Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

15/11/2007 - 11:39

Expansão no uso de computadores vai exigir mais “25 Itaipus” no mundo

Popularização da informática exige equipamentos de menor consumo energético, na opinião de John “Maddog” Hall.

A perspectiva de aquisição de um bilhão de novos computadores no mundo, nos próximos cinco anos, entre notebooks e desktops, vai sobrecarregar a infra-estrutura de fornecimento de energia e exigirá um acréscimo de 25 usinas do porte de Itaipu ao sistema elétrico mundial. A previsão alarmante é de um dos maiores gurus da informática, o norte-americano John “Maddog” Hall, que participou em Foz do Iguaçu da 4ª Conferência Latino-americana de Software Livre (Latinoware 2007), realizada no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) nesta terça e quarta-feiras (dias 13 e 14).

Em função disso, ele alerta para a necessidade de desenvolver novos equipamentos de baixo consumo energético e menos agressivos ao meio ambiente. “A maioria das pessoas não precisa de computadores poderosos em suas residências, ou mesmo no trabalho. Um PC que permita editar textos, trocar e-mail, navegar na Internet, ver vídeos no Youtube e outras aplicações mais comuns, pode consumir muito menos energia do que os hardware empregados atualmente”, afirma.

Um equipamento desktop comum consome cerca de 350 watts, enquanto os notebooks consomem 80 watts, em média. Pensando nisso, a empresa para a qual Hall trabalha, a Koolu, desenvolveu um protótipo de baixo consumo, de apenas 15 watts, fabricado pela AMD. Outra vantagem está no design, já que o computador é do tamanho dos atuais drives de CD e DVD.

Esse PC, com 80 gigabytes de armazenamento, processador de 1 gibabyte, quatro entradas USB e entrada para monitor, deverá chegar ao mercado custando menos de 300 dólares. Ligado a um monitor LCD, ele representa uma grande economia de espaço no escritório. E, é claro, virá equipado com software livre. “Como consome pouca eletricidade, esse computador pode ficar ligado o tempo todo e servir como telefone, despertador, televisão e you name it”, diz Maddog, que vê na novidade a possibilidade de ampliar programas de inclusão digital, inclusive no Brasil.

Outra novidade abordada por John Hall na Latinoware é o projeto Open Moko, que utiliza software livre na telefonia celular. O equipamento, também desenvolvido pela Koolu e fabricado pela chinesa FIC, a segunda maior fabricante de placas-mãe do mundo, promete tornar os usuários independentes das companhias de telefone. Para discar para outros usuários de celular, o telefone utiliza tecnologia VOIP (voz sobre protocolo de Internet, em inglês), através do sistema Wi-fi. Para ligar para um telefone fixo, é possível escolher o prestador de serviço GSM. “É um projeto que estimula a competição entre as empresas. Mas, se as companhias de telefonia vão gostar disso, você tem que perguntar para elas”, diverte-se.

Além de Wi-fi e quatro bandas diferentes de GSM, o aparelho vem com tecnologia Blue Tooth, GPS, infravermelho, entrada USB e tem 4 gibabytes de armazenamento. Por enquanto, o protótipo, também na faixa de 300 dólares, é considerado caro por Maddog. “Mas eu lembro quando calculadoras custavam 400 dólares, há cerca de 20 anos, e hoje elas são dadas como brinde. Então, é uma questão de tempo até o equipamento baratear”.

Em sua participação na Latinoware 2007, Hall também fez a defesa do software livre como gerador de empregos e de oportunidades de negócios, e como fomentador de tecnologias avançadas para países em desenvolvimento, como o Brasil.

Governo Federal distribui 90 mil computadores com software livre.: Equipamentos vão estar presentes em escolas públicas de todo o país - O governo federal iniciou a distribuição de 90 mil computadores com software livre para escolas públicas de todo o país, de acordo com o gerente de Inovações Tecnológicas do Ministério do Planejamento, Corinto Meffe. Ele é um dos participantes da 4ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware 2007), que terminou nesta quarta-feira (dia 14), no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu.

Segundo Meffe, os computadores foram comprados com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC). “Esse total soma-se aos 50 mil já existentes, acelerando o processo de informatização na educação”, disse.

Ao citar ações do governo federal no sentido de promover o uso de software livre (programa de computador com código de programação aberto, livre para cópias e para aprimoramentos), Meffe afirmou que o cenário para a consolidação dessa política nunca foi tão favorável.

Um exemplo, segundo ele, são os resultados obtidos com o Programa Brasileiro de Inclusão Digital, que tem o objetivo de ampliar o acesso dos brasileiros de baixa renda a computadores e à Internet. Um dos eixos do programa é o uso de software livre.

Com a adoção do programa Computador Para Todos, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve redução da pirataria no país, de acordo com Meffe. Segundo ele, atualmente 70% das compras de computadores são feitas no mercado formal, o que significa que a população está deixando de recorrer ao “mercado cinza, que não paga impostos nem contrata mão-de-obra com garantias trabalhistas”.

“O governo colocou a mão no bolso e isentou do PIS/Confins a indústria e o varejo, que podem vender máquinas de até R$ 1,2 mil a preços subsidiados e isso foi determinante para essa mudança de mentalidade.”

Meffe afirmou ainda que o governo vê o uso de software livre como uma “questão quase obrigatória”, pelas vantagens que traz para o setor público, pela transparência e até mesmo como política de continuidade de programas governamentais. “ Funciona como proteção para o cidadão, mas o bom é hoje chegar nas empresas, academias, terceiro setor, na casa do cidadão comum, e perceber que todo o país está despertando para a importância desse sistema.”

Entre as ações do governo federal no sentido de promover o uso de software livre, o gerente destacou um projeto da Caixa Econômica Federal (CEF) que pretende migrar todas as máquinas das casas lotéricas para programas de código aberto. Os terminais de auto-atendimento do Banco do Brasil, segundo ele, também devem seguir o mesmo caminho.

De acordo com Meffe, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) já economiza R$ 19 milhões com a adoção do software livre e a Previdência Social, R$ 27 milhões. A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) possui uma estrutura de aproximadamente 500 servidores (computadores que cuidam da logística da empresa) que usam software livre. “São iniciativas que estão ganhando um caráter de coletividade. O que se percebe neste momento é uma união de esforços e interesses comuns tanto de autoridades como da população”, observou.

Dataprev lança software na Latinoware 2007.: Cocar permite o monitoramento do fluxo de informações em redes de computadores - A partir de hoje, está disponível no site www.softwarepublico.gov.br, do governo federal, o download do programa Cocar, desenvolvido pela Previdência Social. Trata-se de um software de administração de redes de computadores, que permite monitorar o tráfego. “É um programa que desenvolvemos a partir da necessidade de saber o que acontece nos circuitos de rede. Se uma agência está sobrecarregada ou superdimensionada, podemos redistribuir equipamentos para otimizar os serviços de informática”, afirma Márcio Ishikawa, analista de sistemas da Dataprev, empresa de dados da Previdência Social.

O lançamento do programa foi feito nesta quarta-feira pela manhã, na 4ª Conferência Latino-americana de Software Livre (Latinoware 2007), que se encerra ainda hoje, quarta, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu. Além de identificar o volume de tráfego nas redes de computadores, o Cocar identifica problemas, como o rompimento de um cabo de fibra ótica, ou mau funcionamento em roteadores e sistemas interligados.

O Cocar já está sendo empregado para monitorar os computadores instalados nas 1.300 agências da Previdência Social em todo o país. Segundo Ishikawa, o programa deverá interessar também a outras empresas do governo federal que têm muitos pontos de atendimento, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. “O sistema é bastante flexível e pode ser configurado para acompanhar o tráfego das agências de um estado, de uma cidade ou mesmo de uma única agência. Por essa flexibilidade, ele pode vir a interessar também ao setor privado”, explica o analista.

Esse é o segundo software com código aberto que a Dataprev disponibiliza na Internet. O primeiro foi o Cacique, um sistema de inventário cujo desenvolvimento, atualmente, está nas mãos de programadores da comunidade de software livre. “Esperamos que com o Cocar ocorra a mesma coisa, o que seria fantástico”, completa Ishikawa.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira