Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

Sujeira eletrônica

Celulares, computadores, tevês de plasma e aparelhos de MP3 encabeçam a lista dos presentes mais desejados neste Natal. O quarteto representa o que há de mais moderno e acessível aos consumidores de tecnologia, seduzidos por produtos que duas décadas atrás existiam apenas em filmes de ação e desenhos animados. Não há como negar a praticidade de algumas inovações, assim como se tornou impossível ignorar a velocidade com que essas transformações invadem nosso cotidiano. O aparelho celular de última geração de hoje já estará ultrapassado no final do ano que vem.

E aí, eu pergunto: o que você vai fazer com o modelo antigo? Se a resposta é jogar no lixo, você pode estar cometendo um crime com danos irreparáveis ao meio ambiente. Pouca gente se dá conta de que a maioria dessas maravilhas tecnológicas é produzida com materiais altamente prejudiciais à saúde dos seres humanos – uma lista que inclui metais pesados como o chumbo, mercúrio e níquel (só para citar alguns), além de subprodutos de ácidos. A maioria desse lixo eletrônico termina em aterros sanitários, poluindo o solo e as águas subterrâneas, sem qualquer controle dos órgãos competentes (ou incompetentes).

O problema não se restringe ao Brasil. No mundo todo, estima-se a produção anual de 30 a 50 toneladas de lixo eletrônico. Em nações como a China e a Índia, a questão é bastante delicada, sobretudo pelo tamanho da população. Mas é na África que se concentram as maiores preocupações dos ambientalistas. Nos últimos anos, várias nações do continente têm recebido doações de países ricos, principalmente na área de informática. O gesto seria louvável, não fosse um detalhe: os computadores são usados e muitos sequer têm condições de uso. Ou seja, ao invés de ter acesso à modernidade, os africanos acabam tendo que se virar com o lixo dos outros.

A União Européia tem se esforçado para reciclar essa sujeira e obrigar os produtores a utilizarem substâncias menos nocivas na produção desses aparelhos. Infelizmente, o Brasil ainda não despertou para os reflexos que esse tipo de poluição pode provocar em seus mananciais. Mais do que nunca, se faz necessária uma ação entre o governo e as empresas privadas para conscientizar a população sobre esse problema. Até hoje, se fez muito pouco. Prova disso é que pouca gente sabe que pode levar um aparelho celular antigo a uma loja para que evitar a poluição do meio ambiente. Na maioria das vezes, o telefone vai para a lata de lixo mesmo, junto com baterias e pilhas descartáveis.

Deveria haver uma legislação mais dura contra essas empresas. A maioria importa tecnologia em busca de lucros exorbitantes, mas se exime de responsabilidade a partir do momento em que o produto sai de suas mãos. Acredito que eles poderiam gastar um percentual anual de seus lucros bilionários com campanhas de conscientização. Hoje em dia, essas companhias se preocupam apenas em vender seus produtos através de atendentes bem treinadas, e-mails convidativos e torpedos com todos os tipos de promoção. Não conheço ninguém que tenha recebido uma mensagem sequer indicando onde o lixo eletrônico desse Natal pode ser depositado. Além de ser politicamente e ecologicamente correto, esse tipo de atitude pode salvar o planeta. Pense nisso.

. Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e membro da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: [email protected]

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira