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15/08/2013 - 08:32

O Brasil ainda é vítima da raiva urbana

Mais de 400 casos de vítimas da raiva em animais e em seres humanos foram registrados em 2012, segundo dados parciais dos MAPAS DA RAIVA NO BRASIL, 2012 publicados em julho daquele ano pelo Ministério da Saúde do Governo Federal. (*)

Por que agosto é conhecido como o “Mês do Cachorro Louco”? Existem diversas versões, mas a mais coerente é que em agosto a incidência de cadelas no cio é maior, período em que os cães ficam enlouquecidos na disputa da fêmea. A luta dos machos propicia ou amento e disseminação da raiva, doença transmitida através da saliva do animal. Embora conhecida desde os anos 2300 AC, a Raiva continua sendo um problema de saúde pública dos países em desenvolvimento. É uma zoonose fatal, tanto para o Homem como para os animais, principalmente os bovinos, cujo número de vítimas em 2012 no Brasil chegou a 301 cabeças. O morcego hematófago (que se alimenta exclusivamente de sangue de vertebrados) é o principal responsável pela disseminação do vírus da raiva (lyssavirus), que constitui um dos grupos mais importantes de zoonoses virais no mundo.

O cão é o principal reservatório e transmissor da raiva urbana pelo contato com outros animais raivosos. Gatos, macacos, raposas etc. também constituem um grupo de transmissão ao Homem. A doença é transmitida do animal para o ser humano, principalmente por meio da saliva, após uma mordida. Entretanto, uma simples lambida do animal em algum ferimento de uma pessoa pode contaminá-la e levá-la à morte. Na zona rural, o morcego constitui o mais importante veículo do vírus rábico, responsável por enzootias em bovinos.

O tempo de incubação do vírus é variável, desde dias até um ano, com uma média de 45 dias no Homem e de 10 dias a 2 meses no cão. Está intrinsecamente ligado à localização e gravidade da mordedura, arranhadura ou lambedura de animais infectados, com a proximidade de troncos nervosos e quantidade de partículas virais inoculadas.

A doença lesa o sistema nervoso central e leva a óbito, após curto período. O primeiro sintoma nos seres humanos infectados é febre moderada (38º) acompanhada de dor de cabeça, mal estar e depressão nervosa. Aumento da febre, sensação de formigamento ou perda de sensibilidade no local vitimado e náuseas são outros indícios da contaminação. A vítima pode apresentar ataques de terror, depressão, agressividade, alucinações, agitação, confusão mental e sinais de disfunção autonômica, além de baba e delírio. O infectado torna-se hidrófobo (com dificuldades para beber água), sofre espasmos dolorosos na laringe e faringe e passa a respirar e engolir com dificuldade até um pouco antes da morte.

Já o cão apresenta alterações sutis de comportamento, como perda do apetite, passa a se esconder, parece desatento, apresenta aumentos na temperatura, dilatação das pupilas etc. Nos felinos a doença apresenta sintomas similares aos do cão, mas na maioria das vezes, de forma furiosa.

Em 1990 foram registrados 73 casos de raiva humana no Brasil (Fonte: SVS/MS-dados atualizados em 22.06.2012) Este índice alarmante fez com que o Ministério da Saúde intensificasse a campanha de vacinação o que possibilitou uma redução gradual de casos notificados, registrando dez em 2002 e em 2012 apenas 3 casos da doença nos humanos. (**)

O controle da raiva urbana segue os métodos tradicionais, ou seja, campanhas anuais de vacinação anti-rábica de cães e gatos, administradas pelas prefeituras, que ocorrem em julho ou agosto e o controle da população canina pelos centros de Controle de Zoonoses. As 14 vacinas para animais disponíveis no mercado são altamente eficazes e imunizam por um ano. 

Uma pesquisa clínica realizada na Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Wisconsin, em Madison, nos Estados Unidos pretende desenvolver uma vacina anti-rábica mais potente com imunização de sete anos. Os resultados dessa pesquisa devem sair em dois anos.

Já nos canídeos silvestres de origem carnívora (raposas, lobos, coiotes, cachorros silvestres e outros mamíferos ou de morcegos não hematófagos) o controle é inexistente, devendo merecer a atenção dos Ministérios da Saúde e da Agricultura. Não temos conhecimento de nenhuma metodologia de controle, a não ser a monitoração da população dos morcegos não hematófagos em áreas urbanas. Por pertencerem à fauna brasileira, esses animais são protegidos por lei e não podem ser mortos. No ano passado foi registrada a morte pelo vírus rábico de 56 morcegos não hematófagos, quatro hematófagos e cinco canídeos silvestres.

A prevenção da raiva humana consiste na vacinação pré-exposição e na profilaxia pós-exposição, ou seja, vacinação curativa feita por via intradérmica e intramuscular. Neste caso são necessárias 13 doses. A adequada administração da vacina preventiva resulta em 100% de soroconversão e vale por um ano.

A erradicação da doença só será possível com o avanço das pesquisas clínicas e com a conscientização da população de seus riscos potenciais. Os meios de comunicação são um forte aliado na informação e sensibilização dos donos de animais domésticos ou das pessoas que vivem ou trabalham em zonas rurais.

.Por: Dra. Greyce Lousana -Médica Veterinária, Mestre em Neurociências, Bióloga e Diretora do CIEC Invitare Saúde ANIMAL - Comitê Independente para Análise Ética e Científica dos Estudos Envolvendo Animais. |www.invitare.com.br

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