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13/07/2013 - 05:39

“À Queima-Roupa”


Um relato sobre os bastidores do caso Pimenta Neves, do jornalista Vicente Vilardaga.

O livro é um thriller corporativo centrado em um caso amoroso com final trágico que desmonta o cenário de glamour construído em torno da imprensa brasileira e mostra como um diretor de redação se tornou um homem megalomaníaco e violento, sem jamais ter sido freado por seus superiores

20 de agosto de 2000. Essa data marcou a história do jornalismo brasileiro. Foi o dia em que um dos jornalistas maispoderosos do país, Antônio Pimenta Neves, diretor de redação do jornal O Estado de São Paulo, matou sua namorada, Sandra Gomide.

A editora LeYa lança em julho “À Queima-Roupa – o Caso Pimenta Neves”, do jornalista Vicente Vilardaga, que trabalhou com os dois protagonistas na Gazeta Mercantil e acompanhou de perto essa história. Vilardaga também entrevistou o assassino com exclusividade.

O livro não é apenas um relato do assassinato, muito menos uma grande reportagem sobre a violência contra a mulher. A obra apresenta um novo olhar sobre a falta de governança na grande imprensa. Por que decisões irracionais de Pimenta nunca foram questionadas? Até que ponto as redações ficaram à mercê dos desmandos de homens perturbados psicologicamente? Profissionais com excelentes currículos estão acima de qualquer suspeita?

Quem era Pimenta Neves. Como funciona a imprensa brasileira?

“- Posso te ajudar? – perguntou Cláudio Augusto, sabendo que o diretor de redação estava do outrolado da linha. Pimenta foi direto:

- Atirei na Sandra.

- Não brinca. O que aconteceu, Pimenta? O que aconteceu com a Sandra?

- Não sei, não fiquei lá para ver. É o que quero saber.”

Foi esse o primeiro telefonema que Pimenta Neves deu para o Estadão logo após disparar dois tiros contra Sandra, num haras no interior de São Paulo. Pimenta falava com calma. Era o jornalista pensando em como comunicar à redação umapauta. O diretor era agora um assassino e, numa situação estapafúrdia, tentava deslocar uma equipe para cobrir o crime que ele mesmo cometera. Ligava para os jornais com os quais mantinha uma relação de confiança para dar a notícia também à concorrência.

Pimenta era influente e opressor porque nunca lhe fora imposto qualquer limite. No fim de 1995, chegou à redação da Gazeta Mercantil e, em seguida, começou a namorar Sandra Gomide, uma repórter esforçada e discreta, 30 anos mais nova, a quem não parou de dar promoções e aumentos salariais, até despedi-la da chefia da editoria de Economia do Estadão, jornal que passou a dirigir em outubro de 1997. Decidiu demiti-la por causa do fim do relacionamento, em junho de 2000, 50 dias antes de matá-la.

Como é possível que a trajetória homicida de Pimenta Neves não tenha sido detectada e interrompida? Por que o pedido de demissão feito por ele no Estadão, quando dava sinais visíveis de perturbação mental, vinte e dois dias antes de cometer o assassinato, não foi aceito? Por que não se combatia o nepotismo nas redações? Que tipo de governança existe – se é que existe – dentro das tradicionais empresas brasileiras de mídia?

“À queima-roupa” levanta muitas questões que desmistificam as redações e o jornalismo, que há muito discute o caráter e os defeitos de diversos setores da sociedade, mas pouco olha para o que acontece dentro dos seus muros. O livro não deixa de notar também que, apesar da grande evolução na luta pelos direitos da mulher, Pimenta Neves, em pleno século 21 (quando a legítima defesa da honra deveria ser uma bobagem), graças a uma rede de proteção institucional, foi o assassino passional que menos tempo ficou na cadeia entre os casos mais rumorosos do Brasil. Se sair da penitenciária de Tremembé entre junho e julho, como se prevê, ficará cerca de três anos preso. Doca Street, que matou a namorada Ângela Diniz, e Lindomar Castilho, assassino de Eliana de Grammont, por exemplo, passaram o dobro desse tempo atrás das grades. No caso Pimenta Neves, a justiça, definitivamente, falhou.

Perfil do autor - Vicente Vilardaga se formou emjornalismo na PUC de São Paulo e fez mestrado em Comunicação Social na Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Como repórter, seu principal ofício, passou pelo Jornal da Tarde, pela revista Veja e, em meados dos anos 90, enquanto morou na Espanha, colaborou com frequência com o Caderno 2, do Estadão. Trabalhou 13 anos na Gazeta Mercantil, onde foi editor-chefe e diretor de novas mídias. Atualmente, é um dos editores da revista Alfa, da Editora Abril.

Título: À Queima-Roupa – O caso Pimenta Neves | Autor: Vicente Vilardaga | Formato: 16x23 | Nº de páginas: 304 | Preço: R$44,90

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