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13/07/2013 - 06:05

Século da Mandioca


De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a mandioca pode se tornar a principal cultura do século XXI. No mês de maio, a entidade lançou a publicação “Economizar para crescer”, um guia para agricultores, onde incentiva o plantio da raiz de maneira sustentável. Por meio de cultivo misto, rotação de produção e sem pesticidas químicos, é possível aumentar a produção em até 400%. A expectativa é promover segurança alimentar, melhorar as técnicas de cultivo e explorar sua versatilidade na culinária e na indústria.

De acordo com Alan Bojanic, diretor geral da FAO Brasil, a raiz tem grande potencial para produzir carboidrato por hectare de maneira eficiente. As folhas, enfatiza o colombiano que está há três meses no país, são ricas em proteínas. Estimular o consumo das folhagens é uma das metas desta campanha. Na indústria, a semente da Manihot esculenta produz um óleo com alta resistência ao calor, que pode ser utilizado em maquinários à tecnologia espacial. É resistente à seca, às pragas e doenças, se adapta em solos diferentes e produz quase o ano todo, com presença em mais de 100 países.

Desde 2000, a produção global da raiz aumentou em 60%, de acordo com a FAO, que ainda prevê maio crescimento nesta década, aliado ao incremento de políticas públicas. Este interesse está relacionado com a constante alta dos cereais, como o trigo, milho e soja, base do sistema alimentar moderno para produção de alimentos industrializados e ração para alimentar animais, gado, frango, porco e peixe, que por sua vez se converterão em carne. A farinha de mandioca, informa o comunicado da entidade, pode ser transformar em farinha de alta qualidade e pode substituir em parte a farinha de trigo. O risco é que ao invés de fortalecer a cultura e a economia locais, a mandioca se torne uma commodity, transformando-se em mercadoria.

O guia Economia e Crescer se baseia na experiência no Vietnã, onde os agricultores utilizam práticas sustentáveis para impulsionar a produção da mandioca. O resultado é um aumento de 8,5 para 36 toneladas, mais de 400%. Na República Democrática do Congo, a produtividade chegou a 250%. Na Colômbia, a rotação de mandioca com feijão e sorgo produz resultados eficientes. A capacidade de promover segurança alimentar e os usos industriais são dois importantes atrativos deste modelo de produção. Os produtores de bioetanol jé estão acelerando a demanda por esta raiz. Mas a FAO quer evitar o risco de uma produção insustentável, para que esse aumento na produção beneficie os agricultores locais, aliviando a fome e a pobreza rural.

Bojanic, que engenheiro agrônomo, destaca que no Brasil a entidade buscará incentivar institutos de pesquisa para ampliar o conhecimento e a tecnologia deste cultivo. “A mandioca é uma cultura estratégica”. A Embrapa já é parceria nesta campanha. O ano de 2014 será o ano da Agricultura Familiar, no qual a mandioca está no contexto dessa produção. Para que a mandioca tenha um ano inteiramente dedicado, como o Peru fez com a Quinoa, agora em 2013, é preciso pleitar esta data, talvez para 2015 ou 2016.

De 21 a 26 de outubro, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, de Cruz das Almas, na Bahia, e a Sociedade Brasileira de Mandioca (SBM), realizam a décima quinta edição do Congresso Brasileiro de Mandioca (CBM). Este é o principal fórum de atualização e intercâmbio técnico-científico da cadeia produtiva da mandioca. Até o dia 26 de agosto poderão ser submetidos trabalhos com os seguintes temas Sistema de produção, Biotecnologia, Fertilidade de solo e nutrição de plantas, Fisiologia da produção, Tecnologia de pós-colheita, Fitossanidade, Irrigação, Manejo cultural, Melhoramento genético,Processamento e agroindústria, Agroenergia e Aspectos socioeconômicos e políticas públicas. Todas as normas podem ser consultadas no endereço http://www.congressomandioca2013.com.br/trabalhos.asp.

Se o século XXI é da mandioca, esta é uma oportunidade para incentivar a produção local, fortalecer a economia dos agricultores familiares e degustar num repertório amplo de receitas nas cozinhas regionais brasileiras. No município do Rio de Janeiro, por exemplo, o aipim da Terra Preta de Santa Cruz, zona rural da Zona Oeste, é considerado o melhor do Estado, com sabor inconfundível. A produção é feita pela Colônia Agrícola Japonesa, fundada na década de 30 por Getúlio Vargas. A versatilidade da mandioca, que atende também pelo nome de macaxeira, é em parte conhecida. Mas o subproduto descoberto no território de Santa Cruz é exclusividade do Rio. Apelidado de baby aipim pelas chefs Teresa Corção e Flávia Quaresma, do Instituto EcochefsManiva, a raiz também pode ser degustada na versão mini legumes nos melhores restaurantes da cidade. S. Com cultura, origem e tradição, a alimentação adequada e saudável e segurança alimentar podem ser asseguradas, pois a relação com o alimento passar a ser mediada pela comunhão de sabes, que vão do popular ao científico. | Malagueta

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