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06/08/2013 - 09:13

Profissional sem reconhecimento


Quem já não ouviu a expressão: “o trabalho dignifica o homem”. A afirmativa se torna mais verdadeira, quando esse profissional é valorizado e reconhecido pelos seus empregadores. No entanto, vale lembrar que esse reconhecimento e valorização virão após muitos anos de dedicação e árduo trabalho. Esse foi o caso da servidora municipal de Cariacica/ES - Maria Beatriz Santos Silva, que está há mais de 39 anos na prefeitura e não tem uma falta sequer durante esse período.

Em ocorrendo esta valorização, costuma-se notar no funcionário uma melhora em sua autoestima e a tendência é de que venha a aumentar seu desempenho e produtividade nas jornadas diárias em suas atividades laborativas. Esse deveria ser um comportamento comum adotado pelos empregadores, direcionado aos seus empregados, mas nem sempre isso acontece.

Foram abertas no início desse mês, 1.123 vagas para o concurso de soldado combatente da PMES. Após passar por todas as provas de conhecimentos teóricos e a bateria de exames médicos (cardiológico, psicológico, oftalmológico etc.) e, por fim, ao teste de aptidão física, em sendo julgados aptos por uma Junta Médica de Saúde, eles ingressam no curso de formação. Deve ser ressaltado que no transcorrer desse período, muitos podem tombar no caminho (ficar reprovado ou desistir).

Aqueles que forem aprovados nas disciplinas da grade curricular do curso receberão a graduação de soldado e, nesse momento, verão que todo o seu esforço valeu a pena. Assim, participarão de uma festa de formatura com a presença de importantes autoridades públicas do Estado. Ocasião em que aproveitam para fazer um lobby político e, quem sabe, garantam uma nova legislatura.

Há pouco tempo, foi noticiado na mídia espírito-santense e circulou nas redes sociais, uma comemoração entre policiais militares que foram filmados de serviço, jogando peteca dentro dum batalhão da policia militar. Segundo matéria de imprensa, eles homenageavam um colega de farda que completara 30 anos de serviço e iria aposentar (para reserva remunerada).

Em relação ao fato, não iremos fazer nenhum prejulgamento, pois o procedimento investigativo foi aberto para apurar a atitude desses militares. Flávio Gava, presidente da associação dos cabos e soldados da PMES, disse na ocasião: "Ninguém parou as viaturas para jogar, eles estavam apenas homenageando um colega que iria se aposentar e que seu apelido era peteca”.

Outra comemoração com o mesmo propósito ocorreu no Clube da ASSES, na Serra/ES, por meio duma partida de futebol, ao qual também participei. A equipe de policiais militares que trabalhavam com o Tenente na Casa Militar (prestam serviço de segurança do Governador) fez uma homenagem por seus 30 anos de serviço, com direito a presentes e um belo churrasco após a partida.

O que nos chamou a atenção nestes dois eventos, diz respeito a falta de valorização e reconhecimento desses profissionais da área da segurança pública, haja vista que se não fosse a atitude de seus colegas de serviço (seja ela correta ou não?), esse momento impar de sua vida profissional, passaria totalmente despercebido.

Nesse segundo evento, no momento da oração ao centro do campo (geralmente a oração do Pai Nosso), antes mesmo da partida começar, a fala do coronel que faz parte de nosso ciclo de amizade há quase trinta anos, ficou registrada: “quando se entra para a PMES é feita uma grande festa pelos governantes, mas quando se vai para a reserva, ninguém se lembra que você deu o seu suor e o seu sangue pela segurança da população”.

Para ás pessoas que não tem conhecimento – nós, policiais militares, não recebemos “risco de vida” (mesmo convivendo próximo da morte), “nem insalubridade” (embora o local de trabalho seja totalmente insalubre) e nem tampouco temos o direito ao fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS), entre outros direitos garantidos aos trabalhadores comuns. Portanto, no dia de ontem (04/08/2013), completei meus 30 anos de serviço na PMES. Faremos uma festa de comemoração no dia 09/08/2013 e, mais uma vez, por iniciativa e custeio dos próprios policiais militares, tendo em vista que não se observa por parte dos governantes nenhuma mobilização neste sentido.

Sendo assim, finalizo esse artigo, parafraseando o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a minha carreira militar e Deus guardou a minha vida” (2 Timóteo 4.7).

. Por: Eduardo Veronese da Silva, professor de Educação Física, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Militar | [email protected]

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