo Horizonte, Brasília e chama a atenção da imprensa internacional, que divulgam as passeatas. A mobilização se estende às mídias sociais, que inclusive, é o meio de comunicação entre as pessoas. A organização começa na internet e convoca as pessoas a participarem com panos e lençóis brancos na janela, movimento #vemprajanela e o movimento #vemprarua.

O Movimento Passe Livre (MPL), que encabeça os protestos contra o aumento da tarifa de transporte público em São Paulo, deu o pontapé inicial e trouxe novamente os protestos que só foram vistos nas passeatas pelas Diretas Já, as oposições contra a ditadura militar e mais recentemente, o movimento dos “caras pintadas” no célebre caso do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Mesmo que seja por vinte centavos, a discussão passa a ser por bilhões que foram, por exemplo, gastos em estádios para a Copa, mas também pelo vergonhoso caso do mensalão, a falta de uma educação digna, saúde e segurança, pelo Congresso Nacional que não nos representam mais, por vereadores, deputados, senadores que não defendem a população. Estes movimentos serão estudados futuramente, porque traz a tona a verdadeira transformação de utopias em uma concretização popular, mudanças de mentalidades, o estouro da angústia popular. O Brasil ecoa as manifestações que acontecem no Egito e na Turquia. O Brasil de todos nós acordou.

Desculpem minha insistência com a Copa e Olimpíadas, mas é um tema recorrente e muito atual. É muito importante nos atentarmos para esses gastos descontrolados com os estádios, mas também com os dirigentes da FIFA que chega ao país querendo mandar, impondo regras e normas. Não precisamos de entidades como FIFA e CBF, com tantas denúncias de corrupção e sujeira, para apitar algo aqui.

As obras faraônicas causam o despejamento de inúmeras famílias carentes e sem contar os desvios de dinheiro para acontecer. A propósito, o povo está nas ruas não é por causa do futebol e muito menos porque aqui é o país do Carnaval. Estamos na rua sem se importar para essa Copa das Confederações e do Mundo. A indignação não nos impede de torcer, mas não nos permitimos mais sermos marionetes. Essa é a Copa das “Manifestações”, porque as pessoas estão protestando contra tudo isso. O nacionalismo que antes existia com a seleção canarinho não é unânime e não inebria como antes. Acho eu que está acabando com a política do pão e circo.

Os protestos devem chegar até as eleições, ir até as urnas. Não devemos esmorecer, ficaremos atentos, porque este é o momento de mudanças. Vamos consolidar nossos posicionamentos políticos. Estas manifestações não são de classes sociais, não segregam, mas unem as pessoas. Aqueles que não usam o ônibus e aqueles que todos os dias se irritam com as péssimas condições do transporte. Revivemos a revolta das ruas nos tempos de chumbo. A propósito, a contenção truculenta da polícia aos manifestantes lembra as práticas da ditadura. Mas há essa galera que está oferecendo flores no lugar de balas de borracha. O propósito de liberdade de expressão se dissipa mais do que o gás lacrimogêneo. Basta olhar para as ruas tomadas e ver pessoas de todas as etnias, idade, credos, com cartazes com frases de repúdio à corrupção, se referindo às penúrias da saúde ou as deficiências da educação. É fácil escolher de que lado ficar.

O que se espera agora é afunilar os ideais e dar uma forma mais definida para este movimento. O que vai acontecer com tudo isso? Pelo menos a discussão está acontecendo e os primeiros frutos parecem surgir. Aos que foram eleitos pelo povo, espera-se que se pronunciem e se responsabilizem pelas mazelas do país. O silêncio, ou pior, manter o discurso de que concorda com o movimento e apoiar as passeatas não isentará os governantes da culpa. O mínimo que eles podiam mesmo é admitir a expressão legítima do que é a democracia.

.Por: Breno Rosostolato, psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina.

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