Joias que vão além das curvas do Corcovado

Designers cariocas falam sobre o estilo das peças que representam a joalheria fluminense durante a Tecnogold.

Sete designers do Arranjo Produtivo Local (APL) Joia Carioca, criado pela Associação de Joalheiros e Relojoeiros do Rio de Janeiro (Ajorio) em parceria com o Sebrae, expuseram seus projetos na 16ª edição da Tecnogold, feira voltada para profissionais da cadeia de produção de joias em ouro e prata, folheados, bijuterias e pedras preciosas. O evento, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de junho, em São Paulo, reuniu fornecedores, nacionais e estrangeiros, de recursos tecnológicos do setor, além de designers para a criação das peças.

Estiveram no evento Elisa Paiva, Valeria Berkovitz, Cassio Orrico, Lenilton Sanches, Millu Assad, Alessandra Paccini e Marcela Costa. Elas divulgaram seus portfólios e ofereceram a prestação de serviços para o desenvolvimento de peças e coleções facilitando o contato entre áreas criativas do setor.

E a criatividade dos cariocas se destacou durante a feira paulista. Os profissionais do setor apostam no estilo único que as designers do Rio de Janeiro estão desenvolvendo.

Para os participantes, há inúmeros pontos que definem o design que retrata o povo fluminense. “O design carioca está relacionado com a natureza exuberante que a cidade possui, com o relaxamento que proporciona, com a alegria e criatividade do povo”, afirma a designer Milu Assad, que mostrará o seu portifólio de peças trabalhadas com prata, gemas e porcelana, além de uma nova linha com materiais sustentáveis.

Lenilton Sanches, que trabalha com metais tradicionais e gemas coradas brasileiras, esmalte, sementes e outros materiais alternativos, acredita que o setor está mudando na cidade, seguindo os passos que Belo Horizonte deu há alguns anos, com suas joias de autor.

“O design do Rio é cada vez mais ousado, mas mantém o lado clean. As peças são despojadas e fora do tradicional. Com o advento da prototipagem isto começa a emergir e tomar cada vez mais forma”, observa. “O apoio da Ajorio em fomentar o setor tem sido algo preponderante para estarmos cada vez mais nos destacando nesse cenário”.

A designer Valeria Berkovitz fala sobre o que deixa as joias cariocas com ar despojado. “É mais clean e menos brilho. Somos um balneário lançador de moda e, como temos o maior centro de design gráfico do país e a maioria intelectual e cultural, observo que trabalhamos muito mais pelo design, pelo simples, pelo ‘menos’”, ressalta.

Cassio Orrico acredita que as peças cariocas acompanham o estilo de seu povo. “São contemporâneas, alegres, sensuais e cheias de bossa”. Já Alessandra Paccini acredita que nos próximos meses, misturas de materiais, cores nos metais, peças pequenas que possam ser combinadas e brincos com design arrojado entrarão com tudo na moda brasileira. “O design carioca tem leveza visual e física, diferentes texturas, singularidade nas formas. São peças que têm impacto visual associado ao conforto e praticidade”, explica.

Em sua primeira vez na feira, Valeria Berkovitz, que trabalha com prata, pedraria e materiais inusitados, aposta que as novas tendências vão se inspirar no estilo Art Deco e Art Noveau, graças ao filme “O Grande Gatsby” e à nova novela das seis da Globo, “Joia Rara”, ambientada entre as décadas de 20 e 40. “Mas sem muitas misturas. A carioca ama as pedras, mas combinada de forma discreta.