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29/08/2013 - 08:47

Um ano é suficiente para uma marca se tornar franquia?

Os empreendedores de negócios promissores com menos de um ano de funcionamento que desejam expandir sua empresa por meio de franquias estão correndo contra o tempo após a aprovação do Projeto de Lei 4319/08 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), autor da proposta, defende que o prazo mínimo de 12 meses é suficiente para que uma empresa “demonstre ao público e ao mercado em geral que tem excelência comercial e administrativa suficientes para estabelecer um sistema de franquia”. Atualmente, a lei em vigor não estabelece prazos.

A proposta sugere que este período seja suficiente para que um franqueador vivencie e obtenha a experiência necessária dos fatores que geram ou não o sucesso do negócio para compartilhar com os franqueados. Mas, será mesmo que dá para fazer tudo isso em um ano? Além do know how, seria suficiente para que a marca, os diferenciais do negócio e as novas unidades se consolidem no mercado e obtenham o ponto de equilíbrio ou o retorno do investimento realizado?

Ao analisar o ranking das empresas associadas à ABF (Associação Brasileira de Franchising) é possível constatar que menos de 10% das franquias retornam o investimento em até 12 meses, ou seja, aproximadamente 90% delas não conseguem se pagar neste período. Como o projeto de lei, todas essas empresas ficariam sem a perspectiva do efetivo resultado financeiro, de quanto o negócio é realmente rentável.

Outra questão é que em 12 meses é impossível notar as características de variação sazonal. No segmento de vestuário, por exemplo, o franqueador nem teria passado por uma nova coleção de uma mesma estação para validar o atendimento das expectativas dos clientes, suas novas conquistas e fidelização. Não vivenciar essas variações, pode fazer com que sejam tomadas decisões cada vez mais difíceis e com alto risco de impacto financeiro e emocional no negócio - tanto para o franqueador como para o franqueado na realização de marketing regional.

Além disso, diversos outros fatores que são primordiais para confirmar a viabilidade de um empreendimento em relação ao mercado e que são melhores avaliados no longo prazo, nestes casos não seriam considerados, como por exemplo a efetividade do planejamento estratégico, tempo de lançamento e sucesso de um produto ou serviço, market share, nível de satisfação e retenção de cliente, etc.

A falta de vivência também pode ser vital, pois mesmo com todo o cenário planejado, o resultado das estratégias regionais pode fugir à regra sendo completamente diferente das do franqueador. O franqueado pode necessitar de mais capital de giro, o ponto de equilíbrio pode demorar mais tempo para acontecer e o lucro e rentabilidade podem não ser tão rápidos e generosos como gostaria que fosse.

Por mais coerente que seja o discurso sobre o negócio ou por mais atrativa que ele possa ser, é preciso enfatizar o quão necessário é validar estes indicadores para que seja possível a sobrevivência no competitivo mundo empresarial e principalmente para obter um bom lucro. Não avaliá-los pode também não atender por completo os objetivos do projeto de lei, principalmente, de garantir uma maior segurança de resultado e satisfação aos novos empreendedores de franquias.

Sendo assim, investir numa franquia de uma rede com tempo de vida de apenas 12 meses é um risco alto, e por mais que o projeto se torne ou não lei, não se deve deixar de analisar todas as variáveis táticas e estratégicas antes de se tomar a decisão de fazer parte de uma nova rede. Vale a pena pesquisar bem todas as variáveis.

.Por: Nadia Korosue, Administradora de Empresas, especialista em projetos, sócia do Goakira.

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