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19/07/2013 - 09:45

Pesquisa da Poli-USP propõe alternativas para lidar com áreas inundáveis

Metodologia, testada em Atibaia (SP), possibilitou definir as áreas inundáveis, levando em conta variáveis como índices pluviométricos e vazão da água do rio.

O elevado custo social, econômico e político boa parte das vezes impede os órgãos públicos de remover pessoas e atividades instaladas em lugares com propensão a inundações. Uma pesquisa desenvolvida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) traz uma proposta alternativa para lidar com este tipo de situação. A pesquisadora Carla Voltarelli Franco da Silva, em sua dissertação de mestrado orientada pela professora doutora Monica Ferreira do Amaral Porto, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Poli, propôs uma metodologia que identifica e mapeia as áreas inundáveis, sugere restrições ao uso do solo nessas regiões e apresenta medidas de contingência, como a adaptação das construções existentes e a formação de parques lineares.

Para o estudo, a pesquisadora tomou como base os eventos registrados em Atibaia, no interior de Sã o Paulo, analisando principalmente o grande episódio de inundação registrado na cidade no ano de 2010. Ela avaliou trechos do rio Atibaia que percorrem o município e fez um mapeamento das áreas de inundação, com base no risco de ocorrência das cheias, seguida de uma análise do uso e ocupação do solo e das leis que tratam desse assunto, resultando na proposição de medidas de intervenção para planejamento da ocupação urbana.

Usando um modelo matemático, a pesquisadora fez uma análise hidrológica, para determinar a probabilidade de ocorrência dos eventos, e uma análise hidráulica, para determinar a extensão da mancha de inundação e os níveis de água associados a cada evento. Com esses dados, trabalhou no mapeamento da mancha de inundação - os locais afetados pelo rio Atibaia quando a água transborda para além de seu leito.

Para a chamada modelagem hidráulica, que permite a definição da mancha de inundação, Carla trabalhou com os dados sobre a vazão do rio - a quantidade de água que passa por um determinado trecho em um determinado tempo. "Coloquei os dados desse levantamento em um modelo hidráulico e simulei uma vazão que tivesse entrado logo no começo do trecho escolhido. Com isso, pude ver como a vazão se propaga ao longo do trecho e como a mancha de inundação era gera da em função do terreno", explica.

O resultado do estudo foi confrontado com as determinações de zonas residenciais, econômicas e mistas na cidade. "Com base nisso e na mancha de inundação, propus diretrizes de ocupação para cada tipo de área na região inundável", conta. Entre as várias ideias sugeridas na pesquisa estão a remoção de instalações críticas como escolas, hospitais, corpo de bombeiros. Também propõe a construção de corredores 'verdes' ou parques lineares, que podem ajudar a amortecer o impacto do excesso de chuva, o que aumenta a permeabilização do solo, diminuindo os picos de vazão. "Essa seria também uma medida para dar uma utilização às áreas, evitando sua ocupação indevida", explica.

Outra sugestão é adaptar as construções já existentes aos padrões construtivos a prova de enchente, minimizando as perdas econômicas. Por exemplo, fazer casas com dois andares, onde possam ser colocados os bens de valor no andar superior no período das chuvas. "A família sai da casa, mas seus bens estão protegidos. Quando a água abaixar, ela pode voltar", acrescenta. "Temos de pensar nisso, porque as prefeituras não têm como remover todas as pessoas que estão em áreas de inundação", defende.

O objetivo é ajudar os gestores de política pública, especialmente nas atividades de planejamento. "Nossa ideia é fazer algo mais resumido e aplicado, como um manual, que vamos passar para a Prefeitura de Atibaia e outros órgãos públicos", finaliza. A metodologia pode ser aplicada em outras cidades que enfrentam o mesmo problema. Segundo dados levantados na pesq uisa, 2.278 pessoas morreram em virtude de inundações no Brasil nos anos 2010 e 2011.

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