Operadores dos estádios discutem sustentabilidade em Curitiba (PR)

Na teoria, sustentabilidade tem sido um assunto de interesse das 12 sedes da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 desde os planejamentos iniciais. E na prática, vários projetos já estão saindo do papel e trazendo resultados. Mas como garantir que essas iniciativas permaneçam e ganhem força com o passar do tempo, principalmente dentro dos estádios?

Com o objetivo de responder esta pergunta, a FIFA e o Comitê Organizador Local investiram num Programa de Treinamento em Sustentabilidade para operadores dos 12 estádios que serão o centro das atenções em 2014. Muitos deles não são profissionais da área de sustentabilidade, mas por terem a responsabilidade de administrar edificações tão complexas, sentem a necessidade de expandir conhecimentos.

"Desde a época da candidatura para sediar a Copa do Mundo da FIFA, decidimos que a FIFA iria apoiar projetos locais de sustentabilidade, mas desde que não que se limitassem à construção dos estádios", explicou Federico Addiechi, chefe do departamento de responsabilidade social Corporativa da FIFA. “Para nós, é importante apoiar as operações e a gestão futura destas instalações de forma sustentável.”

"Aqui não falamos apenas em Copa do Mundo, mas na vida posterior do estádio", complementou o CEO do COL, Ricardo Trade. “Deixaremos um legado tanto no que diz respeito aos estádios novos em si, mas também em termos de administração para as gestões que ficarão.”

Como seis das doze arenas já estão prontas, representantes das sedes conversaram sobre os desafios nas várias etapas. Muitos chegaram à conclusão de que nem sempre é simples fazer a transição entre os projetos de sustentabilidade durante as obras e a nova realidade após a inauguração dos estádios. Em comum, todos concordam que sem a Copa do Mundo da FIFA, tais ações não teriam sido possíveis.

“O estado do Mato Grosso tem a fama de ser o maior desmatador do país devido principalmente às plantações de soja e milho. Nós queríamos mudar esta imagem. Então, decidimos aproveitar a oportunidade com a Copa do Mundo da FIFA", explica João Paulo Borges, assessor especial da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo da FIFA em Cuiabá. "Fomos a primeira sede a pensar de forma sustentável, tanto que o projeto da Arena Pantanal contou desde o início com estudos ambientais visando à certificação Leed.”

Incentivados pelo governo federal, outros estádios seguiram pelo mesmo caminho, já que o financiamento das obras pelo BNDES exige certificação ambiental. “Para o governo brasileiro, a questão da sustentabilidade é indissociável da preparação para a Copa do Mundo da FIFA, tanto com relação aos estádios quanto com relação ao legado que a Copa deixará no nosso país", explicou Ricardo Gomyde, diretor de futebol profissional do Ministério do Esporte. A iniciativa deu tão certo que a certificação ambiental agora também está na lista de requisitos da FIFA para as próximas Copas do Mundo, a começar em 2018, na Rússia.

Durante dois dias, representantes das 12 sedes trocaram experiências sobre o que já vem sendo feito em termos de sustentabilidade e trabalharam em ações que ainda podem ser implementadas tanto na área de meio ambiente quanto no âmbito social.

“Tentamos passar aqui os principais conceitos de sustentabilidade. Falamos tanto de meio ambiente, consciência energética e consumo de água quanto de responsabilidade social, interação com a comunidade, questões trabalhistas e relações no trabalho”, explicou Márcia Menezes dos Santos, instrutora-chefe do programa de treinamento e diretora da unidade de Projetos Especiais do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), uma consultoria especializada em sustentabilidade de edificações. “O objetivo é que ao longo das três oficinas, os operadores dos estádios das 12 sedes entendam esses processos e conceitos e os apliquem em suas rotinas de forma evolutiva.”

"Nossa cidade já é conhecida como uma cidade ecológica, estamos agora trabalhando para que ela também seja sustentável", disse o secretário da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo da FIFA em Curitiba, Reginaldo Cordeiro, representando o prefeito Gustavo Fruet. “Mesmo na parte de mobilidade urbana, temos um trabalho muito forte na área de sustentabilidade, investindo, por exemplo, em ciclovias."

O treinamento para operadores de estádios recebeu apoio do Ministério do Esporte e da prefeitura de Curitiba. Especialistas nacionais e estrangeiros ministraram palestras. As próximas oficinas estão previstas para novembro de 2013 e fevereiro de 2014, em locais ainda a serem definidos.