Mercado tecnológico atrai cada vez mais jovens empreendedores

O crescimento do setor de novas tecnologias vem contribuindo para mudanças no mercado de trabalho formal: é cada vez mais difícil encontrar jovens talentos dispostos a investir numa carreira corporativa. Uma das explicações está na facilidade das novas gerações quando o assunto envolve tecnologia. É o caso dos cariocas Rodrigo Frota, 27, e Guilherme Libman, 23, que, após concluírem cursos de nível superior e iniciarem a carreira num emprego formal, trocaram a estabilidade da carteira assinada pela oportunidade de empreender.

Atraídos pelo mercado das plataformas móveis, os sócios lançaram, em 2013, o ZipTaxi, aplicativo que permite localizar, solicitar e rastrear táxis por meio do telefone celular ou tablet conectado à Internet. A ferramenta, disponível para download gratuito nas versões Android e iPhone, é a única desenvolvida especialmente para a cidade do Rio de Janeiro e já conta com mais de 3.000 clientes cadastrados. Mas a motivação dos jovens empreendedores vai além da aptidão para o mundo hi-tech.

Formado em Publicidade e Marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Guilherme Libman atuou profissionalmente na área de comunicação de duas empresas. Mas, apesar de ter conquistado as garantias de um emprego formal, decidiu desbravar novos territórios. E para trilhar seu próprio caminho, escolheu o setor de tecnologia.

“É um mercado muito dinâmico. Gosto disso. Da noite para o dia, um novo programa ou ferramenta é lançado e acaba por transformar negócios inteiros, criando desafios, mas também oportunidades”, afirma Guilherme. Ciente das dificuldades de ter o próprio negócio, o empresário aponta o prazer de trabalhar com o que gosta e a liberdade como suas motivações. “Empreender requer muita perseverança e paciência, mas o prazer que se tem no trabalho é infinitamente maior e me sinto muito mais recompensado pelo meu esforço. O emprego formal te dá segurança, mas você acaba refém da empresa e quase nunca tem espaço para inovar e experimentar”.

O sócio, Rodrigo Frota, concorda. “Um profissional de carreira tem suas decisões diretamente ligadas aos interesses da empresa que representa”. Após se formar em Jornalismo na PUC-Rio, e concluir a pós-graduação em Produção Executiva para Cinema e Televisão pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rodrigo trabalhou em uma produtora de audiovisual e, durante cinco anos, foi produtor executivo em projetos culturais com foco na promoção da arte circense. O interesse pelo setor de tecnologia surgiu quando percebeu o crescimento e as inúmeras oportunidades do segmento.

“Acredito que o crescimento do mercado, como um todo, seja qual for o setor, passa pelas inovações tecnológicas que vivenciamos. Quando a eletricidade passou a ser utilizada pelo homem, houve uma revolução nos meios de produção, uma mudança completa de realidade. Hoje, é difícil ver potencial em qualquer negócio sem a utilização da Internet e de inovações como as tecnologias móveis”, revela.

Frota identifica no Brasil e, especialmente no Rio de Janeiro, um momento ideal para o empreendedorismo. “Morei em Milão e Paris, mas fixei moradia no Brasil exatamente pelo fato de as coisas não estarem prontas por aqui. Isso cria espaço para a inovação e para a transformação de realidades, o que nos motiva muito”, explica.

Segundo pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), maior projeto para estudo do empreendedorismo no mundo, o Brasil é o sexto país mais empreendedor dentre os 69 pesquisados. Os dados, divulgados em janeiro, revelam ainda que o país é um dos que apresenta maior equilíbrio entre gêneros nas taxas de empreendedorismo. Considerando-se a população adulta com idade entre 18 e 64 anos, 16% dos homens e 15% das mulheres desempenham atividades empresariais em estágio inicial, enquanto nos Estados Unidos os índices são de 15% e 10%, respectivamente.