Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

06/08/2013 - 09:03

Aterros sanitários: a geomecânica do resíduo sólido urbano

O crescente número de aterros sanitários sendo construídos em todo o país e a grande demanda por esse tipo de empreendimento faz com que sejam necessários estudos comportamento estrutural desses aterros ao longo do tempo. Este comportamento está intimamente relacionado aos parâmetros geomecânicos do principal material que compõe o aterro sanitário, o RSU ou Resíduo Sólido Urbano.

Os parâmetros geomecânicos são aqueles relacionados, principalmente, à compressibilidade, à permeabilidade e à resistência ao cisalhamento deste material. Estes parâmetros são essenciais para a avaliação das deformações do aterro, permitindo estimar a vida útil e, consequentemente, a segurança contra rupturas, seja por escorregamentos de taludes ou por deformações excessivas.

Os parâmetros são dependentes das condições ambientais e das características do resíduo, o que torna a avaliação bastante complexa e específica para cada região. Além disso, os parâmetros geomecânicos do RSU variam com a biodegradação da matéria orgânica, o que demanda um entendimento mais apurado dos mecanismos que governam a biodegradação e de sua influência no comportamento geomecânico do RSU.

A execução de protótipos em escala real é um procedimento bastante representativo e adequado para a avaliação dos parâmetros geomecânicos do RSU. Isso acontece devido à elevada variedade de materiais que compõem o RSU e à dificuldade de representar em laboratório todos os aspectos inerentes ao comportamento estrutural do aterro sanitário.

Dessa forma, diversos pesquisadores optam pelo monitoramento e instrumentação em aterros sanitários existentes ou pela construção de células experimentais de grandes dimensões, onde são controladas e monitoradas as condições de construção, operação e as condições ambientais.

No entanto, a execução de protótipos em escala real acaba sendo deixada de lado em razão dos elevados custos associados à sua construção, operação e manutenção, que dificultam ou até mesmo impedem o financiamento de projetos científicos por parte das agências públicas de pesquisa. Além do problema relativo ao custo de implantação, existe uma restrição em relação à necessidade de obtenção de licenças ambientais para a implementação de tais projetos por demandarem grandes quantidades de resíduos - da ordem de milhares de toneladas.

O fato de protótipos em escala real mostrarem-se como uma das melhores maneiras para a avaliação dos parâmetros geomecânicos do RSU exige que os pesquisadores busquem alternativas para a implementação deste tipo de empreendimento, conciliado os altos custos incorporados. Alguns estudos têm sido viabilizados por meio de uma parceria entre agência de fomento à pesquisa, órgãos públicos e a iniciativa privada.

Destacando que ainda são poucos os dados disponíveis acerca de parâmetros geomecânicos de RSU nas diversas regiões do Brasil e que a demanda por esses parâmetros tem sido muito alta, este tipo de parceria se torna opção favorável para a formação de um banco de dados de parâmetros geomecânicos brasileiros, e consequentemente, para a execução e manutenção de aterros sanitários com mais segurança, maior vida útil e menos onerosos.

. Por: Miriam Gonçalves Miguel, Engenheira Civil, Mestre e Doutora em Engenharia Civil pela USP/São Carlos, Livre-Docente pela Unicamp e Professora Associada da Unicamp. Será palestrante no III GRAL - Conferência Internacional de Gestão de Resíduos na América Latina. |III GRAL, de 04 a 06 de setembro de 2013, no Instituto de Engenharia, Av. Dr. Dante Pazzanese, 120, Vila Mariana, São Paulo, SP. | www.gral.eng.br.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira