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03/07/2013 - 09:57

O que aconteceu com a arte? - Parte II


Resgatando o trabalho manual.

Definitivamente, alunos e escolas que produzem esses alunos estão fazendo algo muito errado: a atual ausência do trabalho manual nos portfólios não poderia ser mais óbvia.

De um ponto de vista comercial, é fácil entender que as escolas se viram forçadas a reestruturar seus currículos para passarem uma imagem mais moderna e fazerem a transição da produção de livros impressos a livros digitais com a integração de mídias e redes sociais. É uma faca de dois gumes, porque apesar das agências procurarem alunos que entendam a loucura digital que interessa ao mundo agora, isso fez com que todos se esquecessem da arte.

Três ou quatro anos atrás, os portfólios começaram a ser inundados com imagens de iPhones em todos os projetos. Os calouros colocavam tudo o que é ideia de aplicativo e integração com social media naquela tela de iPhone. Até funcionou no primeiro ano, e também no segundo, mas já está saturado. Portfólios publicitários viraram lugar-comum para geeks e aficionados por tecnologia.

Sim, eu também sou maluco por tecnologia, mas sou “macaco velho” e entendo a importância do trabalho manual, artesanal, e da arte. Ideias, sejam digitais ou "tradicionais", precisam de certo trabalho manual. Tudo, de um simples banner a um microsite, precisa de cuidado com a tipografia, o equilíbrio, a paleta de cores e os espaços em branco. Ou seja, as mesmas coisas nas quais prestávamos atenção com conteúdo impresso desde sempre. Quem estudou direção de arte e já trabalhou com grades de impressão, sabe do que estou falando. Não há diferença entre um pôster e uma tela. Ambos são peças planas que contêm arte e cujo objetivo é chamar a atenção e provocar uma reação.

Por um certo tempo, todos ficaram com uma espécie de "saída livre da prisão" porque era um tanto quanto difícil trabalhar com fontes em layouts online. "Flash isto e flash aquilo", html5, blah, blah, blah... Isso está mudando, e estamos vendo mais web kits que possibilitam o uso prático de belas tipografias online. Kerning e leading estarão em tudo, de um aplicativo para iPad a um banner.

Estudantes, é importante que vocês entendam que há pouca literatura sobre como aplicar o conhecimento em tipografia online porque tudo está mudando muito rapidamente. Bom, mesmo assim, você pode procurar alguns livros e técnicas sobre tipografia para praticá-las online. É provável que o resultado seja uma campanha chamativa que deixará seu portfólio mais forte que os outros.

Quer uma prova disso? A Apple acaba de realizar uma grande reformulação da arte e design dos seus aplicativos para iOS. É sempre assim, não é? O design sempre volta à simplicidade, ao equilíbrio e a uma coisa mais organizada e clean.

Além de tudo isso, outro aspecto muito importante é a fotografia. Era aceitável que o portfólio de um estudante tivesse uma foto mais ruinzinha ou uma imagem de acervo de internet em baixa resolução, toda pixelada e com marca d'água. Isso tudo já era. Há empresas de bancos de imagens ótimas (como a iStockphoto, uma das nossas parceiras) que cobram tarifas bem razoáveis por fotos de altíssima qualidade. E se você quiser fazer isso por conta própria, bem, só precisa ter um conhecido com uma SLR e outro que tenha um bom equipamento de iluminação. Os dias das fotos borradas acabaram há muito tempo, e é melhor que seu portfólio reflita isso.

Outro elemento que foi esquecido há muito tempo na era digital é o espaço em branco e os designs "clean". Dê uma rápida olhada nos seus aplicativos favoritos. Eu aposto que os aplicativos que você mais usa são os que têm design e aparência mais simples e organizados. Um bom designer não é só aquele que sabe onde colocar belos elementos, mas também onde não colocá-los. Um portfólio com bom uso do "espaço em branco" em todas as mídias demonstra confiança, atenção aos detalhes e capacidade para saber onde parar.

Finalmente, lembre-se de que o trabalho artístico deve estar em cada detalhe do seu portfólio. Mesmo que você tenha uma apresentação bastante digna no iPad, confira se a tipografia das descrições, títulos, seu currículo e seu cartão estão coesos e "clean". Dez anos atrás, o que todos queriam era trabalhar para as grandes marcas. Bom, hoje em dia, espera-se que você se comporte como as grandes marcas.

A regra de ouro é muito simples, na verdade: se for muito fácil, deve estar errado; se dói um pouco, se você acha difícil, aí sim deve estar na direção certa. Então vá com tudo para o futuro do digital, mas não se esqueça de levar consigo uma grande dose de boa arte manual lá de trás.

Nunca perca a inspiração e longa vida à arte.

.Por: Ignacio Oreamuno, Diretor Executivo do Art Directors Club.

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