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23/07/2013 - 09:27

A raiva está nas ruas

A onda de protestos que está ocorrendo em São Paulo, outros Estados brasileiros e também ao redor do mundo, recentemente, mostrou que o enfrentamento entre polícia e manifestantes traz, entre outros elementos, a raiva, como característica importante.

Situações estressantes são as que mais desencadeiam a raiva. Quem já tem propensão a sentir e agir sob o domínio desse sentimento, ao se estressar corre um risco ainda maior de vir a ser dominado por ele. Isso ocorre porque o stress hipersensibiliza as pessoas, que quando estressadas tendem a reagir de modo infinitamente mais emotivo do que quando estão mais tranqüilas.

Segundo estudo realizado pelo Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS), do qual fui fundadora há 28 anos, 34,26% dos brasileiros classificou seu nível de tensão como extremo. A pesquisa revelou também que 4% dos entrevistados consideram o grau de stress que vivenciam atualmente como limite, 10 em uma escala de 0 a 10. Uma estatística alarmante.

Para os entrevistados as maiores fontes de stress são as relações interpessoais para 18,56% dos entrevistados. Desse total, 7,85% se queixam de problemas com a família, 7,01% de problemas afetivos e 2,12% dificuldades com colegas de trabalho.

Os problemas financeiros também estão no topo da lista dos estressores com 17,32%, juntamente com a sobrecarga de trabalho para 16,58%, o trabalho em si para 13,52%, a maneira de pensar, 8,14%, o trânsito 5,33% e até mesmo a pressa é avaliada como estressor para 3,95% dos entrevistados. Os brasileiros também acreditam que o stress é maior agora do que em 2012. 37,79% dos entrevistados avaliaram 2013 dessa perspectiva.

No que diz respeito aos protestos realizados pelo Brasil afora contra o aumento das tarifas, corrupção, gastos públicos na Copa das Confederações, problemas na saúde e educação, o stress e a raiva levaram a mortes, danos ao patrimônio públicos e geraram uma situação caótica em que muitas pessoas saíram às ruas movidas, basicamente, pela raiva.

As manifestações fazem parte da história da humanidade. Em 1792, os que juntavam na frente dos Tuileries, durante a Revolução Francesa, eram considerados pelos compatriotas como “baderneiros ignorantes”. Em 1773, os revoltosos da América, chamados depois de “filhos da liberdade”, subiram nos navios e jogavam chá no mar, com o pretexto de não pagar mais impostos abusivos, com isso conseguiram se libertar da colônia inglesa e decretar a independência dos Estados Unidos. Comportamentos que naquela época era confundido com baderna, mas que nos garantiram conquistas e direitos.

Situações de insatisfações em massa, no entanto, criam uma bomba relógio muito difícil de ser desarmada, nelas os indivíduos acabam tomando atitudes que não teriam se estivessem sozinhos ou em pequenos grupos. O anonimato garantido pela multidão é amedrontador na hora da raiva. Uma pessoa pacata pode agir como um psicopata no meio de um grupo enfurecido, colocando em risco toda a proposta do grupo.

Nos casos de um quadro de stress excessivo, a utilização de técnicas para minimizá-lo é essencial. Dessa maneira, o stress deixa o papel de vilão para ocupar o espaço de um aliado, que nos desperta para a ação. As pessoas podem aprender a gerenciar o stress e raiva, de modo a expressá-la para conseguirem o que desejam, como repararem injustiças e lutarem pelos seus direitos.

.Por: Dr. Marilda Lipp, fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress, P.h.D. em Psicologia Clínica pela George Washington University e autora de 22 livros e mais de 50 artigos científicos sobre stress e qualidade de vida.

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